HOJE NO
"JORNAL DE NEGÓCIOS"
Salários subiram mais do dobro em 2016
O desemprego continuou a melhorar em 2016 como já vinha acontecendo desde 2013, mas com uma diferença: os aumentos de salários aceleraram significativamente de 0,6% em 2015 para 1,6% em 2016, em boa medida devido à subida do salário mínimo.
O Banco de Portugal faz um balanço positivo da evolução do mercado de
trabalho em Portugal em 2016, notando a continuação da descida do
desemprego e uma novidade: os salários aceleraram de forma significativa
face a 2015, puxando pela inflação. De acordo com os dados declarados à
Segurança Social, os salários aumentam 1,6% em 2016, mais do dobro dos
0,6% registados em 2015.
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"A evolução do mercado de trabalho em
2016 continuou a caracterizar-se por um aumento do emprego e uma descida
da taxa de desemprego, mantendo o perfil de melhoria verificado a
partir do segundo trimestre de 2013, num quadro de dinamismo salarial
mais acentuado", lê-se no Boletim Económico de Maio, onde o banco
central faz um balanço da economia em 2016, e no qual quantifica que "de
acordo com os dados disponibilizados pelo Ministério da Solidariedade,
Emprego e Segurança Social (MSESS) as remunerações médias declaradas à
Segurança Social em 2016 registaram um crescimento de 1,6% face ao
período homólogo, o que se consubstancia numa aceleração de 1,0 pontos
percentuais face ao ano anterior".
Os economistas do banco
central consideram que o maior dinamismo "deverá reflectir, em parte, o
aumento do salário mínimo nacional", e sublinham que a subida é
particularmente relevante num contexto em que a negociação de contractos
colectivos, que definem os salários de 90% dos trabalhadores, permanece
pouco dinâmica.
Este
aumento de salários contribuiu para puxar pelo aumento dos preços em
Portugal, escreve ainda o banco central, explicando a inflação de 0,6%
na média do ano, uma ligeira aceleração face aos 0,5% de 2015.
Desemprego de longa duração prejudica crescimento potencial
Em
2016 a taxa de desemprego caiu de 12,4% em 2015 para 11,1% do PIB,
ficando próxima dos níveis de 2010. O número de desencorajados – os que
não procuram emprego, mas dizem-se dispostos a trabalhar – representou
4,6 da população activa, e o peso dos desempregados há mais de 12 meses
no desemprego total "manteve-se num nível muito alto" (62,1% ou 356 mil
indivíduos) resume o banco central, avisando que elevados níveis de
desemprego de longa duração tendem "a provocar uma depreciação acentuada
do capital humano, com efeito adversos no crescimento potencial da
economia".
O crescimento de empregos também colocado em
perspectiva. "De acordo com o Inquérito ao Emprego, o emprego total
aumentou 1,2 por cento em 2016, após um aumento de 1,1 por cento em
2015", escrevem os economistas do banco central notando que a economia
não recuperou sequer metade dos empregos perdidos na crise: "Apesar da
tendência crescente do emprego, os seus níveis mantêm-se historicamente
baixos, na sequência da queda sem precedente observada entre o final de
2008 e o princípio de 2013 que, de acordo com as Contas Nacionais
Trimestrais, correspondeu a cerca de 650 mil indivíduos. Cerca de 290
mil empregos terão entretanto sido recuperados até ao final de 2016",
lê-se no relatório.
O Boletim Económico de Maio fica marcado por
análise que evidencia os desenvolvimentos positivos da economia em 2016,
em particular da segunda metade do ano, ao mesmo tempo que avisa para a
situação muito frágil em que o país ainda se encontra.
Na análise do
banco a economia nacional está no bom caminho – as empresas estão a
ganhar quota de mercado nas exportações, a recuperação da economia no
final do ano e as medidas de apoio ao consumo privado foram compatíveis
com uma redução do défice orçamental e a manutenção de um excedente
externo em boa medida graças ao turismo, e o desemprego baixou – mas
tudo isto não esconde três grandes ameaças que pendem sobre o País: o
elevado endividamento privado e público, o baixo investimento na
economia que limita a produtividade e o envelhecimento populacional.
* Há mais sorrisos nas ruas mas não há motivo para grandes arraiais, acabámos apenas de sair do estado de coma, induzido por Sócrates, Coelho e Portas.
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