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Até ao lavar
IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS DA MADEIRA"
15/09/13
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Até ao lavar
dos cestos...
É preciso saber despir a arrogância e prepotência de um “poder” que devia ser serviço
“Se amanhã o país se encontrar na hora da agonia, e
se se perguntar aos que pensam, aos que governam, aos que andam com o
cérebro aceso alumiando a marcha-se se perguntar: que havemos de fazer?,
é possível que eles respondam, e com justiça: sucumbir.”
Eça de Queirós in “Distrito de Évora”
Até ao lavar dos cestos, é a vindima!
Porém não me refiro à tarefa de recolha de cachos úberes, aptos à transformação e à “requalificação” de néctares.
Não são os laivos outonais e a têmpera meteorológica o que me ocupa.
Ocupa-me e preocupa-me a “vindima” feita por mãos incompetentes ou por
imbecilidades políticas que vindimaram já a economia do país, as
esperanças geracionais, a classe média, o sonho do futuro e hastearam em
dois anos as bandeiras do retrocesso e da Pobreza.
Em vez da fruta de Baco, em Setembro corrente, vindima-se o cinismo, o
parasitismo, a hipocrisia mentirosa e oportunista. Uma “parreira” que em
quatro anos nada produziu, atacada de filoxeras várias, e quer em três
semanas prometer o céu e a terra enjeitando a inabilidade às costas da
crise!
Pelo modo como um país, ou uma autarquia, evolui, enriquece ou empobrece
a sua história ou o seu povo, podemos medir a capacidade intelectual de
quem nos governa.
Ocorrem, nesta altura, reuniões políticas que mais parecem congressos de
feitiçarias tal o discurso agressivo, ardiloso e rasteiro, deitando mão
a meios ínvios e enganadores.
Os que ao longo de décadas têm ocupado o poder autárquico regional
atribuem sempre a culpa ao antecessor para justificar o insucesso. Mas,
afinal, não tem sido sempre a mesma orientação político partidária,
viciada em servilismo intelectual, que abdica do gesto de mudança e do
exercício livre, responsável, que o voto popular lhe conferiu?
É preciso saber despir, figurativamente é claro, a arrogância e
prepotência de um “poder” que devia ser serviço, adoptar a força do
empenho da mudança, do desenvolvimento, da recuperação da tradição
apesar de toda a fatalidade económica presente. É preciso mudar a
mentalidade dos que “mandam” e deixar que os munícipes participem de um
projecto que os enriqueça e à terra onde vivem.
A força actuante da “mudança” é possível. “Deus quer, o Homem sonha, a
obra nasce” (Fernando Pessoa). Aprendamos o lema e façamos a mudança!
IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS DA MADEIRA"
15/09/13
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