HOJE NO
"PÚBLICO"
Moscovo ameaça resposta "dolorosa"
às sanções contra dirigentes
e empresas russas
Nos EUA, as medidas que a Casa Branca tomou contra empresas e dirigentes não satisfazem republicanos. Nomes da lista de sanções da UE são divulgados esta terça-feira. Canadá também tomou decisões.
As sanções aprovadas pelos Estados Unidos contra a Rússia, devido à
situação na Ucrânia, incluem medidas que visam dirigentes próximos do
Presidente Vladimir Putin, mas o Governo de Moscovo não parece
preocupado e reagiu dizendo que a sua resposta terá um "efeito
doloroso". A União Europeia também aprovou medidas contra 15 pessoas,
que devem ser divulgadas na terça-feira.
Os cidadãos russos vêem
congelados os bens que possuam nos EUA e não lhes serão concedidos
vistos para se deslocarem ao país. No campo empresarial fica suspensa a
exportação para a Rússia de tecnologia que contribua para reforçar a
capacidade militar e os activos das companhias no país são também
congelados. Os departamentos de Estado e do Comércio revogarão as
licenças existentes sobre a matéria.
Entre os visados pelas
sanções norte-americanas estão Igor Sechin, presidente da petrolífera
estatal russa Rosneft, e Sergei Chemezov, que dirige a Rostec, empresa
estatal de produtos de alta tecnologia. São ambos considerados aliados
próximos de Putin. A lista divulgada pela Departamento do Tesouro não
menciona explicitamente a Rosneft, em que a britânica BP tem uma
participação de 19,5%, mas o anúncio provocou, segundo a Reuters, uma
queda imediata do valor das acções da empresa.
O
vice-primeiro-ministro da Federação da Rússia, Dmitri Kozak; Viatcheslav
Volodin, vice-chefe da administração presidencial; e Oleg Belavencev,
enviado de Putin à Crimeia, são outros nomes da lista de sanções
norte-americana.
A Mastercard anunciou que em breve suspenderá os serviços prestados a cartões emitidos pelos bancos russos SMP
e InvestCapitalbank, controlados pelos irmãos Boris e Arkadi Rotenberg -
visados na anterior leva de sanções norte-americanas.
Quase
em simultâneo com o anúncio dos EUA, diplomatas da União Europeia
disseram à AFP que foi alcançado um acordo sobre uma lista de 15 nomes a
juntar aos 33 russos e ucranianos que foram objecto de congelamento de
bens e interdição de vistos de entrada após a anexação da Crimeia pela
Rússia. Mais tarde, um comunicado do Conselho Europeu informou que as
sanções visam "responsáveis por acções que comprometem ou ameaçam a
integridade territorial da Ucrânia".
A lista europeia foi
pré-aprovada antes das negociações de Genebra, de 17 de Abril, mas as
sanções não foram imediatamente adoptadas para não condicionarem o
diálogo. O acordo alcançado nesse dia – para o desarmamento de grupos
ilegais e desocupação de edifícios públicos no Leste da Ucrânia - não
produziu até agora resultados.
O Canadá anunciou também esta
segunda-feira sanções a dois bancos e nove cidadãos russos. A aplicação
de sanções à Rússia foi decidida no final da semana passada pelos países
que compõem o G8 (EUA, Reino Unido, Alemanha, Japão, França, Canadá e
Itália).
A Rússia é considerada pelos países ocidentais
responsável pela instabilidade no Leste da Ucrânia, onde pró-russos
controlam mais de uma dezena de cidades e esta segunda-feira ocuparam
mais edifícios públicos. Os Estados Unidos invocam explicitamente "a
contínua intervenção ilegal da Rússia na Ucrânia".
"Falta de compreensão"
Numa
primeira reacção ao anúncio norte-americano, o vice-ministro russo dos
Negócios Estrangeiros, Sergei Riabkov, disse, segundo a agência
Interfax, que as sanções “demonstram a total falta de compreensão” pelos
“colegas” de Washington “do que está a acontecer na Ucrânia”.
Acrescentou que a resposta russa terá um "efeito doloroso" em
Washington.
Antes ainda de conhecidas as sanções americanas, Putin
afirmou que a Rússia estaria em condições de substituir por produção
própria eventuais importações de material de defesa cuja venda lhe fosse
cancelada.
Do lado norte-americano, as sanções são consideradas
muito leves pelos republicanos. Não passam de "uma palmada na mão",
afirmou Bob Corker, que lidera o partido da oposição no comité de relações exteriores do Senado. O seu colega Dan
Coats comentou que não acredita em mudanças no posicionamento russo até
que sejam atingidas entidades como a empresa Gazprom, “que o Kremlin
usa para coagir a Ucrânia e outros vizinhos”, relata a Reuters.
No
final da semana passada, o secretário do Tesouro americano, Jacob Lew,
disse que o objectivo das sanções é “atingir a economia russa provocando
os menores danos possíveis à economia americana e mundial”. O
conselheiro adjunto da segurança nacional dos EUA, Ben Rhodes, declarou
que as medidas não esgotariam as hipóteses de sanções, mantendo-se em
aberto outras possibilidades de “aumentar a pressão”, em caso de
agravamento da situação no terreno. Também a UE deve manter em aberto a
possibilidade de adopção de sanções de maior envergadura, como um
embargo comercial.
* Vale mais tarde do que nunca.
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