ESTA SEMANA NA
"VISÃO"
Transportes Europeus:
Os números que importam
Nova secção de dados da Pordata tem mais de 100 indicadores. Conheça melhor alguns.
O que sabemos sobre o sector dos Transportes na Europa? Quantos
quilómetros de autoestradas existem? Quais os países que mais investem
em cada tipo de infraestrutura? Como é que Portugal compara com o resto
dos países europeus? Até há bem pouco, era quase impossível responder a
esta pergunta. Havia muitos dados e números, mas a informação estava
dispersa e fragmentada por uma série de bases de dados, muitas das quais
de âmbito puramente nacional.
Com a nova secção ‘Transportes na
Europa’, criada recentemente pela Pordata, é possível dar resposta a
todas estas questões. A base de dados inclui números provenientes de
fontes nacionais e internacionais, apresentados de uma forma simples e
em termos comparáveis. Estes são alguns dos que pode encontrar numa
consulta ao site:
1. O Luxemburgo é (de longe) o país com mais
veículos ligeiros de passageiros. Pelo menos, se a conta for feita numa
base per capita – que é como deve ser feita, para eliminar o facto de os
países europeus terem populações muito diferentes. Em 2013, o último
ano para o qual há dados, havia 688 veículos por cada mil habitantes.
Portugal aparece no meio da tabela: tem 428 veículos por mil habitantes.
2.
Apesar de o número de carros do país não ser nada do outro mundo,
aqueles que temos têm das melhores condições para circular. Portugal tem
2988 quilómetros de autoestradas, um valor que não é dos mais altos da
União mas que ganha bastante dimensão se for dividido pelas métricas
habituais (por habitante ou por extensão do território). E, Neste
capítulo, o desenvolvimento fez-se quase todo a partir dos anos 90. Em
1990, a extensão das auto-estradas nacionais não ia além dos 316
quilómetros. Praticamente só tínhamos a A1 (que liga Lisboa ao Porto).
3.
A União Europeia, no seu conjunto, tem 460 aeroportos comerciais – uma
contabilidade que leva em conta tanto os aeroportos principais como as
infraestruturas consideradas secundárias. O país com mais aeroportos é
França, com um total de 62, seguido do Reino Unido (45). Mas ter mais
aeroportos não significa necessariamente ter mais aeronaves. Neste
ranking, é a Alemanha e o Reino Unido que levam a dianteira, com 1242 e
1113 unidades, respectivamente. Cerca de 25% desta frota só foi
construída (ou adquirida) nos últimos dez anos, o que mostra bem o
crescimento do sector ao longo da década passada.
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4. É frequente encontrarmos pessoas com medo de voar. A julgar pelos
números, o medo é completamente irracional. Em 2014, a nível europeu
houve apenas 36 mortes na sequência de acidentes aéreos. Muito menos do
que se verificou no seguimento de acidentes ferroviários (mais de 1000)
ou rodoviários (cerca de 1.500). Na verdade, o transporte por avião
parece ser muito mais seguro do que as alternativas terrestres (e
provavelmente também em relação às alternativas marítimas, mas neste
caso os números são mais difíceis de obter).
5. Apesar da sua
pequena área, os Países Baixos são um gigante do comércio marítimo. Em
2014 os portos respectivos permitiram um transporte de contentores com o
peso total de 400 mil toneladas, o que representa cerca de 17% da
totalidade do transporte marítimo. O segundo país da lista é o Reino
Unido, com 325 mil toneladas. Portugal regista cerca de um décimo do
valor dos Países Baixos – 44 mil toneladas, valor que não variou muito
ao longo da década anterior.
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6. O investimento em infra-estruturas caiu a pique nos últimos anos. A
tendência parece ser transversal a quase todos os países europeus, mas é
especialmente pronunciada em Portugal. Em 2013, o último ano para o
qual há dados, a economia nacional gastou apenas 369 milhões de euros na
construção de infra-estruturas rodoviárias, marítimas, aéreas ou
ferroviárias, menos do que em 2012 (489 milhões), 2011 (518 milhões) e
2010 (2,1 mil milhões). O esforço de contenção orçamental foi uma das
razões por trás desta alteração de rumo. Entre 2000 e 2007, os gastos
médios com infraestruturas foram de 2,2 mil milhões de euros.
* Escreve quem sabe, autor Pedro Romano, da Fundação Francisco Manuel dos Santos
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