HOJE NO
"DIÁRIO ECONÓMICO"
TAAG em "sérias dificuldades"
para pagar a fornecedores
A transportadora aérea estatal angolana TAAG admitiu hoje que enfrenta "sérias dificuldades" para cumprir as "obrigações contratuais" com fornecedores e credores, devido à conjuntura em Angola, nomeadamente a falta de divisas.
A situação é admitida num comunicado divulgado hoje pela
transportadora, confirmando a suspensão da compra, com recurso a moeda
nacional angolana, o kwanza, de bilhetes para viagens com destino a
Luanda e o início no exterior do país, que a Lusa noticiou na
quinta-feira.
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"Tendo em consideração a crise económica que assola a República de
Angola", que tem criado "desequilíbrios financeiros e contabilísticos de
forma generalizada" e "bem notável e acentuada escassez no acesso e
disponibilidade da moeda estrangeira, particularmente no setor da
aviação civil", justifica a companhia.
"Os elevados custos operacionais no exterior do país", diz ainda a
TAAG no comunicado enviado à Lusa, tem levado a companhia a "enfrentar
sérias dificuldades em honrar com as obrigações contratuais junto dos
fornecedores e credores".
Daí que a companhia espere aumentar as vendas em moeda estrangeira,
como em dólares e euros, para fazer face às necessidades operacionais
fora do país.
A Lusa noticiou na quinta-feira que a compra de viagens aéreas para
Luanda, com início fora de Angola, em kwanzas, deixou de ser possível a
partir, com a suspensão, desde aquele dia, dessas operações pela
companhia de bandeira angolana, que desde o final de 2015 está sob
gestão da Emirates.
A informação foi então confirmada à Lusa por fonte oficial da
transportadora área estatal de Angola, que segue os passos de todas as
restantes companhias internacionais que operam a rota de Luanda,
incluindo a portuguesa TAP, que há vários meses deixaram de aceitar
kwanzas na compra de passagens para viagens que não se iniciem na
capital angolana, face à dificuldade em repatriar divisas.
Angola vive desde o final de 2014 uma profunda crise decorrente da quebra da cotação de petróleo no mercado internacional.
A portuguesa TAP aplicou a mesma medida em Janeiro de 2015, alegando a crise no acesso a divisas que já então se fazia sentir.
A espanhola Iberia deixou de voar para Luanda no final de maio e a moçambicana LAM desde o início de Julho.
Só a TAP, segundo o relatório e contas da Parpública tinha depósitos
em Angola no montante de 27,7 milhões de euros, no final de 2015, que
estava com dificuldade de repatriar.
A Lusa noticiou a 3 de Junho que Angola é o quinto país do mundo com
mais fundos retidos às companhias aéreas, que não paga há sete meses,
acumulando dividendos de 237 milhões de dólares (213 milhões de euros)
que as transportadoras não conseguem repatriar.
Os dados constam de um comunicado da Associação Internacional de
Transporte Aéreo (IATA) que coloca Angola numa lista de países liderada
pela Venezuela, com 3.180 milhões de dólares (16 meses sem transferir
dividendos), seguida da Nigéria (591 milhões de dólares, sete meses),
Sudão (360 milhões de dólares, quatro meses) e Egipto (291 milhões de
dólares, quatro meses).
No mesmo comunicado, a IATA, que representa 264 companhias aéreas e
83% do tráfego global, afirma que pediu aos governos "que respeitem os
acordos internacionais que os obrigam a garantir que as companhias
aéreas sejam capazes de repatriar suas receitas".
* As contas bancárias de "zedu", família e sequazes estão tão obesas quanto tísicas estão as contas do Estado.
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