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HOJE NO
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Restaurante abre no Cartaxo com conceito inovador - à porta fechada e sem preços
O aviso é prévio: “O Condestável não é restaurante, hotel, albergaria
ou turismo de habitação”. É simplesmente a ‘casa’ onde se recebem, à
porta fechada, os “comensais” e onde a palavra “pagar não existe”.
Autodidata na arte de cozinhar, Luis Suspiro abriu em setembro, na
aldeia da Ereira (Cartaxo), no espaço ampliado do seu antigo (e
primeiro) restaurante “O Condestável”, o que classifica de “conceito
inovador e único”: um lugar onde se pode comer e dormir e onde não
existem preços.
“É um risco calculado, porque sabemos que as pessoas que nos visitam
são pessoas de bem com a vida”, responde quando questionado sobre a
possibilidade de alguma das suas “visitas” não retribuir de forma justa o
modo como é acolhida.
A partir de uma antiga adega, onde há 19 anos abriu o seu primeiro
restaurante, o chefe cozinheiro erigiu, nos últimos três anos, um amplo
espaço preenchido entre outros aspetos com salões, um jardim e sete
quartos.
Místico – à entrada tem uma capela com as imagens do santo da sua
devoção, de nossa senhora de Fátima e de Jesus Cristo, a quem chama os
seus “sócios”.
“Este é um ato de felicidade, de quem está bem com a vida depois de
ter estado às portas da morte”, disse à agência Lusa, aludindo ao
combate a um cancro que travou nos últimos anos.
Na Ereira recebe informalmente quem chega – “estamos abertos para
todo o tipo de pessoas, independentemente da condição social, cor
política ou religiosa” -, acompanhando os pratos que serve – “é uma
cozinha de cariz fortemente rural, de raiz popular, que depois refino” –
de explicações – “depois de uma preparação inicial, o osso buco de
vitela é estufado em vácuo, lentamente, durante oito a nove horas” – e
de uma boa dose de conversa.
No dia em que recebeu a Lusa, entre os comensais estava um antigo
forcado de Portalegre, motivo para recordar o seu passado de forcado em
grupos de Santarém e do Cartaxo e para ler excertos do livro “Uma
cozinha com raízes”, no qual conta a sua vida e revela algumas das suas
receitas.
“Os críticos chamam-me excessivo nas doses, mas os meus excessos são
a forma de servir a minha generosidade. Os meus clientes sentem a minha
alma, os meus sentimentos e não passam fome”, afirmou.
Afastado da “feira de vaidades”, que considera ter-se transformado o
mundo da chamada “alta cozinha” – por si, prefere o termo “cozinha
elaborada”.
À porta, junto à campainha, lê-se: “Este é um lugar de culto à nobre
arte da restauração, do bem comer e beber. Cá dentro há pessoas
educadas com humildade e fidalguia no trato a servir e a receber.
Tratamos a cozinha portuguesa como forma de arte e com a dignidade que
ela merece. Se vossa excelência vem para desfrutar destes prazeres e
sensações, se faz favor toque a campainha”.
* Conhecemos bem a cozinha do Chefe Suspiro, boa e farta, e concordamos quando refere a feira de vaidades do mundo da alta cozinha.
Há pouquíssimos chefes em Portugal que pertencem verdadeiramente a esse mundo e numerosos aprendizes de feiticeiro com os quais já enfiámos valentes barretes apesar do vedetismo com que alguma comunicação social, mais que suspeita, os mima, paneleirices!!!
Desejamos-lhe sucesso.
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