HOJE NO
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Ricardo Salgado chamado ao Banco de Portugal para explicar rectificações fiscais
Ricardo Salgado foi chamado nos últimos dias por Carlos Costa,
governador do Banco de Portugal, para explicar o porquê de não ter
declarado na sua declaração inicial de IRS rendimentos de 8,5 milhões de
euros, confirmou o i junto de fontes do regulador da banca. Este
encontro revela que o Banco de Portugal está assim a analisar a
idoneidade de Salgado para continuar à frente do BES
.
A notícia de que o presidente executivo do BES já teria sido ouvido
pelo governador Carlos Costa foi avançada hoje pelo jornal Público, que
destaca ainda o facto de Costa também ter chamado, no final de
Janeiro, José Maria Ricciardi, presidente do Banco Espírito Santo
Investimento (BESI), e Amílcar Morais Pires, o braço direito de Salgado
e chief financial officer do BES. Estes dois elementos estão indiciados
pelo crime de inside trading no chamado caso BES Vida, tal como i já
havia revelado. Este caso, que está a ser investigado pelo DIAP de
Lisboa liderado pela procuradora Maria José Morgado, refere-se a uma
denúncia da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários sobre
irregularidades em diversas transacções da EDP, efectuadas em 2008,
entre o BES e a sua seguradora BES Vida.
A notícia surge após a deputada Ana Drago (Bloco de Esquerda)
ter questionado publicamente Carlos Costa quanto à idoneidade de Ricardo
Salgado e de Amílcar Pires. Durante uma audição do governador
na Comissão Parlamentar de Orçamento e Finanças, Drago questionou-o
sobre as três rectificações realizadas por Ricardo Salgado à sua
declaração de IRS, relativa ao ano de 2011, no montante de 8,5 milhões
de euros, acrescentando que na opinião do Bloco de Esquerda o presidente
executivo do BES, assim como Ricciardi e Morais Pires, não reuniam as
condições legais para serem considerados idóneos - requisito essencial
para o Banco de Portugal autorizar um gestor a exercer funções nos
órgãos sociais de uma instituição de crédito.
Segundo o Público, Ricardo Salgado terá mantido vários contactos com
o Banco de Portugal nos últimos 15 dias, tendo enviado inclusivamente o
despacho do Departamento Central de Investigação e Acção Penal –
tornado público na passada semana – em que se afirma que Salgado é
apenas uma testemunha na Operação Monte Branco, uma vez que sobre si não
recai qualquer suspeita.
Rectificações
Como o i noticiou em primeira mão,
Ricardo Salgado declarou inicialmente, em Maio, que os seus rendimentos
de 2011 eram 1,1 milhões de euros, o que o levou à liquidação de 182 765
euros.
Porém, esse valor foi sendo corrigido ao longo do ano de 2012. A
primeira rectificação do banqueiro à declaração de IRS de 2011 deveu-se a
25 mil euros de rendimentos de capitais da mulher e a 655 mil euros de
rendimentos de capitais no estrangeiro do próprio Salgado que não tinham
sido declarados em Maio.
A segunda rectificação foi entregue a 30 de Agosto, tendo por base a
declaração de um rendimento total de 8,5 milhões de euros de
rendimentos de Ricardo Salgado obtidos em Angola. Este novo valor deu
origem a uma liquidação de imposto de cerca de 3 milhões de euros.
Foi já em vésperas de se deslocar ao DCIAP, como testemunha no Caso
Monte Branco, que Ricardo Salgado terá feito a última rectificação, que
levou a uma nova liquidação no seu IRS de 2011: 1,3 milhões de euros.
Assim, e ao invés do declarado inicialmente, a colecta
correspondente aos seus rendimentos foi superior a 4,5 milhões, e não de
183 mil euros.
Na semana passada, Ricardo Salgado confirmou ao Jornal de Negócios
ter feito as três rectificações, justificando-as com o facto de ter
aderido ao Regime Extraordinário de Regularização Tributária.
Ao Jornal de Negócios, Salgado negou porém que tenha existido
qualquer relação entre as correcções e a sua ida ao Ministério Público:
“[As rectificações] foram apresentadas de forma voluntária e não por
pressão ou reacção ao que ou a quem quer que seja”.
* Um homem com esta riqueza só pode ser um cavalheiro impoluto.
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