HOJE NO
" RECORD"
APAF admite parar campeonatos
A Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF) admitiu, ainda
que implicitamente, parar os campeonatos nacionais se não for alcançado
um compromisso para garantir a segurança nos estádios em que decorrem as
competições amadoras. Em conferência de imprensa, o presidente da APAF,
José Fontelas Gomes, considerou que "15 dias é o tempo suficiente" para
que se chegue a um compromisso com o Governo e com a Federação
Portuguesa de Futebol que garanta a segurança dos árbitros das
competições não profissionais.
Questionado sobre a
possibilidade de os árbitros se recusarem a apitar as partidas das
diferentes comnpetições, e assim pararem os respetivos campeonatos,
Fontelas Gomes foi perentório: "Todas as ações que possamos vir a tomar
para que consigamos que haja segurança para todos, os árbitros estão
dispostos a fazê-lo". "Não é o caminho que queremos, nem tão pouco, se
calhar, o idealizamos. No entanto, as coisas têm 'timings'e o final do
campeonato está à porta. É bem tempo de haver uma resposta para esta
situação", sustentou.
O líder da APAF assegurou que esta
posição "conta com o apoio e solidariedade de todos os árbitros" e
rejeitou estar a exercer qualquer tipo de pressão sobre a nova tutela do
Desporto, o novo ministro da Presidência, Luís Marques Guedes, ou o
secretário de Estado do Desporto e Juventude, Emidio Guerreiro.
Fontelas
Gomes elogiou o decreto-lei aprovado recentemente pelo executivo,
através do Ministério da Administração Interna, que obriga ao
policiamento nas competições profissionais, mas considerou que não
chega. "Trata-se de uma mudança positiva, mas, no entanto, insuficiente
face à realidade atual. A nossa grande preocupação prende-se com aqueles
que não têm este grau de visibilidade: as competições não
profissionais". Este dirigente da APAF recorreu mesmo a números obtidos
junto da GNR, relativos ao período comprendido entre janeiro de 2012 e
fevereiro do presente ano, que dão conta de "129 casos espalhados por
todo o país" de "situações de injúria, atos de vandalismo, invasões de
recinto do jogo e agressões", que dizem respeito às competições de
futebol de sete, 11 e futsal, em todos os escalões.
De acordo
com Fontelas Gomes, "98 destas ocorrências tiveram lugar nas
competições distritais", que "são as mais desprotegidas face à lei em
vigor". "Estamos preocupados. Pretendemos que sejam tomadas medidas que
contrariem esta tendência", concluiu.
João Capela, o árbitro
da Associação de Futebol de Lisboa que apitou a final da Taça da Liga no
sábado, aproveitou para reforçar a necessidade de segurança nos
estádios, garantindo que o problema não é exclusivo do futebol. O
árbitro do último FC Porto-Sporting de Braga recordou que "nenhum país
pode desresponsabilizar-se da segurança das pessoas que nele vivem" e,
por isso, "tem de haver a preocupação da parte do Governo em garantir
condições de segurança para que o desporto possa ser praticado". "Nós
não estamos aqui a individualizar o futebol. Estamos aqui a chamar à
atenção - de forma calma, tranquila e serena - para um problema que tem a
ver com o futuro do desporto em Portugal", salientou.
* Os árbitros não podem ser vítimas de agressões cujos principais mandantes são os dirigentes dos clubes.
.
Sem comentários:
Enviar um comentário