17/07/2016

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ESTA SEMANA NA 
 "VISÃO"
Transportes Europeus: 
Os números que importam

Nova secção de dados da Pordata tem mais de 100 indicadores. Conheça melhor alguns.

O que sabemos sobre o sector dos Transportes na Europa? Quantos quilómetros de autoestradas existem? Quais os países que mais investem em cada tipo de infraestrutura? Como é que Portugal compara com o resto dos países europeus? Até há bem pouco, era quase impossível responder a esta pergunta. Havia muitos dados e números, mas a informação estava dispersa e fragmentada por uma série de bases de dados, muitas das quais de âmbito puramente nacional.

Com a nova secção ‘Transportes na Europa’, criada recentemente pela Pordata, é possível dar resposta a todas estas questões. A base de dados inclui números provenientes de fontes nacionais e internacionais, apresentados de uma forma simples e em termos comparáveis. Estes são alguns dos que pode encontrar numa consulta ao site:

1. O Luxemburgo é (de longe) o país com mais veículos ligeiros de passageiros. Pelo menos, se a conta for feita numa base per capita – que é como deve ser feita, para eliminar o facto de os países europeus terem populações muito diferentes. Em 2013, o último ano para o qual há dados, havia 688 veículos por cada mil habitantes. Portugal aparece no meio da tabela: tem 428 veículos por mil habitantes.

2. Apesar de o número de carros do país não ser nada do outro mundo, aqueles que temos têm das melhores condições para circular. Portugal tem 2988 quilómetros de autoestradas, um valor que não é dos mais altos da União mas que ganha bastante dimensão se for dividido pelas métricas habituais (por habitante ou por extensão do território). E, Neste capítulo, o desenvolvimento fez-se quase todo a partir dos anos 90. Em 1990, a extensão das auto-estradas nacionais não ia além dos 316 quilómetros. Praticamente só tínhamos a A1 (que liga Lisboa ao Porto).

3. A União Europeia, no seu conjunto, tem 460 aeroportos comerciais – uma contabilidade que leva em conta tanto os aeroportos principais como as infraestruturas consideradas secundárias. O país com mais aeroportos é França, com um total de 62, seguido do Reino Unido (45). Mas ter mais aeroportos não significa necessariamente ter mais aeronaves. Neste ranking, é a Alemanha e o Reino Unido que levam a dianteira, com 1242 e 1113 unidades, respectivamente. Cerca de 25% desta frota só foi construída (ou adquirida) nos últimos dez anos, o que mostra bem o crescimento do sector ao longo da década passada.
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4. É frequente encontrarmos pessoas com medo de voar. A julgar pelos números, o medo é completamente irracional. Em 2014, a nível europeu houve apenas 36 mortes na sequência de acidentes aéreos. Muito menos do que se verificou no seguimento de acidentes ferroviários (mais de 1000) ou rodoviários (cerca de 1.500). Na verdade, o transporte por avião parece ser muito mais seguro do que as alternativas terrestres (e provavelmente também em relação às alternativas marítimas, mas neste caso os números são mais difíceis de obter).

5. Apesar da sua pequena área, os Países Baixos são um gigante do comércio marítimo. Em 2014 os portos respectivos permitiram um transporte de contentores com o peso total de 400 mil toneladas, o que representa cerca de 17% da totalidade do transporte marítimo. O segundo país da lista é o Reino Unido, com 325 mil toneladas. Portugal regista cerca de um décimo do valor dos Países Baixos – 44 mil toneladas, valor que não variou muito ao longo da década anterior.
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6. O investimento em infra-estruturas caiu a pique nos últimos anos. A tendência parece ser transversal a quase todos os países europeus, mas é especialmente pronunciada em Portugal. Em 2013, o último ano para o qual há dados, a economia nacional gastou apenas 369 milhões de euros na construção de infra-estruturas rodoviárias, marítimas, aéreas ou ferroviárias, menos do que em 2012 (489 milhões), 2011 (518 milhões) e 2010 (2,1 mil milhões). O esforço de contenção orçamental foi uma das razões por trás desta alteração de rumo. Entre 2000 e 2007, os gastos médios com infraestruturas foram de 2,2 mil milhões de euros.

* Escreve quem sabe, autor Pedro Romano, da Fundação Francisco Manuel dos Santos


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