HOJE NO
" JORNAL DE NEGÓCIOS"
Nuno Crato considera que colégios
GPS não cumprem gratuidade
da escolaridade obrigatória
O ministério da Educação e Ciência recomendou às
escolas do grupo GPS que devolvessem a taxa de matrícula de 10 euros que
cobravam aos seus alunos. Esta é uma das conclusões das auditorias
feitas ao grupo de colégios GPS já terminadas.
O Ministério da Educação e Ciência
considera que os colégios do grupo GPS não cumprem a gratuidade da
escolaridade obrigatória. Segundo um comunicado da pasta liderada por
Nuno Crato, é cobrada uma taxa de matrícula de 10 euros que é indevida. O
grupo contesta a ideia e diz que a maioria das escolas exige o mesmo
montante.
A existência de uma taxa de matrícula no grupo de escolas é uma das
conclusões das seis auditorias desencadeadas pelo Ministério que foram
entregues na terça-feira, 7 de Maio, na comissão parlamentar de
Educação, Ciência e Cultura. O gabinete de comunicação de Crato emitiu
um comunicado em que explicou o que estava em causa nas auditorias
feitas a colégios do grupo GPS com contrato de associação (escolas com
gestão privada mas que prestam serviço público).
De acordo com o comunicado emitido pelo Ministério da Educação, um
dos “problemas comuns aos diversos colégios” é que não é cumprida a
gratuitidade da escolaridade obrigatória, uma vez que é cobrada a tal
"taxa de matrícula de 10 euros".
“Foi recomendado às escolas a cessação dessas práticas, bem como a
devolução dos valores em causa aos alunos e encarregados de educação”,
adianta o mesmo documento.
Algumas das escolas do grupo GPS não concordam com esta recomendação
mas, em comunicado enviado às redacções, o conselho de administração do
grupo GPS diz que esta taxa “corresponde a um conjunto de despesas que
existem na generalidade das escolas”. A administração especifica que a
quantia equivale a despesas administrativas de inscrição, matrícula,
renovação de matrícula, “primeira via de caderneta escolar” e ainda,
entre outros, “primeiras despesas com materiais de desgaste”.
O grupo de escolas, em que se incluem os colégios Oriente,
Miramar e Santo André, diz que esta taxa já se encontrava activa aquando
da realização de outras inspecções regulares e “nunca, até à data”, foi
pedida essa devolução.
Na argumentação jurídica da contestação aos relatórios de inspecção às escolas do Grupo, a que o Negócios
teve acesso, o grupo GPS refere que, num relatório de 2011, era
indicado que com a taxa, “tendo em conta as práticas similares na
maioria dos estabelecimentos de ensino, públicos e privados [...] parece
não estar posto em causa o regime de gratuidade da escolaridade
obrigatória”. Nesse documento jurídico, o grupo defende ainda que não
está implementada nenhuma propina, taxa ou emolumento mas apenas o
fornecimento de bens.
Em resposta ao Negócios, o gabinete do Ministério da
Educação refere que a recomendação que foi feita no âmbito da taxa de
matrícula "é valida também para escolas públicas em situação
semelhante".
Distribuição de horários a professores
remetida para ACT
“Outra questão comum detectada nos diversos colégios prende-se com a
distribuição dos horários atribuídos aos professores”, indica o
comunicado do Ministério da Educação e Ciência que sublinha que, como
não tem competências para julgar a questão, remeteu os processos para a
Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT), “de forma a verificar o
eventual incumprimento do contrato colectivo de Trabalho (CCT)”.
A administração do GPS, presidida por António Jorge Calvete, “aguarda
serena e tranquilamente os resultados das averiguações desta entidade,
na certeza de que, neste como noutros aspectos, cumpre escrupulosamente a
lei e os regulamentos do Ministério da Educação”.
“Foram ainda verificadas situações pontuais em um ou mais colégios,
como a necessidade de contratação ao longo de todo o ano lectivo de um
docente com funções específicas para educação especial, respeitar os
limites de lotação fixados ou solicitar a sua alteração, corrigir
desconformidades nas matrizes curriculares e alterar os preçários
praticados no bar, em especial no que respeita aos produtos lácteos,
entre outras”, adianta ainda o comunicado do Ministério da Educação, ao
que o GPS responde que tais situações “nunca foram objecto de reparo em
inspecções anteriores”.
No comunicado oficial, a administração do grupo GPS defende que os
“resultados destas inspecções e auditorias são extremamente positivos”
por não darem razão às queixas existentes.
Auditorias continuam
No entanto, nem todas as auditorias levadas a cabo pelo ministério de
Nuno Crato estão concluídas, pelo que ainda serão entregues, até ao
final do ano lectivo, outros relatórios, bem como a conclusão de um
inquérito a ser conduzido pela Inspecção Geral da Educação e Ciência.
As duas primeiras auditorias ao grupo foram desencadeadas pelo
secretário de Estado do Ensino e da Administração Escolar, João Casanova
de Almeida, depois de denúncias levantadas por professores e
sindicatos, no Verão passado. Foi na sequências dessas que foram
dinamizadas as outras averiguações.
Houve já várias reportagens sobre este caso, nomeadamente uma
realizada pela TVI, que mencionava alegadas pressões sobre os docentes
em escolas do grupo. Na peça, eram referidas declarações escritas que os
professores seriam coagidos a assinar sendo que, aí, aceitavam o
aumento da carga de trabalho para horários superiores aos permitidos por
lei.
* GPS- Grupo Para Suspeitar
.
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