28/10/2016

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HOJE NO 
"DIÁRIO DE NOTÍCIAS
.DA MADEIRA"


Especialista diz na Madeira que o 
combate se faz com as ‘tropas’ no chão

O especialista em gestão do risco de incêndio florestal Tiago Oliveira defendeu hoje, numa alusão à polémica sobre o uso de meios aéreos no combate às chamas na Madeira, que “os incêndios se ganham com ‘tropas’ no chão”.
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“Os incêndios ganham-se com ‘tropas’ no chão, com equipamento adequado, com capacidade de liderança e com execução de uma tática”, declarou o engenheiro agrónomo, membro do Centro de Estudos Florestais do Instituto Superior de Agronomia (Universidade de Lisboa) e responsável pela proteção da floresta da The Navigator Company (antigo grupo Portucel/Soporcel).

Tiago Oliveira foi hoje, no Funchal, o palestrante convidado da Ordem dos Engenheiros da Madeira, abordando o tema “Gestão de risco de incêndio florestal - dos conceitos à operação”.

Depois de sublinhar que a utilização de meios aéreos é uma opção “cara”, o especialista referiu que só devem ser empregues “quando todo o sistema está alinhado com o seu uso”.

“Não vale a pena lançar água quando as pessoas cá em baixo não estão a usar as ferramentas adequadas para que essa água seja só uma ajuda na tática de combate”, observou.

“Pode ter o efeito de conter o fogo, no entanto, uma vez contido, é preciso ir lá abaixo a pé e apagá-lo”, acrescentou.

A utilização de meios aéreos para o combate às chamas na Madeira é um tema polémico na região desde há vários, com opiniões distintas entre as várias autoridades, que se referem a critérios como a orografia e os ventos.

O tema voltou a estar na ordem do dia em agosto, com uma semana de fogos que assolaram sobretudo o Funchal, fazendo três mortos e 157 milhões de euros em prejuízos na ilha da Madeira.
Sobre a frequência anual dos incêndios no verão, Tiago Oliveira referiu que o poder político tende a empregar soluções mais de curto prazo do que duradouras, devido à pressão das populações.

“As comunidades, porque querem o incêndio resolvido no curto prazo, levam o poder político a satisfazer soluções de curto prazo, isto é, em que os bombeiros, os meios e as soluções de combate são preferidos [em relação] à solução de prevenção. Isto acontece aqui, nos Estados Unidos e na Austrália”, explicou.

Para o engenheiro agrónomo, “tem de haver um sistema que seja consistente, equilibrado entre prevenção e combate”.

Sobre a Madeira, Tiago Oliveira considerou importante ter em conta a orografia da ilha, marcada por declives acentuados, mas referiu que “há que fazer, acima de tudo, gestão de combustíveis, gerir a vegetação com garra, com máquinas, com fogo controlado durante o inverno, com um conjunto de ferramentas em quantidade e em locais específicos, atendendo aos riscos e à cultura do país”.

No seu entender, é também importante “atuar sobre a vegetação, mudar o comportamento das pessoas e estar pronto para gerir eventos que não tenham sido prevenidos”.

* Quando o óbvio é explicado com inteligência, obrigado sr. engenheiro!

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