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Reino Unido quer limitar imigração reduzindo direitos de recém-chegados
Alterações à lei de imigração são uma das prioridades do Governo de Cameron, anunciadas no tradicional Discurso da Rainha. Cidadãos da UE abrangidos pelas medidas.
Uma semana depois da cavalgada eleitoral do partido antieuropeu UKIP
nas eleições locais, o Governo conservador de David Cameron revelou que
dará prioridade à alteração das leis de imigração para que o Reino Unido
possa “atrair pessoas que contribuam para o país e desincentivar quem
não o faça”. A proposta, lida pela rainha na abertura do ano
parlamentar, deverá incluir a obrigatoriedade dos recém-chegados pagarem
pelos tratamentos no serviço nacional de saúde.
Os detalhes da nova
legislação, que o Governo espera aprovar até ao Outono, só deverão ser
explicados no debate desta tarde na Câmara dos Comuns, o primeiro
momento político de um dia cerimonial no Palácio de Westminster, onde
Isabel II esteve nesta manhã para o tradicional Discurso da Rainha – uma
breve intervenção em que a monarca lê a lista de prioridades do “seu
Governo” para o próximo ano e que, pela primeira vez em 17 anos, contou
com a presença do príncipe Carlos, herdeiro da Coroa.
No entanto, a
imprensa britânica desta manhã adianta já alguns dos pontos principais
do pacote legislativo que, no essencial, segue o que foi proposto pelo
primeiro-ministro no discurso que fez sobre imigração, no final de
Março. O Governo quer proibir os senhorios de arrendarem casas a quem
não esteja legalmente no país, promete multas mais pesadas para quem
contratar ilegais, e prevê que os imigrantes, incluindo os cidadãos da
União Europeia, só possam receber o subsídio destinado a quem procura
trabalho por mais de seis meses se provarem que têm “condições genuínas”
de o conseguir.
Os imigrantes terão também de residir entre dois a
cinco anos num determinado município para se poderem candidatar a uma
casa com renda controlada. Londres estuda também a criação de taxas no
serviço nacional de saúde a imigrantes recém-chegados ou, em
alternativa, pedir aos países de origem, incluindo os membros da UE, que
comparticipem parte das despesas.
No mesmo pacote deverão entrar
alterações à lei a fim de tornar mais fácil a deportação de pessoas
condenadas a penas superiores a 12 meses de prisão ou que estejam
ilegalmente no país, limitando as situações em que podem invocar o
direito à reunião familiar.
A prioridade dada a estas medidas
surge a meses do fim das restrições temporárias que o Reino Unido, tal
como outros Estados, impôs à entrada dos trabalhadores da Roménia e
Bulgária e que levam muitos britânicos a temer a chegada em massa de
novos imigrantes vindos daquele país.
O anúncio foi feito também
depois de, quinta-feira, o Partido da Independência do Reino Unido
(UKIP), ter multiplicado o seu número de votos nas eleições locais,
conseguindo uma média de 25% dos votos nos círculos em que apresentou
candidatos. Além de defender a saída da União Europeia, o partido de
Nigel Farage tem conquistado votos à direita com o seu discurso
anti-imigração. Fontes do Governo asseguram que o discurso da rainha foi
escrito antes do escrutínio e que Cameron não vai seguir as propostas
populistas de Farage.
Certo é que o seu discurso de Março sobre
imigração aconteceu depois de os conservadores terem sido remetidos para
terceiro lugar em eleições intercalares para o Parlamento (um feito que
o UKIP repetiu numa votação que coincidiu com as locais da semana
passada) e numa altura em que o crescimento dos populistas torna mais
improvável a vitória dos conservadores nas legislativas de 2015, dez
pontos atrás dos trabalhistas nas sondagens.
* Não é xenofobia????
.
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