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HOJE NO
"OBSERVADOR"
Arlindo de Carvalho e Oliveira e Costa “brincaram com o dinheiro do cidadão cumpridor”
Arlindo de Carvalho foi condenado a seis anos de prisão por burla qualificada e fraude fiscal no âmbito de um processo ligado ao caso BPN. José Oliveira e Costa também foi considerado culpado.
O antigo ministro da Saúde Arlindo de Carvalho foi condenado por
burla qualificada e fraude fiscal no âmbito de um processo ligado ao
caso BPN, avança
a RTP 3. O ex-presidente do banco, José Oliveira e Costa, e um sócio
deste numa imobiliária, José Neto, também foram considerados culpados
pelo Tribunal. O arguido Ricardo Oliveira foi absolvido.
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A leitura
do acórdão estava marcada para as 10h desta segunda-feira no Campus de
Justiça, em Lisboa, mas teve de ser adiada mais de uma hora devido à
greve dos oficiais de justiça. Na súmula lida durante cerca de uma hora,
a juíza Maria Joana Gracio classificou os arguidos como pessoas que
cometeram crimes com um “grau de ilicitude elevadíssimo” e que
“brincaram com o dinheiro do cidadão cumpridor e em quem confiou no
banco e nos seus administradores”. O tribunal entendeu ainda que houve
uma “utilização desgovernada e despudorada do dinheiro e que essa
conduta não pode passar impune”.
Segundo a Agência Lusa, Arlindo de Carvalho foi condenado a seis anos
de prisão. O tribunal entendeu que o ex-ministro da Saúde e
ex-secretário de Estado da Segurança Social teve “condutas que revelam
oportunismo, ganância e sem escrúpulos”, tendo beneficiado de quase dois
milhões de euros ao assumir posição de “testa de ferro” em vários
negócios. Já Oliveira e Costa foi condenado a 12 anos de prisão por ter
cometido um dolo “enorme”. O antigo secretário de Estado dos Assuntos
Fiscais, que exerceu funções no Banco de Portugal, “cometeu os factos
que se deram como provados” e atuou “despudoradamente à margem da lei”.
Em
relação aos outros arguidos condenados – os ex-administradores do BPN
Francisco Sanches, Luís Caprichoso, e António Coelho Marinho , José
Neto, sócio de Arlindo de Carvalho numa imobiliária, e José Monte Verde,
acionista e devedor do BPN –, o tribunal deu como provados os crimes de
burla e fraude fiscal, condenando-os a penas efetivas de prisão.
É evidente “que os arguidos não ludibriaram Banco de Portugal”. Advogados de defesa vão recorrer
Questionado à saída do tribunal, João Nabais, advogado de Arlindo de
Carvalho e José Neto, disse que era evidente “que os arguidos não
ludibriaram Banco de Portugal nenhum” como foram acusados e disse que ia
recorrer da decisão.
“Eles não tinham responsabilidades na gestão
do BNP. Ou seja: eles foram, à semelhança do senhor Ricardo Oliveira,
parceiros de negócios do Banco Português de Negócios. Nessa medida,
admito que se possa criticar a formulação dos negócios que foram
estabelecidos. Não tenho nada a dizer contra, mas estou disposto a
aceitar isso. Agora, dizer-se que comparticiparam numa situação de
ludibriar é absolutamente absurdo porque o cidadão normal não tem nenhum
poder ou capacidade para ludibriar seja de que forma for o Banco de
Portugal”, disse João Nabais, admitindo que a pena aplicada aos seus
clientes foi “pesada”.
A advogada do ex-presidente do BPN disse ia
recorrer da condenação e que ia”fazer justiça em recurso para o
Tribunal da Relação”, explicando que o seu cliente esteve ausente da
sessão porque “está muito doente e não tinha condições físicas para
estar sujeito a estas pressões”.
Paulo Saragoça da Matta, advogado
de Ricardo Oliveira, admitiu que foi feita “justiça com a absolvição no
primeiro e no segundo processo” do caso BNP. “São dez anos de luta para
provar a inocência”, afirmou. O empresário imobiliário, a quem foi
determinada a maior caução de sempre em Portugal no valor de cinco
milhões de euros e o arresto preventivo de todos os seus bens, foi
absolvido esta segunda-feira dos crimes de burla qualificada e fraude
fiscal qualificada. “É um bom exemplo para a utilidade dos
megaprocessos”, acrescentou Saragoça da Matta.
Nas alegações
finais, em outubro de 2017, o Ministério Público pediu a condenação a
prisão efetiva para o antigo ministro da Saúde Arlindo Carvalho, bem
como para Oliveira Costa e restantes arguidos, deixando ao critério do
coletivo de juízes a medida da pena a aplicar. Na altura, o procurador
João Paulo Rodrigues deu como provados todos os factos que constam do
despacho de pronúncia e entendeu ainda não estar prescrito o crime de
fraude fiscal qualificada que envolve Arlindo Carvalho, o sócio deste na
imobiliária Amplimóveis, José Neto, e outros arguidos.
O
ex-presidente do BPN já foi condenado em primeira instância a 14 anos de
prisão no julgamento do processo principal do caso BPN, mas a decisão,
alvo de recursos, ainda não transitou em julgado.
* Quando ministro, para quem tem memória, Arlindo de Carvalho brincou bastante com a saúde do cidadão. É claro, tem dinheiro recorrerá as vezes que puder.
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