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"JORNAL DE NOTÍCIAS"
Queixas de discriminação aumentam 40%
As queixas por discriminação racial aumentaram 40% num ano e o principal alvo de comportamento desigual foi a comunidade cigana.
Em
2014, a Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial
recebeu 60 queixas e, no ano passado, 84. Em 2015, as pessoas da etnia
cigana foram as mais atingidas. No ano anterior, o principal motivo das
queixas foi o tom da pele. Estaremos a ficar mais racistas e menos
tolerantes?
.
As associações estão
convencidas de que há um aumento da visibilidade da discriminação devido
ao eco proporcionado pelas redes sociais. "As redes sociais têm
divulgado e espalhado esses comentários negativos sobre os ciganos",
explica Bruno Gonçalves, vice-presidente da associação Letras Nómadas.
Por outro lado, as redes sociais têm ajudado "a elucidar a mensagem da
comunidade cigana e de que é preciso denunciar".
Na
opinião de Bruno Gonçalves, "há quatro, cinco anos, essa intolerância
para com os ciganos era subtil. Hoje deixou de o ser e está mais clara.
Ganha sempre expressão na altura das crises económicas".
O
Governo prepara novas medidas para atacar o problema da habitação e da
educação desta comunidade, adianta a secretária de Estado para a
Cidadania e para a Igualdade, Catarina Marcelino. A estratégia nacional
de integração das pessoas ciganas vai a meio, lembra a governante, e da
avaliação em curso nascerão novas medidas.
No
domínio da habitação, está a ser feito um levantamento para que possam
ser corrigidas algumas falhas. "No interior do país, existem muitos
casos de habitação não clássica: barracas, casas abandonadas. E temos de
ter uma estratégia para essa realidade, que obviamente passa pela
tutela da habitação e das autarquias locais."
José
Falcão, da associação SOS Racismo, fala de um impunidade quase completa
para com estas questões e do que pouco que tem sido feito. "Não gosto
de falar de números. Não traduzem realidade nenhuma, por estarem muito
aquém do que tem sido esta realidade." Lembra que a legislação data de
1999 e que esteve para ser alterada por diversas ocasiões, mas, "por
falta de vontade política, vai-se mantendo".
A
lei que proíbe a discriminação racial sob todas as usas formas é pouco
eficaz, acusa. "O que é que aconteceram às queixas, que desenvolvimentos
tiveram? São muito poucos os casos que mereceram condenação." Dos casos
de 2014, apenas uma configurou matéria criminal, 18 deram origem a
processos de contraordenação e 12 resultaram em participações enviadas à
Entidade Reguladora para a Comunicação Social. José Falcão destaca
entre os principais problemas facto de as decisões serem quase sempre
encaminhadas para as respetivas inspeções gerais, que demoram a
pronunciar-se, levando à prescrição dos processos.
A
lei prevê que a maior parte das práticas discriminatórias é passível de
contraordenação. É o caso de recusar o aluguer a alguém por causa da
sua proveniência. É considerado crime se houver constituição de
organizações ou divulgação de conteúdos que promovam a discriminação, o
ódio ou a violência contra uma pessoa ou grupo por causa da sua raça,
cor, origem étnica ou nacional, religião, sexo ou orientação sexual.
* A cultura judaico-cristã é xenófoba de raíz, a igualdade nem na bíblia existe.
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