Grande trampa!
Trump, um “impreparado”, contra-atacou com mais ódio. Visitar o Papa não lhe cria uma auréola de anjo
O mundo está uma grande trampa! Já ninguém se sente seguro em lado nenhum e sentimos que navegamos num barco sem rumo.
Os
terroristas descobriram que os atropelamentos em massa são suficientes
para criar o pânico nas pessoas. Por quê? Porque temos medo de morrer e,
no nosso subconsciente, temos a perfeita lucidez de que todas as
cidades e locais estão vulneráveis a este tipo de atuação.
A
comunicação social, no seu papel de informar, dá-nos conta destes atos
tresloucados. Consequência da globalização, acedemos à informação em
tempo real.
Com o ataque suicida no Manchester Arena, os
terroristas voltam a dizer-nos que não abdicam de nenhum método de
violência. Estão dispostos a tudo. O seu ódio é tão cego que não se
importam de organizar ataques cujos alvos são crianças e adolescentes.
Este
clima de medo e de ódio está a contaminar todas as sociedades do mundo.
Trump, um “impreparado”, contra-atacou com mais ódio. Visitar o Papa
não lhe cria uma auréola de anjo.
Esqueceu-se que para comandar
há que ter nervos de aço e usar sabedoria. Mas também todos se esquecem
de que foi o ódio dos americanos face à situação interna do seu país que
os fez votar por rebelião. E agora? Agora temos o Trump.
Também
foi o ódio aos emigrantes, extensivo aos refugiados e a ausência de
respostas da União Europeia face aos desafios, bem como o populismo
político de alguns deputados britânicos que ditaram o resultado do
Brexit. E agora? Agora o Reino Unido está perante uma crise política com
ameaça de ser desmembrado.
A inteligência emocional ensina-nos a
perceber as emoções e a reagir conscientemente e a analisar o impacto
de certas atitudes nas reações das pessoas. É curioso que nos últimos
tempos temos vindo a assistir a atos de violência extrema que conduziram
à morte de algumas pessoas na nossa terra e que nunca pensamos que tal
pudesse ocorrer.
Psicólogos já alertaram para o impacto de jogos
violentos na formação da personalidade das crianças. O que todos se
estão a esquecer, é que este mesmo princípio aplica-se à totalidade da
população.
Todos nós estamos a ser vítimas do terrorismo porque
estamos a ser influenciados. Quando se usa o ódio para combater ódio,
ensinamos que é legítima a vingança. É o princípio - comportamento gera
comportamento.
Entretando, no meio deste turbilhão de
acontecimentos, a comunicação social apresenta-nos notícias que faz ter
esperança no futuro, fazendo-nos pensar.
Sem qualquer dúvida, o
protagonista desta semana foi Steve Jones, o sem-abrigo que prestou
auxílio às vítimas do Arena Manchester. Vagueava nas imediações do
concerto. Não tinha casa, nem carro, nem trabalho. Um excluído
socialmente como tantos outros, numa sociedade igual à nossa. Esta 2.ª
feira, foi à procura de moedinhas e acabou por nos dar uma lição de
moral.
As suas declarações foram de um verdadeiro ser humano:
“Não é porque sou um sem-abrigo, que signifique que eu não tenha um
coração e que eu não seja um ser humano. Eles precisavam de ajuda e eu
gostaria de pensar que alguém me ajudaria se eu precisasse de ajuda.”
Acrescentou “Foi instinto. Foi lá e ajudei”. “Se eu não ajudasse, eu não
seria capaz de viver com a minha consciência. Não podia virar as costas
e sair dali para fora e deixar as crianças assim”.
Sem nada, voltou a dar tudo o que tinha – a sua ajuda.
Esta
história teve um final feliz. Graças à sua humanidade, está a receber
ajuda para recuperar a sua vida. Mas, se agora lhe estão a ajudar,
porque não foi ajudado antes?
IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS DA MADEIRA"
28/05/06
.
Sem comentários:
Enviar um comentário