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Caixa, mas sem surpresas,
IN "JORNAL DE NOTÍCIAS"
21/06/16
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Caixa, mas sem surpresas,
por favor
Já foi dito e repetido: a CGD é o maior
banco do sistema, com cerca de 71 mil milhões de ativos. Tendo em conta
as exigências mais apertadas em termos de rácios de capital e a
desvalorização por causa da crise, é normal que a Caixa precise de
recapitalização. A questão está em saber quanto será necessário para que
o banco possa assumir todas as suas perdas e, a partir daí,
concentrar-se em ser aquilo que sempre deveria ter sido: um banco
público com o desígnio claro de financiamento da economia produtiva.
Outra
coisa é a nosso direito de exigir saber quando, de que forma e em que
montantes foi a Caixa usada para operações de crédito que lesaram os
seus (e os nossos) interesses. A Caixa não pode estar acima de
escrutínio, pelo contrário.
Há duas formas, para já, de fazer este escrutínio.
A
primeira é uma Comissão de Inquérito (CPI). É um instrumento válido, e
que já nos serviu muito. Mas tem desvantagens: o difícil acesso a
informação devido ao sigilo bancário, sobretudo num banco em
funcionamento, e o risco de ser utilizado como arma de arremesso
político. Uma CPI sobre as operações de crédito corre o primeiro risco,
mas não o segundo. Uma CPI, como propõe o PSD, a um processo de
recapitalização que está em curso neste momento, corre ambos os riscos.
Ou seja, não só pode ser ineficaz, como claramente serve o propósito de
desestabilizar um processo, já de si frágil, e isso não podemos aceitar.
A
segunda possibilidade, que o Bloco apresentará na Assembleia, é de uma
auditoria forense, a mando do acionista Estado, cujas conclusões possam
ser enviadas para o Banco de Portugal e o Ministério Público. Esta
possibilidade tem duas vantagens: não irá esbarrar no sigilo bancário,
será rápida e menos passível de causar danos à estabilidade da Caixa.
Seja
qual for o instrumento mais adequado, não podemos é cair do erro, como
parece querer fazer o Governo, de achar que só o que está para a frente é
que interessa. O banco público tem obrigação de prestar contas sobre o
seu passado.
Nota: No último artigo,
apresentei dados de recapitalização dos bancos sem contar com os CoCos.
Fui alertada por um leitor, com razão, que no caso do BPI os CoCos
apareciam incluídos no número. Aqui ficam os dados corretos. Desde 2011,
BPI 393 milhões; BCP 4500 milhões, CGD 750 milhões, Montepio 940
milhões.
DEPUTADA DO BE
IN "JORNAL DE NOTÍCIAS"
21/06/16
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