HOJE NO
"DIÁRIO DE NOTÍCIAS/
/DA MADEIRA"
339 idosos sofreram quedas
em 2016 no SESARAM
No
ano de 2016 foram registadas 339 quedas de idosos no SESARAM, destas 18
com lesão severa/grave, dez resultaram em fractura do colo de fémur,
revelou Ricardo Silva, enfermeiro supervisor do Hospital Dr. Nélio
Mendonça e gestor do Projecto de Prevenção de Quedas, ontem, durante a
apresentação nesta unidade de saúde. Desde 2007, quando começou este
trabalho, até ao ano passado, foram contabilizadas 2.127 ocorrências
deste tipo.
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A mortalidade de quem cai no primeiro mês é de 4 a
11% e sobe para 16 a 35% no primeiro ano, diz ainda o trabalho de
análise de dados do enfermeiro. 17% ficam dependentes, mais de metade
das pessoas que sofrem quedas passam a precisar de ajuda para caminhar e
30 a 35% perde a mobilidade. Um internamento por fractura do fémur
representa um custo médio de 4.100 euros.
O maior número de
quedas foi registado nas chamadas Unidades de Internamento de Longa
Duração (Hospital João de Almada e o Atalaia), 46,6%. Daí também a
recomendação para treino de equilíbrio nestas locais. Mas o maior índice
de quedas, tendo em conta os dias de internamento, regista-se na
Unidade de Cuidados Especiais, 3,06 comparado com o 0,91 do serviço
anterior.
Os que mais caem são maiores de 75 anos, até aos 89;
caem mais durante a manhã e caem sobretudo na enfermaria/quarto. A
maioria dos utentes que caiu estava só, resultado também da falta de
recursos humanos, referiu. 28 utentes caíram duas vezes. Um caiu seis.
O
número de quedas notificadas em 2016 foi o maior desde que há registo,
revelou Ricardo Silva. Isto não quer necessariamente dizer que mais
pessoas caiam, pode querer dizer que mais pessoas registam a queda no
sistema. O enfermeiro confessou ter medo dos serviços que apresentam
zero quedas.
O projecto de prevenção de quedas foi iniciado em
2007, nesse ano foram notificadas 41. Agora ganha nova força agora com
uma equipa própria que pretende dinamizar e promover estratégias de
prevenção de quedas de utentes do SESARAM e nos idosos da região, em
geral, um trabalho transversal que vai passar do hospital aos
internamentos de longa duração, dos centros de saúde às casas das
pessoas.
Nos hospitais são requeridas também algumas mudanças e
melhoramentos, nomeadamente em termos de intervenções básicas de
segurança. Ricardo Silva destacou por exemplo a renovação de
equipamentos, como camas, que devem ser reguláveis, colocação de barras
de protecção e colocação de antiderrapantes nas zonas de duche.
Deixar
os corredores livres de obstáculo ou quando não é possível colocar os
equipamentos apenas de um lado é outra das medidas sugeridas, juntamente
com uma boa iluminação, objectos ao alcance fácil do doente e protecção
durante o transporte. A colocação de alarmes e alertas consta da lista
de sugestões.
As medidas preventivas devem ser tomadas de acordo
com o grau de risco. Há uma lista de cuidados acrescidos para os doentes
com elevado risco de queda. Colocá-los em área de vigilância da
enfermagem e mantê-los amarrados com cinto quando sentados numa cadeira
são medidas a adoptar.
Mais do que penalizar, importa corrigir o
que está mal e por isso defendeu a promoção da notificação anónima. Com o
actual sistema é possível apurar trimestralmente não apenas o número de
quedas, como também as quedas repetidas, e as quedas por idade, o
local, por grupo de risco, por intervalo de tempo ou turno, e o número
de óbitos após queda.
O projecto pretende diminuir o número de
quedas, as consequências clínicas para o doente e os custos em saúde,
referiu Luísa Lopes, médica de medicina interna afecta ao Centro de
Saúde de Gaula, que com Ricardo Silva, que com outros dois médios e duas
enfermeiras constituem o núcleo duro. É lá que vai arrancar o
projecto-piloto, um centro de saúde com poucos utentes, 800 deles com
idade superior a 65 anos. Será de entre este será escolhida a amostra
para trabalhar. O objectivo é depois estender a todos os concelhos da
Madeira.
O projecto vai chegar não apenas aos idosos, mas
igualmente aos cuidadores formais (contratados) e não formais (família e
amigos), assim como aos profissionais de saúde que contactam com os
idosos, nas casas, nos centros de saúde e unidades hospitalares.
O
objectivo é avaliar o riso de queda, pelo menos uma avaliação por ano;
promover a segurança do idoso na sua casa, aumentando o número de
cuidadores formais e informais com formação, assim como a formação dos
próprios idosos nesta área; melhoria das suas condições se segurança nas
habitações, com avaliação dos factores de risco; e fazer uma avaliação
clínica do idoso.
“Este programa surgiu na continuidade daquele
que já existe no hospital do Funchal e que fez parte do programa para
acreditação para a qualidade da nossa instituição”, referiu Pedro Ramos,
á margem da apresentação. “E surgiu também numa sessão clínica aqui no
hospital do Serviço de Ortopedia, sobre as fracturas nos idosos sobre os
dinheiros e os custos que estas fracturas têm e o enorme peso na saúde
pública que representa para a Região autónoma da Madeira e naturalmente
que tínhamos de tomar medidas, e esta medida, a apresentação deste
programa hoje é a consequência disso”.
O secretário regional da
Saúde explica que o programa vai passar por visitas domiciliárias,
recomendações, campanha nos media e por uma auscultação de quais são as
necessidades, concelho a concelho, no sentido de ver qual o tipo de
intervenção que a Secretaria Regional da Saúde deverá assegurar.
* Algo vai mal na prevenção de quedas de idosos na Região Autónoma da Madeira.
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