HOJE NO
"AÇORIANO ORIENTAL"
Sociedade marginaliza amor
entre os mais velhos
Os idosos valorizam o
sexo e as relações amorosas, mas o "erotismo no envelhecimento está
fortemente ameaçado", porque a sociedade marginaliza o amor nessa idade,
disse a investigadora Ana Carvalheira.
“Há uma série de mitos que ainda subsistem”, que faz com que as
pessoas ainda tenham “atitudes muito negativas” em relação à sexualidade
dos mais velhos, adiantou a professora e investigadora do ISPA –
Instituto Universitário, na véspera de se assinalar o Dia dos Namorados.
.
Essas atitudes resultam do facto de a “nossa sociedade marginalizar
as sexualidades não reprodutivas” e olhar para as “pessoas mais velhas”
como se já não sentissem desejo, lamentou Ana Carvalheira.
Na sociedade atual, “o modelo dominante da sexualidade” é o da pessoa
“jovem e bonita”, enquanto o envelhecimento é encarado como “um
humilhante processo de desqualificação sexual, sobretudo para as
mulheres”.
“O nosso corpo envelhece, a pele perde elasticidade, há uma série de
mudanças biológicas que acontecem no nosso corpo e um corpo velho não é
facilmente erotizado”, disse a investigadora, sublinhando que tanto os
homens como as mulheres erotizam pessoas mais novas.
Mas os homens e mulheres “são seres sexuados até à morte” e é
“preciso perceber que “a sexualidade é um caminho de descoberta até ao
final da vida”, defendeu.
Há mentiras que se dizem como “os mais velhos não têm interesse
sexual” ou “a capacidade sexual desaparece com a idade”, mas os estudos
demonstram o contrário, referiu.
A este propósito, Ana Carvalheira lembrou um estudo que conduziu, com
uma amostra de 750 homens e mulheres portugueses com mais de 65 anos,
que revelou que, para a maioria dos inquiridos, a atividade sexual tem
“alguma, muita ou muitíssima importância”.
Mostrou também que os homens dão mais importância ao sexo do que as
mulheres, uma situação que se deve em muito a fatores demográficos.
“Há uma assimetria demográfica muito preocupante, porque há muito
mais mulheres do que homens, há muito mais idosas do que idosos e há
muito mais mulheres sem companheiro do que homens”, adiantou.
Segundo a investigadora, esta situação levanta muitos problemas. “É
de uma desigualdade brutal”, disse, questionando: “Onde é que uma
senhora com mais de 70 anos encontra um parceiro sexual?”.
Pode encontrar na internet, “mas isso é para quem tem internet”, frisou.
Para Ana Carvalheira, a “desqualificação sexual das pessoas mais
velhas” também acontece porque “há uma perda da rede social, uma perda
de poder económico e a reforma é muitas vezes vivida com dificuldade”.
Contudo, salientou, a “terceira parte da vida” é “um momento
‘desenvolvimental’ importante, como todos os outros ao longo da vida”,
em que as pessoas podem “evoluir e fazer aprendizagens”.
Por outro lado, “vamos viver a sexualidade no final da nossa vida da mesma maneira que a vivemos ao longo da vida”.
“A sexualidade no final da vida é livre da contraceção, da
reprodução, do stress profissional, do cuidar dos filhos e de todas as
preocupações que os filhos trazem porque já foram embora, e pode ser um
período da vida muito mais tranquilo que permita a descoberta de novas
vivências eróticas e uma área de satisfação”, salientou.
Para Ana Carvalheira, é preciso que a sociedade perceba que “não é a
idade que impede uma vivência feliz da sexualidade”, mas sim as doenças,
os problemas de saúde e os tratamentos para essas doenças”, e deixe de
“marginalizar os mais velhos”.
* O assunto é demasiado sério para se ironizar mas a verdade é cada vez maior o número de jovens de ambos os sexos procuram parceiros mais velhos para uma aprendizagem enriquecedora e mais amante!
.
Sem comentários:
Enviar um comentário