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Inverno sem gripe.
Mantinha, lareira, muito feijão
e chá quente
Mal começa a espirrar, alguém lhe sugere um sumo
de laranja, certo? Esqueça esses velhos mitos. Para um inverno sem
gripes há que apostar em leguminosas, raízes e bebidas quentes
Ainda andámos umas semanas num vai-não-vai de
calor, frio, subida de temperaturas e primeiras chuvas. Mas estamos no
final de novembro e temos de encarar os factos: ainda não estamos no
inverno, mas quase, e o melhor é estar preparado para o que aí vem.
Para começar, as notícias não são animadoras. Os meteorologistas
preveem que este seja o inverno mais frio dos últimos cem anos para a
Europa. A este dado, que só por si já dá vontade de ligar o aquecedor,
junta-se o aviso da Direção-Geral da Saúde de que o H3N2 – associado a
um maior número de mortes – é o vírus da gripe predominante este ano.
Mesmo com a DGS a garantir que esta estirpe está contemplada na vacina
deste ano, não há nada como dar um reforço extra à prevenção e, desta
vez, sem recurso a seringas.
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Antes mesmo de abrir o armário dos medicamentos para garantir que
está armado de todos os antigripais do mercado, talvez seja boa ideia
abrir antes a porta do frigorífico e ver se o que lhe enche as
prateleiras é suficiente para enfrentar os próximos meses. Isto porque
uma alimentação adequada à época pode juntar o melhor de dois mundos:
aumentar a temperatura corporal e reforçar o sistema imunitário.
“Está na hora de deixar de lado as cervejas, os gelados e as frutas
tropicais”, avisa Francisco Varatojo, pondo assim um fim definitivo ao
verão. “Todas essas coisas são usadas para baixar a temperatura corporal
e não é isso que queremos agora”, acrescenta o diretor do Instituto
Macrobiótico de Portugal. Com a saída destes produtos da roda de
alimentos de inverno entram, em substituição, os chás e as sopas. “E os
estufados com vegetais e leguminosas também. O feijão é uma ótima fonte
de vitaminas, por exemplo”, refere.
Para Francisco Varatojo, a bebida de eleição para o inverno é mesmo o
chá, afastando assim os pensamentos idílicos de dias de frio com manta,
lareira, caneca de leite quente e bolachas. “O leite é mesmo de se
evitar, principalmente no inverno.”, alerta. O especialista em
macrobiótica refere que as propriedades do leite provocam mucosidades
que, mais tarde, acabam por resultar em constipações, rinites e
sinusites.
O mito da laranja
E se o leite era a solução das
nossas mães para gargantas irritadas e noites frias, não havia quem não
recomendasse um copo de sumo de laranja mal se fizesse ouvir o primeiro
espirro. “Foi um bom trabalho de marketing dos produtores de laranja
norte-americanos”, ironiza Francisco, justificando assim que o fruto
seja sempre tido como principal fonte de vitamina C.
Lillian Barros corrobora a opinião e começa a elaborar uma lista de
alimentos com mais vitamina C do que a laranja, mas que acabam sempre
esquecidos. Podem ser menos conhecidos, como o camu-camu, ou tão banais
como o kiwi, a papaia e o pimento vermelho cru (cozinhado perde
propriedades). “É mesmo um mito urbano à volta da laranja. Até porque no
inverno apetece mesmo é um chá quente, e não um sumo de laranja
gelado”, refere a nutricionista.
O chá, a par das sopas, é elemento comum a todas as ementas
elaboradas para os meses de inverno. “Precisamos de alimentos que sejam
quentes pela temperatura a que são servidos, ou então que tenham
propriedades termogénicas.” Nesta lista cabe o gengibre, os picantes, as
pimentas e a canela. “Tudo isto deve ser usado com regularidade pela
capacidade que têm de manter o corpo aquecido durante bastante tempo”,
salienta.
Aquecer sem engordar
Se as temperaturas não dessem o
alerta, saberíamos que estamos prestes a entrar no inverno pelas
ementas dos restaurantes. Cozido à portuguesa, feijoadas e arroz de
sarrabulho saem da gaveta onde ficaram guardados em meses que pedem
saladas e petiscos ao ar livre e começam a fazer parte do menu quase
diário.
“Não é mania. O corpo pede realmente mais comida no inverno”, garante
Lillian, justificando este facto científico com o calor gerado pelas
calorias dos alimentos. No entanto, mesmo com o apoio da ciência, não há
razão para engordar no inverno, até porque há forma de aquecer o corpo
sem aumentar a quantidade de calorias ingeridas. “É aí que entram os
alimentos quentes e os termogénicos. Com estes dois elementos, o corpo
aquece sem precisar de comidas pesadas”, refere.
Com o corpo já quente, é preciso pensar nas defesas. Para esta
função, Lillian aponta os probióticos como os melhores aliados. “O
iogurte e o quefir são os melhores exemplos de alimentos ricos em
probióticos, que mais não são do que bactérias de que o nosso intestino
precisa para absorver nutrientes”, explica Lillian. “É por isso que
costumo dizer que não somos o que comemos, mas sim o que absorvemos.”
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* Leia bons conselhos. Quanto ao leite só é bom para os recém-nascidos e da tetinha da mãe ou da ama.
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