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"CORREIO DA MANHÃ"
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Confraria da Foda Pias-Monção
quer promover cordeiro assado
Promover e valorizar o cordeiro assado enquanto ex-líbris gastronómico de Monção é o objetivo da "Confraria da Foda Pias-Monção", que já está oficialmente registada como tal, informou esta sexta-feira a entidade fundadora.
O presidente da Junta de Freguesia de Pias, entidade fundadora da associação, Agostinho Correia, contou à agência Lusa que a criação da confraria daquele prato típico era uma "ambição antiga" da população, agora "finalmente concretizada". "Como presidente da Junta fiquei muito satisfeito.
Para Pias foi maravilhoso, uma alegria imensa. É bom para a freguesia e para o concelho de Monção",comentou o autarca de Pias, aldeia situada no Vale do Gadanha, naquele concelho do Alto Minho. Inicialmente associado ao consumo familiar em dias festivos, o cordeiro à moda de Monção, de arroz pingado e com nome "Foda à Monção", tornou-se, desde há vários anos, uma referência na gastronomia do concelho e é servido em pequenos alguidares de barro.
O prato está em processo de certificação, aguardando o parecer da Direção Regional de Agricultura e Pescas do Norte (DRAPN). A Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC) é uma das entidades responsáveis pela certificação do prato registado como Especialidade Tradicional Garantida (ETG). A escritura da confraria foi assinada no passado dia 19 e a eleição dos 15 elementos da direção "deverá ocorrer até final do ano".
Segundo Agostinho Correia, o objetivo da confraria é "valorizar e promover" um prato típico da gastronomia do concelho e ainda "preservar a feira secular de gado que ainda hoje se realiza" e que deu origem do nome dado à iguaria.
A história prende-se com o hábito dos habitantes do concelho que não possuíam rebanhos de se dirigirem à feira de gado de Pias para comprar o cordeiro para a Páscoa. "Os produtores de gado, quando levavam o gado para a feira queriam vendê-lo pelo melhor preço. Para que os animais parecessem gordos, punham-lhes sal na forragem, o que os obrigava a beber muita água. Na feira, apareciam com uma barriga cheia de água e pesados, parecendo realmente gordos. Os incautos que desconheciam a artimanha compravam autênticos sacos de água e, quando se apercebiam do logro, exclamavam à boa maneira do Minho: 'que foda!'", explicou, adiantando que o termo se vulgarizou e o prato passou a ser designado por aquele termo.
Revelou que o traje dos confrades "já está a ser desenhado, inspirado nos símbolos da feira de gado, como o cajado, e será confecionado com cores alusivas ao prato e ao alguidar em barro onde é servido". Agostinho Correia adiantou que a apresentação pública da confraria acontecerá dias 25 e 26 de março "por altura da feira de gado da freguesia". "Vamos instalar uma tenda com cerca de 800 a mil metros quadrados para realizar uma mostra de degustação da Foda à Monção com a participação das adegas locais, arraial e animação", explicou.
Para o autarca a criação da confraria é "muito importante para não se perder uma tradição que caracteriza a freguesia e o concelho" e para "dinamizar a economia local". "Com criação confraria vai ter um impacto económico muito maior no concelho", disse, explicando que se trata de um prato "único".
"É especial porque o prato tem ser condicionado com carneiro, ovelha ou anho. Vai ao forno num alguidar de barro e a gordura da carne pinga no arroz. Nós até usamos a expressão: O arroz até se corta à faca. É muito saboroso", garantiu. A Câmara de Monção promoveu, durante dois fins de semana deste mês, um festival dedicado ao cordeiro (cabrito ou anho) para "atrair visitantes em época baixa para o setor turístico" num investimento municipal de 40 mil euros.
* A "Foda Pias-Monção" não vem no kama-sutra.
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