20/06/2013

TERESA RUEL

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“Silly season”

No próximo dia 29 de Setembro, caberá aos eleitores fazer o balanço da sua circunstância

Aproxima-se a “silly season”, expressão que caracteriza o estilo ligeiro das notícias no período de verão. Quis o contexto, que a “silly season” ganha-se outro enquadramento e dimensão temporal.
Arranca a pré-campanha eleitoral autárquica, momento repleto de atividades onde uma multiplicidade de intervenientes e agentes (contraditórios entre si) esgrimem argumentos; convocam e mobilizam os eleitores; apresentam propostas; desdobram-se em jantares, comícios e arruadas cumprindo a liturgia da competição política.
A grande novidade deste ciclo eleitoral resulta da alteração institucional das “regras do jogo”: a limitação de mandatos autárquicos e a reorganização administrativa (Portugal Continental). Aparentemente surge uma forte correlação entre a limitação de mandatos e a multiplicação de candidaturas de grupos de cidadãos eleitores. São vários os exemplos: Amadora, Oeiras, Cascais, Sintra ou Porto. A abertura do “mercado eleitoral” aos grupos de cidadãos eleitores privilegia o alargamento da capacidade eleitoral activa (ser eleito) aos cidadãos, retirando o monopólio da democracia representativa aos partidos políticos.
Mas na prática, a teoria é outra. Pervertendo e contrariando os desígnios constituintes, a maioria dos grupos de cidadãos eleitores que publicamente já demonstraram a sua intenção de apresentar candidatura aos órgãos autárquicos, não são nem mais nem menos, do que dissidentes partidários, que pretendem garantir a sua “sobrevivência” politica sob uma nova roupagem.
A credibilidade mais uma vez, não é, uma questão semântica. Subvertendo o funcionamento do sistema político, a opção de conservar o “status quo”, alimentar esquemas e desejos de poder, conduzindo, mais uma vez à indigência da comunidade politica, é um valor maior.
Candidatos e candidaturas perfilam-se na “boca de cena” assumindo distintivos ténues (muitos deles disputam o mesmo espaço político e os mesmo eleitores), onde o “fingidor e o dissimulador procuram quem se deixe enganar”, na tentativa de fazer esquecer os dois anos de austeridade, desemprego e pobreza, onde os “pecadores” continuam à sombra da impunidade, e o soberano-eleitor, apenas é convidado à resignação!
No próximo dia 29 de Setembro, caberá aos eleitores fazer o balanço da sua circunstância, avaliar, protestar e decidir, libertar as amarras e evitar o definhar da nossa vida colectiva. É sim, uma “silly season” decisiva!

IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS DA MADEIRA"
14/06/13

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