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Meninos sentem mais dor que as
meninas e a principal é a de barriga
Um estudo realizado pela Universidade
do Porto a 8647 crianças portuguesas, nascidas este milénio, indica que
os meninos se queixam mais de dor do que as meninas, sendo a "dor de
barriga" o principal mal de que padecem.
O estudo pioneiro em Portugal,
denominado "Geração XXI", apresentado esta quarta-feira no Porto, e
cujos objectivos passam por conhecer o crescimento e desenvolvimento das
crianças nascidas no início deste milénio, revela que do total dos
rapazes avaliados 47% queixa-se de dor nos últimos três meses, enquanto
que do total das meninas, queixam-se de dor 42%.
A dor de que as crianças mais se
queixam é a "dor de barriga" (52,1%), logo seguida de dor de cabeça
(44,4%) e "dor nas pernas" (36%). A dor de garganta e de dentes vem logo
a seguir.
Dores de braços (6,6%), dores de peito (8,3%) e dores na zona pélvis (10,8%) são as dores de que as crianças se queixam menos.
No
campo dos conflitos entre pais e filhos, o documento indica que quanto
mais estudos têm os progenitores, mais se regista "disciplina não
violenta", ou seja, o mãe/pai explica ao filho o que "estava a fazer
errado", "tira regalias (brinquedos)", ou põe-no de castigo (ficar no
quarto).
Por outro lado, quanto menos estudos têm os progenitores
mais maus tratos físicos (graves ou extremos) são inflingidos às
crianças. Maus tratos físicos são, por exemplo, bater na criança em
alguma parte do corpo, atirá-la para o chão ou bater-lhe com a mão
fechada ou dar um pontapé com força.
Maus tratos físicos extremos
são, definidos no estudo, o agarrar pelo pescoço e sacudir a criança,
queimar ou derramar líquido quente nele de propósito ou ameaçar com uma
arma branca ou de fogo.
O estudo revela também que perto de 40%
das crianças portuguesas sofrem de peso a mais e que as meninas têm mais
"excesso de peso" e "obesidade" do que os rapazes, havendo um
agravamento de peso a mais dos quatro para os sete anos de idade.
Do
total das crianças avaliadas, 34,7% das meninas tem peso a mais aos
quatro anos de idade (23,1% sofre de excesso de peso e 11,6% sofre de
obesidade), enquanto que nos meninos o peso a mais situa-se nos 31,7%
(22% com excesso de peso e 9,7% com obesidade), lê-se no estudo.
O
peso a mais nas crianças agrava-se dos quatro para os sete anos,
principalmente no género masculino, que aumenta no campo da obesidade,
por exemplo, de 9,7% para 15,9%, ou seja regista-se um aumento de 39%.
Nas meninas há também um aumento de obesidade dos 11,6% para os 16,4%,
ou seja mais 29,3% aos sete anos do que aos quatro anos de idade.
Um outro indicador do estudo é que o peso das crianças é tanto maior, quanto menor é a escolaridade da mãe.
A
prevalência de excesso de peso e de obesidade nas crianças com sete
anos de idade é na ordem dos 19,7% com as mães que têm o 9º ano de
escolaridade ou menos, baixando para os 11,7% de crianças com peso a
mais se as mães tiverem o 12º ano de escolaridade ou estudos superiores.
Uma
outra conclusão do estudo é que os filhos de mães que apresentam
excesso de peso ou obesidade, têm maior incidência de peso a mais.
Nas
mães com obesidade, 30,7% dos seus filhos padecem também de obesidade
aos sete anos de idade; e as progenitoras com excesso de peso,
regista-se que 23% dos seus filhos sofrem também desse excesso.
As
crianças avaliadas neste estudo pioneiro em Portugal nasceram todas
entre abril de 2005 e agosto de 2006, em cinco maternidades públicas do
Grande Porto, e têm sido observadas desde os primeiros meses de gestação
até aos dias de hoje por técnicos da Faculdade de Medicina da
Universidade do Porto, confirmou à Lusa o coordenador do projeto
Henrique Barros.
* Um estudo importante para uma profunda tristeza
.
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