Quem quer os funchalbonds?
A Madeira anda a gastar mais dinheiro do que deve há anos, em desvarios, obras despropositadas e concertos gratuitos do Tony Carreira com direito a autocarros para ir buscar qualquer eleitor a qualquer ponto da ilha da Madeira.
Loucuras que mantêm um presidente adorado. Até que fechou a torneira. As contas da RAM já não permitem desvarios e ninguém lhes empresta dinheiro. Imaginemos agora que a administração central, depois de muita austeridade, até estava com as contas em ordem e que AJJ sugeria o seguinte: que tal criarmos os funchalbonds, garantidos pelo Continente, para eu continuar a endividar-me com um juro baixo? Resultado: a administração central (vulgo todos os contribuintes) passa a pagar um preço mais alto por cada emissão de dívida e a Madeira passa a pagar um juro mais baixo – conseguindo assim continuar a endividar-se sem lógica. É justo? Não.
Agora volte a ler desde o início, troque “Madeira” por “Portugal”, “concertos de Tony Carreira gratuitos” por “aumentos à função pública em ano de eleições” ou “parcerias público-privadas ridículas” ou “dez estádios para o Euro” ou “estações de metro dignas do Dubai”.
Troque também “administração central” por “Alemanha” e vai perceber como as obrigações da zona euro são olhadas de Berlim.
Se os contribuintes recusam pagar mais impostos à conta dos desvarios de AJJ, os alemães recusam pagar mais impostos pelos desvarios dos políticos portugueses. Nós somos a Madeira da Europa: um país de políticos mimados que governam com o dinheiro dos outros e a cada golpe aparado ficam mais mimados. Primeiro foram as privatizações para salvar o défice, depois a absorção de todos os fundos de pensões possíveis para salvar o défice, e agora procuram-se as obrigações europeias: paguem vocês que eu continuo a endividar-me.
Tudo isto são disfarces para evitar mudanças mais que necessárias, servindo apenas para agravar problemas a médio prazo.
JORNALISTA
IN "i"
24/11/1
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