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"PÚBLICO"
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Prémios IgNobel 2012 são atribuídos esta sexta-feira de madrugada
Do rabo dos chimpanzés ao silenciador de tagarelas
A edição de 2012 destes hilariantes prémios, a cargo de "genuínos
Prémios Nobel", recompensa os trabalhos de 10 grupos de cientistas –
entre os quais eminentes especialistas na sua área.
Em 2008, Frans de Waal, mundialmente conhecido primatólogo holandês da Universidade de Emory, nos EUA, publicou na revista Advanced Science Letters
o seguinte artigo: “Rostos e rabos: a percepção do sexo pelos
chimpanzés.” Ele e a sua colega Jennifer Pokorny, da Universidade da
Califórnia, irão ser , daqui a momentos, galardoados com o Prémio
IgNobel de Anatomia “por terem descoberto que os chimpanzés podem
identificar individualmente outros chimpanzés a partir de fotografias
dos seus posteriores”, como explicaram em comunicado os organizadores da
“22ª Primeira Edição” (sic) dos famosos galardões.
O símbolo dos Prémios IgNobel
inspira-se no Pensador de Rodin
e é conhecido como “The Stinker”
|
Esta
dupla de cientistas e mais nove grupos de especialistas e técnicos de
diversas áreas são os vencedores dos prémios de 2012, que lhes serão
entregues numa cerimónia a decorrer no Teatro Sanders da Universidade de
Harvard, em Cambridge (EUA). O evento, com início marcado para as 0h30
(hora de Lisboa), podia ser acompanhado em directo no YouTube (acessível
em http://www.improbable.com/ig/2012/).
O mote dos Prémios IgNobel, atribuídos anualmente pela revista humorística Annals of Improbable Research
em colaboração com Harvard, é “honrar façanhas que primeiro nos fazem
rir e depois pensar”. Muitos dos galardoados são investigadores cujos
trabalhos foram publicados em revistas especializadas absolutamente
sérias. Mas todos eles têm um elemento comum, que os torna elegíveis
para um IgNobel: o facto de os temas que abordam parecerem – e aliás,
por vezes serem – totalmente descabelados (e esta é literalmente a
palavra certa para dois dos galardoados deste ano...).
Falemos,
pois, de cabelo humano. Em 2011, Johan Pettersson, engenheiro ambiental
sueco, descobriu por que é que o cabelo de alguns dos residentes –
inicialmente loiros – de certas habitações novas da cidade de Anderlöv,
Suécia, tinha repentinamente ficado... verde. E agora, por ter
desvendado um enigma que começara por deixar muitos especialistas
confusos, recebe o IgNobel da Química. (Explicação: a culpa era da água
quente que se acumulava, durante a noite, nas canalizações dos chuveiros
dessas residências e que, ao dissolver o cobre dos canos tingia o
cabelo das vítimas na manhã seguinte...).
Passando da química
para a física do cabelo (comprido), Joseph Keller, da Universidade de
Stanford, e colegas, recebem o IgNobel da Física pelo seu estudo “do
equilíbrio das forças que moldam e movimentam o cabelo apanhado num rabo
de cavalo”. As suas conclusões foram publicadas este ano na prestigiosa
revista Physical Review Letters.
O prémio na categoria da
Acústica deixa literalmente as pessoas sem fala. Inventado por Kazutaka
Kurihara e Koji Tsukada, engenheiros de duas agências nacionais de
tecnologia do Japão, parece uma arma de fogo futurista (mas algo tosca,
pois é apenas um protótipo). Activada e apontada para os lábios do mais
tagarela dos oradores, faz com que ele ouça o eco do que está a dizer
ligeiramente desfasado, ficando totalmente impedido de continuar o seu
discurso. O único antídoto: calar-se (o vídeo em http://www.youtube.com/watch?v=USDI3wnTZZg/ fala por si).
Hverá
também um IgNobel da Dinâmica dos Fluidos, para Rouslan Krechetnikov e
Hans Meyer, da Universidade da Califórnia, autores de um artigo
publicado noutra prestigiada revista – Physical Review E – e
intitulado algo como: “Andar de café na mão: por que é que o
entornamos?”. Um problema quase de saúde pública, poderíamos argumentar,
pelas queimaduras que pode causar.
Do lado das ciências da vida, na categoria das
Neurociências, o IgNobel irá para a equipa de Craig Bennett, também da
Universidade da Califórnia, por ter mostrado que, com as novas
tecnologias de visualização do cérebro, até um salmão morto pode
apresentar actividade cerebral significativa se a experiência não for
repetida suficientes vezes. O IgNobel de psicologia contemplará Anita
Eerland, da Universidade Aberta de Holanda, e colegas, pelo seu estudo
de como o facto de se inclinar para a esquerda faz a Torre Eiffel
parecer mais pequena (na revista Psychological Science). E o de medicina
dois médicos franceses, Emmanuel Ben-Soussan e Michel Antonietti, que
em 2007, no World Journal of Gastroenterology, “aconselharam os médicos que fazem colonoscopias sobre como minimizar as probabilidades de fazer explodir o doente”(!).
Resta
mencionar as duas categorias não científicas: Paz e Literatura. Na
primeira, o prémio vai para a empresa russa SKN, que “transforma velhas
munições russas em diamantes novos”
Na segunda, o IgNobel honra este ano o General Accounting Office (GAO)
dos EUA “por ter emitido um relatório sobre relatórios sobre relatórios
que recomenda a preparação de um relatório sobre o relatório sobre
relatórios sobre relatórios” (e os outorgantes do prémio quase não estão
a exagerar).
Durante a cerimónia, os laureados terão direito a
60 segundos para o discurso de aceitação. Haverá vários momentos
musicais e festividades várias. A cerimónia deverá durar cerca de hora e
meia.
* Hajam eventos que nos alegrem a vida
.
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