“Silly season”
No próximo dia 29 de Setembro, caberá aos eleitores fazer o balanço da sua circunstância
Aproxima-se a “silly season”, expressão que caracteriza o estilo ligeiro
das notícias no período de verão. Quis o contexto, que a “silly season”
ganha-se outro enquadramento e dimensão temporal.
Arranca a pré-campanha eleitoral autárquica, momento repleto de
atividades onde uma multiplicidade de intervenientes e agentes
(contraditórios entre si) esgrimem argumentos; convocam e mobilizam os
eleitores; apresentam propostas; desdobram-se em jantares, comícios e
arruadas cumprindo a liturgia da competição política.
A grande novidade deste ciclo eleitoral resulta da alteração
institucional das “regras do jogo”: a limitação de mandatos autárquicos e
a reorganização administrativa (Portugal Continental). Aparentemente
surge uma forte correlação entre a limitação de mandatos e a
multiplicação de candidaturas de grupos de cidadãos eleitores. São
vários os exemplos: Amadora, Oeiras, Cascais, Sintra ou Porto. A
abertura do “mercado eleitoral” aos grupos de cidadãos eleitores
privilegia o alargamento da capacidade eleitoral activa (ser eleito) aos
cidadãos, retirando o monopólio da democracia representativa aos
partidos políticos.
Mas na prática, a teoria é outra. Pervertendo e contrariando os
desígnios constituintes, a maioria dos grupos de cidadãos eleitores que
publicamente já demonstraram a sua intenção de apresentar candidatura
aos órgãos autárquicos, não são nem mais nem menos, do que dissidentes
partidários, que pretendem garantir a sua “sobrevivência” politica sob
uma nova roupagem.
A credibilidade mais uma vez, não é, uma questão semântica. Subvertendo o
funcionamento do sistema político, a opção de conservar o “status quo”,
alimentar esquemas e desejos de poder, conduzindo, mais uma vez à
indigência da comunidade politica, é um valor maior.
Candidatos e candidaturas perfilam-se na “boca de cena” assumindo
distintivos ténues (muitos deles disputam o mesmo espaço político e os
mesmo eleitores), onde o “fingidor e o dissimulador procuram quem se
deixe enganar”, na tentativa de fazer esquecer os dois anos de
austeridade, desemprego e pobreza, onde os “pecadores” continuam à
sombra da impunidade, e o soberano-eleitor, apenas é convidado à
resignação!
No próximo dia 29 de Setembro, caberá aos eleitores fazer o balanço da
sua circunstância, avaliar, protestar e decidir, libertar as amarras e
evitar o definhar da nossa vida colectiva. É sim, uma “silly season”
decisiva!
IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS DA MADEIRA"
14/06/13
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