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Pimco diz que Portugal
é mais incerto do que a Grécia
A maior gestora mundial de fundos de obrigações arrasa Portugal no seu mais recente comentário enviado aos clientes e a outros agentes do mercado. Diz mesmo que Portugal está pior do que a Grécia em termos de previsibilidade como país em ajustamento. A Pimco defende um segundo programa de empréstimos, com mais austeridade.
Myles Bradshaw faz uma avaliação muito dura
dos desenvolvimentos políticos e financeiros mais recentes no país. O
vice-presidente da Pimco, que em tempos terá sido uma boa compradora de
Obrigações do Tesouro (OT) portuguesas, diz que "a probabilidade de
Portugal requerer em junho um segundo programa do Mecanismo Europeu de
Estabilidade (MEE ou ESM) aumentou e mantém-se a incerteza sobre se ou
como os credores privados virão a ser envolvidos".
Para o alto
responsável do gigante financeiro, que segue a par e passo a evolução da
crise das dívidas soberanas da zona euro a partir de Londres, "não
pensamos que as valorizações sejam suficientes para compensar o risco de
crédito nas obrigações portuguesas". "Existe menos incerteza sobre o
que pode acontecer a seguir na Irlanda e Grécia", atira.
O gestor
faz então uma lista dos culpados pelo agravamento recente das condições
financeiras do país. "Os spreads [diferença das taxas de juro] das
obrigações a dez anos de Portugal face às Bund [alemãs] aumentaram 44
pontos base em setembro até agora [dia 19] com o novo governo a defender
uma meta do défice orçamental mais alta em 2014". Foi o líder do CDS,
Paulo Portas, que teve essa iniciativa, no passado 11 de setembro, ao
recuperar uma ideia que, segundo o próprio está latente desde "abril",
de pedir uma flexibilização do défice à missão dos credores oficiais.
Na
Pimco caiu mal. "Não é óbvio, mas os comentários desta semana sugerem
que a troika irá pedir a Portugal que se mantenha fiel às metas atuais e
a mais austeridade no próximo ano".
O segundo culpado pelo
agravamento da crise é o Tribunal Constitucional, diz a gestora de
fundos. A intenção de relaxar o défice em 2014, "juntamente com os
recentes veredictos do Tribunal Constitucional que derrubaram medidas de
austeridade já aprovadas, irá aumentar a pressão sobre o já frágil
Governo de coligação português".
"Em qualquer dos casos, a
probabilidade de Portugal requerer em junho um segundo programa do
Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE ou ESM) aumentou e mantém-se a
incerteza sobre se ou como os credores privados virão a ser envolvidos",
acena a companhia aos seus clientes.
O ceticismo crescente da
Pimco, uma gestora que tem sob gestão direta qualquer coisa como 1,5
biliões (milhões de milhões) de euros em títulos, terá um dos
responsáveis para derrubar o valor da dívida pública nos últimos meses.
Em
julho, ainda antes do chumbo do TC, o mesmo Myles Bradshaw já avisara
que “estamos céticos” em relação à capacidade de Portugal “reganhar
acesso regular aos mercados e sair do programa da troika em junho de
2014”.
Razão? “O rating de nível não-investimento [lixo]
significa que Portugal não está em nenhum dos principais índices de
obrigações pelo que irá depender de investidores de curto prazo, como os
hedge funds”, disse na altura.
A relação das autoridades
portuguesas (ICGP, Tesouro) com a Pimco já foi mais próxima e amistosa.
Chegaram a ter reuniões antes da primeira emissão de obrigações de longo
prazo conduzida em março deste ano onde, por certo, terá ficado
acordado que a gestora americana compraria alguns lotes de obrigações.
Depois
disso, a Pimco afastou-se, tendo admitido que se começou a desfazer dos
títulos portugueses, uma decisão que terá contribuído bastante para a
tendência de forte subida das taxas de juro, algo que tem vindo a
consolidar-se desde finais de maio, aliás.
Hoje ao final da tarde,
as OT a dez anos nacionais negociavam com taxas de juro de 7,2%, um
nível proibitivo para um país que pretendia "regressar aos mercados" na
próxima segunda-feira, como assinalou tantas vezes o ex-ministro das
Finanças, Vítor Gaspar.
* Temos vergonha dos governantes que nos desgovernam, urge o surgimento de novas forças políticas, as que existem estão gastas.
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