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HOJE NO
"JORNAL DE NEGÓCIOS"
CNPD:
Pedir recibo de salário a
trabalhador-estudante
atenta contra vida privada
A Comissão Nacional de Protecção de Dados (CNPD) considerou hoje desproporcionada e atentatória ao direito à vida privada a exigência aos trabalhadores-estudantes da apresentação do recibo de vencimento e de uma declaração de inexistência de dívidas à Segurança Social.
O Instituto Superior de Ciências Sociais e
Políticas (ISCSP) da Universidade de Lisboa exige aos alunos que
queiram beneficiar do estatuto de trabalhador-estudante o recibo do
último vencimento e a declaração de inexistência de dívidas à Segurança
Social.
Em declarações escritas à agência Lusa, no início do mês, o director
do ISCSP, Manuel Meirinho, justificou o procedimento com situações de
fraude, ou possíveis situações, detectadas no passado, sem mencionar que
fraudes foram encontradas.
Confrontada pela Lusa com o caso, a CNPD sustentou hoje que a
"imposição de apresentação de recibos de vencimento, ou recibos verdes,
sem mais, constitui uma exigência desproporcionada, por implicar uma
compressão desnecessária do direito à vida privada do estudante".
Ainda segundo a CNPD, "as normas dos regulamentos das instituições de
ensino superior que exijam a apresentação de declaração de inexistência
de dívidas violam o principio da proporcionalidade, por tal declaração
nem sequer se mostrar adequada à finalidade pretendida".
A Comissão Nacional de Protecção de Dados adianta, numa resposta
escrita, que não lhe foi pedido qualquer parecer, como manda a lei,
lembrando que o tratamento de dados pessoais não regulados em diploma
legislativo, como o associado à concessão do estatuto de
trabalhador-estudante, carece da sua autorização.
A CNPD recorda que o tratamento de dados da vida privada só pode ser
consentido se, por "motivos de interesse público importante", for
"indispensável ao exercício das atribuições legais ou estatutárias do
seu responsável", ou quando o titular dos dados tiver dado autorização
para tal.
Questionada sobre as diligências que irá tomar face às
irregularidades que visam o ISCSP, a Comissão Nacional de Protecção de
Dados respondeu apenas que irá "apurar exactamente que documentos estão a
ser pedidos", acrescentado que não recebeu qualquer queixa.
A Lusa procurou confrontar hoje, sem sucesso, o Instituto Superior de
Ciências Sociais e Políticas com as considerações da Comissão Nacional
de Protecção de Dados.
* Senhores feudais, os barões do ISCSP!
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