HOJE NO
" CORREIO DA MANHÃ"
Diretores querem anular prova
Em causa estão desigualdades entre alunos dos ensinos público e privado no acesso ao Ensino Superior. 52 mil fizeram exame
O exame nacional de Português do Ensino Secundário,
ontem realizado em dia de greve de professores, deve ser anulado de
forma a permitir que todos os alunos possam fazer a prova em igualdade
de circunstâncias. Em causa está, defende Manuel Pereira, presidente da
Associação Nacional de Dirigentes Escolares, a vantagem dos alunos do
ensino privado sobre os do público, as desigualdades entre os cerca de
52 mil alunos que fizeram a prova e a tranquilidade dos 22 500
estudantes que a vão fazer no dia 2 de julho. O Ministério da Educação
não comenta.
"Se o Ministério não anular este
exame de Português, deveria permitir que todos fizessem a prova no dia
2", afirmou Manuel Pereira ao CM, explicando: "Alunos do privado e do
público concorrem pelas mesmas vagas no Ensino Superior. Os do público
viveram dias de incerteza, enquanto os do privado souberam sempre que o
exame ia ser realizado. Dentro dos alunos do público, uns fizeram o
exame com normalidade, outros com barulho e com invasões de sala. Já
para não falar nos que não fizeram a prova por falta de professores. Não
há igualdade."
Adalmiro Fonseca, da Associação
Nacional de Diretores de Agrupamentos de Escolas Públicas, reconhece a
existência de desigualdades, mas considera injusta a solução: "Seria
criar uma injustiça para resolver uma injustiça."
Já
a Confederação Nacional das Associações de Pais refere que "faz sentido
dar oportunidade aos alunos onde existiram perturbações". "Desde o
início que há uma desigualdade entre alunos do ensino público e
privado", acrescentou.
Com a adesão à greve a
rondar os 93%, segundo dados dos sindicatos dos professores Fenprof e
FNE, muitas foram as escolas onde não foi possível realizar o exame ou
onde existiram protestos. Em Lousada, tal como em Braga, alunos
invadiram salas de aula por não poderem fazer o exame.
Os
sindicatos também denunciaram ilegalidades, como a substituição de
professores por cozinheiros ou técnicos da fala na vigilância da prova
ou a realização de exames em cantinas e ginásios. O ministro da Educação
garantiu que as perturbações serão analisadas caso a caso.
* Era impensável haver no governo alguém que tivesse esta linha de pensamento.
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