Contrapor o terror
O terrorismo é um problema que não vê solução à vista desde o
ataque às Torres Gémeas em 2001, deste traumatizante acontecimento que
se procura soluções à escala global para combater o terrorismo. O
terrorismo tem mudado a sua forma de atuar, mas sempre com o propósito
de matar em massa, de provocar medo, destabilizar e pressionar governos e
atacar o modo de vida “ocidental”. O primeiro impulso de combate global
foi a via bélica - ao mesmo nível do problema – pós 11 de Setembro. No
entanto a questão só se agravou por essa via. O terrorismo ganhou novas
formas e globalizou-se ainda mais. Como prova o recente ataque em
Manchester, que teve como alvo jovens e crianças, ao ataque em Cabul em
frente à embaixada alemã, com mais de 80 vítimas mortais. A estratégia
de eliminação do daesh tem de mudar, essa é cada vez mais a perspetiva
global.
No dia 30 de Maio a Comissão do Parlamento Europeu para as Liberdades
Cívicas, da Justiça e dos Assuntos Internos (LIBE) organizou, em
Bruxelas, um debate aberto às entidades envolvidas na área do
contraterrorismo e deu espaço à troca de ideias, meios e progressos.
Nesta iniciativa do LIBE houve espaço para a participação de
entidades da alçada da UE e não só. Com a participação de representantes
da Europol e da Frontex – agências de controlo de fronteiras e no
combate ao crime organizado e terrorismo – assim como de outras
organizações que combatem o crime organizado - como o Centro de
Inteligencia contra el Terrorismo y el Crimen Organizado (CItCO), com
sede em Madrid ou a divisão das Nações Unidas sobre Drogas e Crime e
Prevenção do Terrorismo. Procura-se em conjunto debater medidas que
atinjam a fonte de sustento das redes terroristas, como seja o crime
organizado, nas suas várias vertentes.
Na 29.ª cimeira bilateral entre Portugal e Espanha, que terminou dia
30 de Maio em Portugal, a cooperação transfronteiriça, para um combate
mais eficaz ao crime organizado e ao terrorismo foi também um dos eixos
centrais do debate. Firmou-se consensos do reforço de troca de
informações e do controlo da fronteira ibérica.
Já se começa a encarar as medidas de “contra-ataque” ao terrorismo
por outro prisma: a prevenção, o reforço de cooperação de informação
entre países, ir à raiz da causa. Veicula-se agora mensagens, aquando da
ocorrência de ataques como o de Manchester e Nice, mensagens de coragem
e união. Uma resposta que contrapõe o medo e a violência que o daesh
pretende perpetrar, invés de o tratar ao mesmo nível, pela violência.
Já se reconhece a necessidade urgente do reforço da troca de
informação e uma monitorização partilhada e reforçada de casos de
“risco”. Para que não se repita o drama de Manchester, em que os
diversos avisos para a linha antiterrorista não bastaram para que se
evitasse a morte de crianças e jovens.
Uma empresa de telecomunicações do Kuwait lançou em Maio um anúncio
para assinalar o mês sagrado do Ramadão. Neste anúncio, sobreviventes de
atentados, oriundos de diferentes países, desde o Kuwait à Jordânia,
dirigem-se ao “potencial bombista suicida”. A música do anúncio é de
amor, paz e de distanciamento da religião muçulmana do terrorismo. E
termina com a seguinte frase: “Vamos atacar os ataques de ódio deles com
canções de amor”. Uma mensagem que apela à paz e união dos povos. O
vídeo já soma quase três milhões de visualizações só no Médio Oriente.
Albert Einstein afirmou “Nenhum problema pode ser resolvido pelo
mesmo grau de consciência que o gerou” e bem se pode aplicar a esta
questão. A união diplomática e de políticas comuns entre o Ocidente e o
Médio-Oriente, com o reforço de políticas, tanto a nível de prevenção de
cyberataques, como na gestão e asilo de refugiados, tal como o combate
conjunto ao crime organizado, é essencial. O caminho para derrotar este
flagelo global, que é o terrorismo, é pela união, de organizações
governamentais, não-governamentais, e povos, sem deixar que provoquem
uma guerra de civilizações, reduzindo-os ao que são (apesar do que se
autointitulam): um grupo de criminosos.
* Lina F. Marques da Silveira é formada em Estudos Europeus e Política
Internacional, com mestrado em Política Internacional do Centre Européen
de Recherches Internationales et Stratégiques (CERIS) em Bruxelas.
Conta no currículo com organizações como o Parlamento Europeu, a
Bensaude SA. e a European Market Research Center (EMRC). A experiência
profissional internacional proporcionou oportunidades de trabalhar na
Guiné-Bissau, Uganda, Angola, Suíça, Holanda, Israel, entre outros.
Fundadora da plataforma de serviços PIC – Progress Inovation and Change (www.piccoaching.com), onde para além de serviços de Coaching oferece também serviços como consultora em projetos europeus, assim como de relações públicas e comunicação empresarial.
Fundadora da plataforma de serviços PIC – Progress Inovation and Change (www.piccoaching.com), onde para além de serviços de Coaching oferece também serviços como consultora em projetos europeus, assim como de relações públicas e comunicação empresarial.
IN "AÇORIANO ORIENTAL"
06/06/17
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