HOJE NO
"OBSERVADOR"
"OBSERVADOR"
Saida Ahmad Baghili.
A jovem de 18 anos
que é o rosto da fome no Iémen
Saida Ahmad Baghili tem 18 anos e transformou-se no rosto da fome que
está a devastar o Iémen, um país que tem mais de 14 milhões de pessoas
em estado de insegurança alimentar. As imagens de Saida, divulgadas esta
semana, mostram uma jovem gravemente desnutrida, a quem até as roupas
de criança ficam largas. A jovem está neste momento a ser tratada no
hospital de al-Thawra, perto da cidade de Al Hudaydah, junto ao Mar
Vermelho, e foi lá que foi fotografada e se tornou num ícone de uma
guerra esquecida.
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“Uma geração inteira pode ser devastada pela fome”, assume o diretor do Programa Alimentar Mundial da ONU no Iémen, Torben Due. Segundo
a CNN, o programa tem distribuído comida a mais de três milhões de
pessoas por mês desde fevereiro, mas os recursos são cada vez mais
escassos. A ONU está, inclusivamente, a dividir os cabazes a meio, para
tentar fornecer comida ao dobro das pessoas. “Temos de fornecer uma
ração completa a cada família necessidade, mas infelizmente tivemos de
reduzir o tamanho do cesto de comida, e dividir a ajuda entre as
famílias pobres, para fazer face à necessidade crescente”, lamenta Due.
Saida “está doente há cinco anos. Não pode comer, diz que lhe dói a garganta”, conta a tia, Saida Ali, citada
pelo El Mundo. A familiar acrescenta que “o pai não pode assumir os
custos de a enviar para que a curem, mas algumas pessoas solidárias
ajudaram-na a vir”. O médico que a acompanha conta que a jovem apenas
bebe sumo, leite e chá, não conseguindo ainda comer. “Não come nada mas
estamos a tratar de a curar. Na zona em que ela vive há mais cinco casos
semelhantes. Não têm dinheiro para comprar alimentos”, explica ao El
País Maruan al Karim.
O Iémen vive em guerra desde o ano passado, altura em que os
rebeldes Houthi tomaram controlo da capital, depondo o governo, que era
apoiado pelos EUA. Na sequência deste golpe, foi formada uma coligação
de países árabes para tentar devolver o poder ao governo. O conflito
está em curso desde então, e o Iémen, um dos países menos desenvolvidos,
e o mais pobre do Médio Oriente, enfrenta grave problemas humanitários.
A
desnutrição é o principal problema do país, que tem de importar 90% dos
alimentos, e que tem uma esperança média de vida de 65 anos. Entre as
crianças com menos de 5 anos, 31% estão gravemente desnutridas — há mais
de 370 mil crianças malnutridas. O Programa Alimentar Mundial
necessitaria de mais de 200 milhões de euros para garantir o acesso de
toda a população a uma alimentação equilibrada e, sobretudo, suficiente.
* Seremos nós seres humanos?
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