HOJE NO
"JORNAL DE NEGÓCIOS"
Parlamento Europeu apoia Comissão
e pede mais mulheres na
administração de empresas
Foi com uma vitória de dois terços dos votantes
que os eurodeputados deram aval a uma proposta de legislação da Comissão
Europeia que pretende que 40% dos administradores de empresas cotadas
sejam mulheres. Portugal é o segundo país europeu com menor número de
mulheres no topo empresarial.
459 votos a favor. 148 votos contra. 81
abstenções. Foi com esta maioria de dois terços dos eurodeputados
votantes que o Parlamento Europeu mostrou que quer mais mulheres nos
conselhos de administrações de empresas.
Com a votação desta quarta-feira, 20 de Novembro, o Parlamento
Europeu apoia a legislação que foi proposta pela Comissão Europeia e que
pretende que as empresas estabeleçam processos de selecção que
previlegiem as qualificações dos candidatos, sejam homens ou mulheres.
Isto para que, em 2020, as empresas cotadas em bolsa tenham 40% de
mulheres entre os administradores não executivos.
“A Europa necessita de regras sólidas para combater os desequilíbrios
entre homens e mulheres nos conselhos de administração das empresas. O
Parlamento introduziu as fissuras na barreira invisível que continua a
impedir as mulheres com talento de chegar a posições de
responsabilidade”, indica a vice-presidente da Comissão Europeia Viviane
Reding, também ela comissária da Justiça, numa nota divulgada no site do órgão presidido por Durão Barroso.
Num texto de opinião publicado hoje, 20 de Novembro, no Negócios, a própria comissária, juntamente com Regina Bastos, membro do Parlamento Europeu, escreve que esta barreira invisível “começa a rachar”.
Esta votação no Parlamento Europeu tem de ser acompanhada, agora, por
uma decisão no mesmo sentido do Conselho de Ministros, o outro órgão
legislador. Quer isto dizer que é preciso que os ministros europeus,
reunidos a nível de Conselho, aprovem a proposta. Só assim é que ela é
convertida em legislação e passa a fazer parte do direito comunitário.
Segundo a nota, os ministros deverão debater o projecto de legislação na
reunião de 9 e 10 de Dezembro.
As propostas da legislação
Esta directiva proposta pela Comissão Europeia, hoje alvo de aprovação pelo Parlamento Europeu, que teve origem a 14 de Novembro de 2012,
pretende estabelecer um mínimo de 40% de um determinado sexo entre os
administradores não executivos de empresas cotadas. A finalidade é que
tal proporção seja alcançada até 2020 no caso das empresas cotadas em
bolsa (2018, no caso de empresas públicas), com excepção para as
pequenas e médias empresas, que não ficam abrangidas pela directiva.
É definida uma “quota flexível”, já que, segundo é dito na
legislação, “os candidatos não poderão obter um emprego no conselho de
administração pelo simples facto de serem mulheres”. “Mas, em
contrapartida, nenhuma mulher poderá ser afastada em razão do género”.
Não há uma quota quantitativa fixa. O que se quer é um processo de
selecção que dê prioridade às qualificações, sejam apresentadas por
homens ou mulheres.
Tendo de apresentar relatórios com os progressos feitos nestas áreas,
as empresas serão obrigadas a implementar processos em que não haja
discriminação de sexo. Uma obrigação “complementar” é a implementação de
objectivos individuais e auto-regulação em busca desta representação
igualitária. Os Estados-membros são “convidados” a apoiar as pequenas e
médias empresas para incentivar este equilíbrio de género, já que estas
não estão sob este projecto.
Com a adopção da proposta de legislação, as empresas poderão ser alvo
de sanções. Entre elas, a exclusão de participação em contratos
públicos e a exclusão parcial de concessão de financiamento dos fundos
estruturais europeus.
Portugal: 7,1% ; União Europeia: 16,6%
A média dos 27 países da União Europeia (excluindo a recém-chegada
Croácia) é de 16,6% de mulheres presentes nos conselhos de
administração. Portugal ocupa, nesta lista, um lugar de destaque. Mas
pela negativa. A média nacional é de 7,1%, a segunda mais baixa da
União, apenas acima da média de 2,8%, atingida por Malta. No lado
oposto, encontra-se a Finlândia, com uma média de 29,1%. Nenhum dos
países supera a fasquia dos 40% desejados pela Comissão Europeia.
Já houve países que já introduziram instrumentos jurídicos para
promover a igualdade de géneros nos conselhos de administração das
empresas. Portugal foi um deles. O Governo decidiu, no ano passado, uma adopção obrigatória, por parte das empresas do sector empresarial do Estado, de planos para a igualdade.
Além de Portugal, só outros 10 países já terão tido iniciativas deste
género (Bélgica, França, Itália, Países Baixos, Espanha, Portugal,
Dinamarca, Finlândia, Grécia, Áustria e Eslovénia).
* Uma decisão mais que justa!
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