Alerta
É fácil ser-se popular quando há dinheiro. Basta recordar Guterres: se havia alguma tensão na sociedade, uns milhões resolviam o problema. Satisfaziam-se clientelas, garantia-se a paz mediática e evitava-se qualquer sintoma de alteração social.
Mas hoje a situação não é assim. A classe dos
direitos adquiridos tem hoje centenas de milhares de pessoas.
Intocáveis, o Estado quando corta fá-lo nos que ganham menos e trabalham
mais, mas deixa os "estabelecidos" com muitos anos de "carreira" na
mesma. Contraíram-se créditos excessivos, impediram-se os jovens de ter
filhos, criaram-se dependências insustentáveis em quem se habituou a
receber por pedir e não por criar valor.
Mas há quem queira que a situação continue na mesma. Os Mários
Soares" deste mundo exigem que se mude de governo. Que se acabe com a
"austeridade" para "que se aposte no crescimento", financiando projectos
que eles consideram "positivos", apesar de não terem quem neles
invista!
A questão é que o sistema actual não pode continuar. Todas as
"conquistas" têm que ser pagas, e a economia está demasiado
sobrecarregada com impostos, taxas, burocracias e regulamentos para
arrastar tanto direito. Por isso, a política de cortes tem que continuar
- na verdade tem que ser aprofundada - e não há uma solução mágica para
evitar esses cortes no sector não-competitivo da economia.
Cavaco Silva tem razão. Uma crise política neste momento serviria
apenas para perdermos alguns anos num novo desperdício socialista. Que
seria apenas um passe da actual "austeridade" para uma austeridade mais
profunda, que implicaria a saída do euro, a subida rápida das taxas de
juro e das taxas de reserva de caixa bancárias (logo, uma queda abrupta
do crédito), e a uma queda salarial significativa (que alguns estimam em
40%). E talvez até o retorno do controlo do movimento de capitais. O
problema do excesso de consumo face à produção é real, e não é com
discursos ou com crises políticas que se corrige. Lamento, mas é a
realidade.
Consultor Financeiro
IN "DIÁRIO ECONÓMICO"
14/06/13
.
Sem comentários:
Enviar um comentário