27/11/2011

ESTA SEMANA NO
"VIDA ECONÓMICA"

Antibiótico corre o risco 
de entrar em vias de extinção

Existe uma cada vez maior resistência aos antibióticos, provocada sobretudo pelo seu uso abusivo e incorreto. É neste cenário que surge a Aliança Portuguesa para a Preservação do Antibiótico (APAPA), cujo objetivo central é evitar que a eficácia do antibiótico entre em vias de extinção. Trata-se de um mercado que envolve muitos milhões de euros, como deu conta à "Vida Económica" José Artur Paiva, um dos promotores daquela associação.


Os antibióticos correm o risco de perderem a sua eficácia. "O número de microorganismos está a aumentar, tanto em ambiente hospitalar como fora. Simultaneamente, o progresso da medicina levou a que muitos doenças, previamente fatais, sejam agora tratáveis, levando a que o número de doentes crónicos e debilitados - e portanto suscetíveis a infeções - aumente. Daí que o número de infeções por bactérias esteja a aumentar e este tipo de infeções seja mais perigoso, mais difícil de tratar e condicionante de maior mortalidade. Aliás, existem já infeções por bactérias virtualmente resistentes a todos os antibióticos."
José Artur Paiva chama a atenção para o facto de quanto maior e mais inadequada for a utilização de antibióticos, maior é a emergência de bactérias multirresistentes. Adianta a este propósito: "É sabido que, em geral, os países do sul da Europa têm maior consumo de antibióticos e uma maior taxa de bactérias multirresistentes do que os países do Norte. Portugal tem estado entre os 10 países europeus com mais elevado consumo de antibióticos - é o nono, atualmente - e tem uma elevada taxa de multirresistência bacteriana."
Para inverter esta situação, o responsável daquele grupo de pressão considera fundamental que continue a haver investimento na investigação e no ensaio de novos antibióticos. Mas também é essencial promover o desenvolvimento e a comercialização, aceleradas e facilitadas, de novos antibióticos inovadores e úteis. Faz notar que "os antibióticos são um património da humanidade, graças a eles a mortalidade por doenças infeciosas diminuiu marcadamente nas últimas décadas e a esperança média de vida aumentou exponencialmente."


A necessidade de informar o público

A APAPA é constituída pela Direção-Geral de Saúde (DGS), o Grupo de Infeção e Sépsis (GIS), enquanto entidades promotoras, cinco administrações regionais de saúde, a Apifarma, a Associação Nacional de Farmácias (ANF), a Associação Portuguesa de Médicos de Clínica Geral, a DECO, a Direção-Geral de Veterinária, o Instituto Nacional de Saúde e as ordens dos Enfermeiros, dos farmacêuticos, dos médicos e dos médicos veterinários.
Os objetivos desta aliança passam por "reconhecer que o antibiótico está em risco de extinção e sensibilizar o cidadão para a necessidade de o proteger". Trata-se de anular a automedicação e fomentar o respeito estrito da prescrição médica, promover a investigação sobre epidemiologia infeciosa e resistências antimicrobianas, bem como emanar e cumprir normas e orientações de utilização de antibióticos. Destaque ainda para a necessidade de facilitar consultadoria em terapêutica


* Recuse a auto medicação


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