02/12/2016

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Inverno sem gripe. 
Mantinha, lareira, muito feijão 
e chá quente

Mal começa a espirrar, alguém lhe sugere um sumo de laranja, certo? Esqueça esses velhos mitos. Para um inverno sem gripes há que apostar em leguminosas, raízes e bebidas quentes

Ainda andámos umas semanas num vai-não-vai de calor, frio, subida de temperaturas e primeiras chuvas. Mas estamos no final de novembro e temos de encarar os factos: ainda não estamos no inverno, mas quase, e o melhor é estar preparado para o que aí vem.

Para começar, as notícias não são animadoras. Os meteorologistas preveem que este seja o inverno mais frio dos últimos cem anos para a Europa. A este dado, que só por si já dá vontade de ligar o aquecedor, junta-se o aviso da Direção-Geral da Saúde de que o H3N2 – associado a um maior número de mortes – é o vírus da gripe predominante este ano. Mesmo com a DGS a garantir que esta estirpe está contemplada na vacina deste ano, não há nada como dar um reforço extra à prevenção e, desta vez, sem recurso a seringas.
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Antes mesmo de abrir o armário dos medicamentos para garantir que está armado de todos os antigripais do mercado, talvez seja boa ideia abrir antes a porta do frigorífico e ver se o que lhe enche as prateleiras é suficiente para enfrentar os próximos meses. Isto porque uma alimentação adequada à época pode juntar o melhor de dois mundos: aumentar a temperatura corporal e reforçar o sistema imunitário.

“Está na hora de deixar de lado as cervejas, os gelados e as frutas tropicais”, avisa Francisco Varatojo, pondo assim um fim definitivo ao verão. “Todas essas coisas são usadas para baixar a temperatura corporal e não é isso que queremos agora”, acrescenta o diretor do Instituto Macrobiótico de Portugal. Com a saída destes produtos da roda de alimentos de inverno entram, em substituição, os chás e as sopas. “E os estufados com vegetais e leguminosas também. O feijão é uma ótima fonte de vitaminas, por exemplo”, refere.

Para Francisco Varatojo, a bebida de eleição para o inverno é mesmo o chá, afastando assim os pensamentos idílicos de dias de frio com manta, lareira, caneca de leite quente e bolachas. “O leite é mesmo de se evitar, principalmente no inverno.”, alerta. O especialista em macrobiótica refere que as propriedades do leite provocam mucosidades que, mais tarde, acabam por resultar em constipações, rinites e sinusites.

O mito da laranja 
E se o leite era a solução das nossas mães para gargantas irritadas e noites frias, não havia quem não recomendasse um copo de sumo de laranja mal se fizesse ouvir o primeiro espirro. “Foi um bom trabalho de marketing dos produtores de laranja norte-americanos”, ironiza Francisco, justificando assim que o fruto seja sempre tido como principal fonte de vitamina C.

Lillian Barros corrobora a opinião e começa a elaborar uma lista de alimentos com mais vitamina C do que a laranja, mas que acabam sempre esquecidos. Podem ser menos conhecidos, como o camu-camu, ou tão banais como o kiwi, a papaia e o pimento vermelho cru (cozinhado perde propriedades). “É mesmo um mito urbano à volta da laranja. Até porque no inverno apetece mesmo é um chá quente, e não um sumo de laranja gelado”, refere a nutricionista.

O chá, a par das sopas, é elemento comum a todas as ementas elaboradas para os meses de inverno. “Precisamos de alimentos que sejam quentes pela temperatura a que são servidos, ou então que tenham propriedades termogénicas.” Nesta lista cabe o gengibre, os picantes, as pimentas e a canela. “Tudo isto deve ser usado com regularidade pela capacidade que têm de manter o corpo aquecido durante bastante tempo”, salienta.

Aquecer sem engordar  
Se as temperaturas não dessem o alerta, saberíamos que estamos prestes a entrar no inverno pelas ementas dos restaurantes. Cozido à portuguesa, feijoadas e arroz de sarrabulho saem da gaveta onde ficaram guardados em meses que pedem saladas e petiscos ao ar livre e começam a fazer parte do menu quase diário.

“Não é mania. O corpo pede realmente mais comida no inverno”, garante Lillian, justificando este facto científico com o calor gerado pelas calorias dos alimentos. No entanto, mesmo com o apoio da ciência, não há razão para engordar no inverno, até porque há forma de aquecer o corpo sem aumentar a quantidade de calorias ingeridas. “É aí que entram os alimentos quentes e os termogénicos. Com estes dois elementos, o corpo aquece sem precisar de comidas pesadas”, refere.

Com o corpo já quente, é preciso pensar nas defesas. Para esta função, Lillian aponta os probióticos como os melhores aliados. “O iogurte e o quefir são os melhores exemplos de alimentos ricos em probióticos, que mais não são do que bactérias de que o nosso intestino precisa para absorver nutrientes”, explica Lillian. “É por isso que costumo dizer que não somos o que comemos, mas sim o que absorvemos.”

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30/11/16


* Leia bons conselhos. Quanto ao leite só é bom para os recém-nascidos e da tetinha da mãe ou da ama.

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