Supermercados futuristas:
Fila para pagar
vai ser coisa do passado
Ir às compras e não ter filas de atendimento ou para pagar. É o cenário perfeito, certo? A Amazon pensou nisso e criou uma solução
Nascerá em breve o supermercado dos meus sonhos.
Não sou a
típica consumidora que gosta de fazer compras em supermercados ou
hipermercados, que deambula pelos corredores com calma puxando o cesto
ou empurrando o carrinho de compras como se não houvesse amanhã. Sou
obrigada a ir ao hipermercado todas as semanas fazer uma compra
específica, mas esta ida semanal é sempre um transtorno. Tira-me muito
mais tempo do que aquele que desejo gastar efetivamente. Seja porque há
cinco pessoas à minha frente no balcão para pedir ou porque estão cinco à
minha frente nas caixas para pagar, ou porque o híper está cheio de
pessoas com carrinhos que ocupam demasiado os corredores e isto
atrapalha muito a navegação de quem tem pressa. Pensando em consumidores
com perfil e comportamento idênticos ao meu, a Amazon decidiu criar o
Amazon Go, o supermercado do futuro.
Está isento de filas, registos e caixas. É mesmo assim e vai ser
realidade em breve. Tal como acontece no Metro, onde que temos de passar
o cartão no torniquete para entrar na zona da gare, no Amazon Go
passamos o smartphone (com a app instalada) na entrada, pegamos nos
produtos que queremos, a tecnologia faz o registo automático sem nos
apercebermos, saímos da loja tranquilamente e o débito é feito no cartão
de crédito associado ao nosso registo.
É um método cómodo e
simples para o utilizador, e assim ir às compras é algo descomplicado
como beber um copo de água. Ao invés de sentirmos que nos roubam tempo,
sentimos consideração relacionada à necessidade de entrar numa loja para
comprar. Não há filas de espera para pedir, não há filas de espera para
pagar. Na realidade, nem haverá torniquetes na entrada.
Acredito
que este sistema venha transformar a maneira de pensar dos supers e
hipers comuns que, apesar da preocupação com este assunto e dos esforços
já feitos, ainda não encontraram soluções verdadeiramente convenientes
para consumidores grab and go ou para aqueles que gostam de ir às
compras mas ficam desesperados com o tempo que gastam nas lojas. Fazer
compras pode ser um prazer e apesar da conveniência que o e-commerce
trouxe ao consumidor entrar fisicamente numa loja para ver, tocar,
provar, vestir, continua a ser uma experiência pessoal que pode ser
bastante positiva. Já há marcas a investir em novas soluções para que as
montras das lojas sejam interativas e proporcionem experiências
apelando ao consumidor para entrar.
A atualização deve ser rápida
para acompanharem as necessidades do consumidor contemporâneo que não
pode nem quer ver-se forçado a esperar demasiado para obter ou pagar um
produto. O tempo analógico deve ir ao encontro do tempo digital para que
o fosso da insatisfação diminua.
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Comecei a trabalhar em 1995 na revista do jornal A Bola enquanto tirava a licenciatura. Tive um ótimo editor que me pôs a entrevistar figuras de destaque da cultura portuguesa e a escrever sobre assuntos diversos, e esta experiência foi de extrema importância porque me deu confiança para escrever sobre (quase) qualquer coisa. Colaborei para diferentes media sobre viagens, música, cultura contemporânea, culturas africanas, comportamento, tendências de consumo, etc. Hoje sou gestora de comunicação independente para negócios, marcas e projetos artísticos. Defendo a importância de uma boa história na comunicação de qualquer marca e de conteúdos alinhados com os valores da cultura onde ela se insere.
O antropólogo Igor Kopytoff diz que os objetos têm histórias de vida apesar de serem coisas. E eu concordo com ele. Se as histórias alimentaram o nosso imaginário em criança, na vida adulta elas continuam a inspirar-nos, a tocar-nos e a dinamizar o mercado. Quem não gosta delas? Sou licenciada em Ciências da Comunicação e pós graduada em Antropologia na vertente Cultura Material e Consumo.
IN "VISÃO"
14/06/17
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