HOJE NO
"PÚBLICO"
Associação que apoia alunos
carenciados despejada de escola desactivada em Tavira
O director de uma associação comunitária de Tavira lamentou esta
sexta-feira que o presidente da Junta de Freguesia de Santa Luzia tenha
chamado a GNR para despejar uma antiga escola primária onde 40 crianças
tinham estudo apoiado.
João Manhita Pereira disse à
agência Lusa que a “Associação Âncora tem uma sala de estudo com 40
miúdos há cerca de dois anos a decorrer numa antiga escola primária, que
foi desactivada”, mas na quinta-feira o presidente da Junta, Carlos
Rodrigues, chamou a GNR para despejar a equipa que preparava a sala para
as crianças.
O dirigente associativo afirmou que, no ano lectivo
passado, a associação começou a utilizar uma segunda sala numa antiga
Escola Básica de Santa Luzia e, em Junho, pediu se “podia ficar com essa
sala para continuar a alargar o número de miúdos, na maioria
provenientes de famílias carenciadas, dado o aumento da procura”.
“Em
Junho, quer o presidente da Junta de Freguesia quer o presidente da
Câmara [Jorge Botelho] disseram pessoalmente que concordavam e que
podíamos avançar com o projecto e abrir inscrições, comprámos
equipamento e tudo isso, mas como eles estão de relações cortadas
acabaram por nunca oficializar a situação”, criticou.
João
Pereira referiu que “o tempo foi passando, as aulas iniciaram-se”, e a
associação começou a preparar as salas enquanto esperava uma resposta
oficial que confirmasse o acordo verbal dos dois presidentes.
“Ontem
[quinta-feira] à tarde, enquanto estávamos a montar a sala para os
miúdos, como fazemos todos os anos, o presidente da Junta, que na semana
passada até tinha mandado pintar as salas e no dia anterior nos tinha
falado por telefone que não havia problema e só faltava o aval do
presidente da Câmara, aparece lá com a GNR a mandar identificar a nossa
equipa, a dizer que não conhecia as pessoas, não sabia o que se passava
ali e que estávamos a fazer uma ocupação ilegal”, lamentou.
O
dirigente contou que, hoje, o presidente da Câmara entrou em contacto
com a Associação a dizer que tinha enviado um “e-mail a pedir parecer ao
presidente da Junta de Freguesia”, mas sublinhou que durante o
fim-de-semana vai ter que sair da escola e encerrar a actividade até ser
encontrada outra solução.
“A associação é pequena, não temos
condições para alugar um espaço e vemo-nos obrigados a terminar um
projecto que vinha a crescer e tem vindo a dar apoio a muitas famílias”,
afirmou, sublinhando que agora os pais das crianças “não têm condições
económicas para as colocar noutra sala de estudo aos preços de mercado”.
O
dirigente lamentou ainda que “uma desavença” e a “relação tensa” entre
os presidentes da Câmara e da Junta – “há quatro anos concorreram ambos
pelo PS, mas um deles [Carlos Rodrigues] vai integrar as listas do PSD
nas próximas eleições” autárquicas de 29 de Setembro – estejam a
prejudicar as crianças.
A Lusa tentou obter reacções dos
presidentes da Câmara de Tavira e da Junta de Freguesia de Santa Luzia,
mas até ao final do dia ainda não conseguiu estabelecer o contacto.
* Uma lamentável notícia de caciquismo autárquico, o que importam as necessidades das crianças?
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