HOJE NO
"DIÁRIO DE NOTÍCIAS
"DIÁRIO DE NOTÍCIAS
.DA MADEIRA"
Especialista diz na Madeira que o
combate se faz com as ‘tropas’ no chão
O
especialista em gestão do risco de incêndio florestal Tiago Oliveira
defendeu hoje, numa alusão à polémica sobre o uso de meios aéreos no
combate às chamas na Madeira, que “os incêndios se ganham com ‘tropas’
no chão”.
.
“Os incêndios ganham-se com ‘tropas’ no chão, com
equipamento adequado, com capacidade de liderança e com execução de uma
tática”, declarou o engenheiro agrónomo, membro do Centro de Estudos
Florestais do Instituto Superior de Agronomia (Universidade de Lisboa) e
responsável pela proteção da floresta da The Navigator Company (antigo
grupo Portucel/Soporcel).
Tiago Oliveira foi hoje, no Funchal, o
palestrante convidado da Ordem dos Engenheiros da Madeira, abordando o
tema “Gestão de risco de incêndio florestal - dos conceitos à operação”.
Depois
de sublinhar que a utilização de meios aéreos é uma opção “cara”, o
especialista referiu que só devem ser empregues “quando todo o sistema
está alinhado com o seu uso”.
“Não vale a pena lançar água quando
as pessoas cá em baixo não estão a usar as ferramentas adequadas para
que essa água seja só uma ajuda na tática de combate”, observou.
“Pode ter o efeito de conter o fogo, no entanto, uma vez contido, é preciso ir lá abaixo a pé e apagá-lo”, acrescentou.
A
utilização de meios aéreos para o combate às chamas na Madeira é um
tema polémico na região desde há vários, com opiniões distintas entre as
várias autoridades, que se referem a critérios como a orografia e os
ventos.
O tema voltou a estar na ordem do dia em agosto, com uma
semana de fogos que assolaram sobretudo o Funchal, fazendo três mortos e
157 milhões de euros em prejuízos na ilha da Madeira.
Sobre a
frequência anual dos incêndios no verão, Tiago Oliveira referiu que o
poder político tende a empregar soluções mais de curto prazo do que
duradouras, devido à pressão das populações.
“As comunidades,
porque querem o incêndio resolvido no curto prazo, levam o poder
político a satisfazer soluções de curto prazo, isto é, em que os
bombeiros, os meios e as soluções de combate são preferidos [em relação]
à solução de prevenção. Isto acontece aqui, nos Estados Unidos e na
Austrália”, explicou.
Para o engenheiro agrónomo, “tem de haver um sistema que seja consistente, equilibrado entre prevenção e combate”.
Sobre
a Madeira, Tiago Oliveira considerou importante ter em conta a
orografia da ilha, marcada por declives acentuados, mas referiu que “há
que fazer, acima de tudo, gestão de combustíveis, gerir a vegetação com
garra, com máquinas, com fogo controlado durante o inverno, com um
conjunto de ferramentas em quantidade e em locais específicos, atendendo
aos riscos e à cultura do país”.
No seu entender, é também
importante “atuar sobre a vegetação, mudar o comportamento das pessoas e
estar pronto para gerir eventos que não tenham sido prevenidos”.
* Quando o óbvio é explicado com inteligência, obrigado sr. engenheiro!
.
Sem comentários:
Enviar um comentário