ESTA SEMANA NA
"VISÃO"
Não tem o hábito de falar sozinho?
É melhor começar...
Falar sozinho é comum, mas muitas vezes não é bem interpretado e pode até parecer indicador de algum problema de saúde mental. Mas a ciência só vê benefícios
Falar
sozinho faz bem. Alguns investigadores defendem que este hábito ajuda a
recuperar memórias, a aumentar a autoconfiança e a melhorar a
concentração. E, em alguns casos, pode fazer mais que isso.
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Eugene
Gamble dedicou parte da sua vida à medicina dentária, em Londres, mas
há três anos decidiu largar as suas funções e criar um negócio. Tinha
apenas um problema, como conta a BBC:
Não tinha grandes capacidades empresariais e, à medida que via as suas
ideias fracassarem, a sua confiança ficava também cada vez mais
fragilizada.
Para encontrar uma solução que o ajudasse a
encontrar o caminho certo, Gamble contratou um consultor de negócios,
mas estava longe de imaginar o conselho do profissional: falar sozinho.
“Foi
estranho porque era algo novo para mim. Não acreditei que funcionaria,
mas, quando tentei, pareceu perfeitamente lógico”, recorda o antigo
dentista, que atualmente é empreendedor no setor imobiliário.
Um estudo
de 2012, da Universidade de Wisconsin, nos EUA, analisou o impacto que
falar sozinho tem na memória. Aos participantes foi pedido que olhassem
para objetos que apareciam num ecrã de um computador. Alguns tinham de
dizer o nome dos objetos em voz alta, enquanto os outros apenas olhavam e
permaneciam em silêncio. O resultado revelou que aqueles que disseram o
nome dos objetos em voz alta identificaram os objetos mais rapidamente.
Embora
tenhamos a capacidade de reconhecer, por exemplo, uma cadeira, ao dizer
a palavra em voz alta o cérebro está a ativar uma informação adicional
sobre aquele item. “Dizer um nome em voz alta é uma poderosa ferramenta
de memória”, disse Gary Lupyan, principal autor do estudo.
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Um hábito amigo da saúde mental
A
psicoterapeuta Anne Wilson Schaef também recomendava aos seus pacientes
que falassem sozinhos. Quando, por exemplo, um paciente se sentia
irritado com alguma situação, Schaef pedia que a pessoa dissesse em voz
alta o que a estava a incomodar e isso fazia com que o sentimento de
raiva diminuísse. Este comportamento, além de recuperar capacidades a
nível da memória, também as fazia sentir melhor, destaca a terapeuta.
Uma outra investigação
de 2014, da Universidade de Michigan (EUA), concluiu que falar sozinho
pode ser uma boa ferramenta para aumentar a autoconfiança. No entanto, é
necessário escolher as palavras certas. A pesquisa revelou que falar na
segunda ou terceira pessoa promove mais sensações de tranquilidade,
confiança e produtividade. Além de que há um controlo maior nas emoções
do que ao falar na primeira pessoa.
“O diálogo interno na segunda
ou terceira pessoa não nos ajuda apenas a controlar o stress e as
emoções, também contribuiu para que tomemos decisões mais sensatas”,
explica Ethan Kross, principal autor da pesquisa.
O exemplo de
Gamble demonstra que dialogar sozinho, além de aumentar sua confiança,
também pode ajudar a nível profissional. Antes de uma reunião, o
empresário revê o que vai dizer em voz alta: primeiro escreve, de
seguida lê e depois corrige as palavras que prejudicam o seu discurso.
Gamble acrescenta que ouvir-se ajuda a organizar melhor os pensamentos e
a memorizar as apresentações.
* Pois claro, falar sózinho é uma excelente ginástica mental
.
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