HOJE NO
" DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
Juiz apela às marcas para
não destruir roupa contrafeita
Um juiz do Tribunal de Braga apelou hoje à "sensibilidade" das marcas de
roupa e de calçado para permitirem que o material contrafeito
apreendido seja distribuído "por quem precisa", em vez de ser destruído,
como normalmente acontece.
"Mete
dó, sobretudo na época de crise que atravessamos, ver tanta roupa e
tanto calçado serem destruídos, quando há tanta gente que deles
precisa", afirmou Emídio Rocha Peixoto.
Hoje mesmo, o Tribunal de
Braga entregou a uma instituição de acolhimento de rapazes do concelho
três pares de sapatos, três pares de calças e dois polos que tinham sido
apreendidos em 2008, numa operação da Autoridade de Segurança Alimentar
e económica (ASAE).
Todo aquele material, contrafeito, era da
mesma marca, a única que autorizou o tribunal a entregar roupa e calçado
a uma instituição, depois de previamente retirados os falsos símbolos
identificativos.
Mas naquela operação, realizada em Ferreiros,
Braga, a ASAE apreendeu mais de 70 pares de calças, 10 casacos, 21 pares
de calçado, 28 t-shirts e cinco calções, material de diversas marcas e
avaliado em quase 5000 euros.
"À exceção do material hoje
entregue, todo o outro vai ser destruído, porque as marcas em questão
não deixaram que fosse entregue a quem precisa", referiu Emídio Peixoto.
O
material está armazenado num compartimento do tribunal e deverá ser
destruído, em breve, à tesourada, num trabalho que será desenvolvido
pelo próprio juiz e por outros funcionários judiciais.
"Confesso que mete dó", reiterou.
Mesmo assim, o material destruído será reciclado, numa fábrica de tapetes de Vila Nova de Famalicão.
"Não
se perde tudo, é verdade, mas penso que a roupa e o calçado seriam
muito mais úteis se fossem entregues a quem precisa", disse ainda.
Emídio
Peixoto apenas se recorda de uma outra vez, há mais de cinco anos, em
que o Tribunal de Braga foi autorizado a oferecer material apreendido a
uma instituição.
"Lanço um apelo, forte, à sensibilidade dos
responsáveis das marcas para se evitar a destruição de roupa e calçado.
Quando se fala em relógios, óculos ou malas, a questão é completamente
diferente, porque não estamos a falar de bens essenciais. Agora, quando
estão em causa umas calças ou uns sapatos, tudo muda de figura",
rematou.
* Quem não compreende a sensibilidade deste juíz, mas as marcas têm também o seu património a defender, é possível que haja solução, desejamo-lo.
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