HOJE NO
"PÚBLICO"
PJ desmantela dois grupos ligados ao
. contrabando de ouro que lesaram
.Estado em mais de 30 milhões de euros
Mega-operação que envolveu 131 buscas permitiu congelar mais de
quatro milhões de euros em contas bancárias e aplicações financeiras.
Em apenas duas semanas, a Directoria do Norte da Polícia Judiciária
(PJ) e o Departamento Central de Investigação e Acção Penal
desmantelaram três grupos que se dedicavam ao contrabando de ouro e que
terão lesado o Estado em mais de 60 milhões de euros de impostos que
ficaram por pagar. A primeira operação ocorreu no início do mês e esta
terça-feira foram desactivadas mais duas organizações criminosas
suspeitas de uma fraude fiscal superior a 30 milhões de euros.
Nesta terça-feira foram
detidas nove pessoas, a maioria empresários, numa mega-operação que
incluiu 131 buscas realizadas em vários locais do país, envolvendo mais
de 300 investigadores da PJ e cem inspectores tributários. A operação
permitiu desmantelar duas organizações criminosas “fortemente indiciadas
pela prática continuada de crimes de associação criminosa, fraude
fiscal e branqueamento de capitais”, anunciou a PJ em comunicado.
Os
dois grupos, que controlavam redes de lojas dedicadas à compra e venda
de ouro, mantinham um esquema de exportação do material precioso para
países da União Europeia, em alguns casos totalmente à margem do fisco e
noutros declarando valores muito abaixo dos efectivamente
transaccionados. O modus operandi é o mesmo utilizado por um
outro grupo, que tinha o epicentro em Gondomar, desmantelado há duas
semanas. Nessa altura, foram detidas sete pessoas, tendo duas ficado em
prisão preventiva e três obrigadas a pagar cauções que chegaram aos 1,5
milhões de euros. Cada um dos grupos operava de forma autónoma, estando a
ser investigados em inquéritos separados.
“As investigações
decorreram ao longo de um ano e permitiram apurar a existência de dois
grupos de pessoas do sector da compra e venda de metais preciosos que,
actuando de forma concertada e permanente, vinham efectuando transacções
comerciais sem procederem à respectiva declaração à Autoridade
Tributária ou fazendo-o com falsidade, lesaram a Fazenda Nacional em
dezenas de milhões de euros, em sede de IRC e IVA”, adiantou a polícia
nesta terça-feira.
Até ao momento, os investigadores
contabilizaram nestes dois casos uma fraude fiscal superior a 30 milhões
de euros. “Só em sede de IRC e IVA relativos ao período em
investigação, estima-se num caso uma fraude superior a 22 milhões de
euros, ascendendo no outro a oito milhões”, precisa a nota. Os lucros
eram ocultados em alguns casos através da compra de património em nome
de terceiros.
Face ao valor das fraude,s não se estranha que a PJ
tenha congelado contas bancárias e outras aplicações financeiras de
valor superior a quatro milhões de euros, além de confiscar 22 imóveis e
de apreender 31 viaturas topo de gama, incluindo um Porsche e um jipe
BMW. A polícia encontrou ainda cem mil euros em dinheiro, 20 quilos de
ouro e três armas de fogo. Além dos nove detidos, com idades entre os 30
e os 60 anos, os investigadores detectaram outros dois suspeitos em
flagrante delito por posse de arma de fogo ilegal.
Os nove
suspeitos, a maioria dos quais detidos no estabelecimento prisional
anexo à PJ do Porto, vão ser transportados nesta quarta ou quinta-feira
para o Tribunal Central de Instrução Criminal, em Lisboa, para serem
ouvidos pelo juiz Carlos Alexandre, que lhes aplicará as medidas de
coacção. Isto acontece porque os inquéritos estão a ser dirigidos pelo
Departamento Central de Investigação e Acção Penal, o departamento do
Ministério Público especializado em criminalidade altamente organizada
de âmbito nacional.
* Há já bastante tempo que alertámos neste blogue, quando do boom da venda de ouro, para a forte possibilidade da existência de crime e fraude à custa das dificuldades das pessoas que se viam na necessidade de se desfazerem do ouro que possuíam.
Aliás nunca percebemos porque havendo ourivesarias com profissionais certificados e escrutinados, foi autorizada abertura de lojas para negociarem a compra de ouro ao peso, desprezando o valor da arte de cada peça, parecendo autênticos ninhos de abutres.
Parabéns à Polícia Judiciária pelo seu permanente combate ao crime.
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