HOJE NO
"JORNAL DE NEGÓCIOS"
Mercados:
Cinco gráficos que mostram
o efeito do Brexit
Bolsas em queda, banca a afundar. A dívida dos países da periferia do euro a descer de forma expressiva, enquanto a da Alemanha tocava novos mínimos. Um verdadeiro descalabro nos mercados espoletado pelo Brexit que atirou a libra para mínimos de 1985.
Brexit
ou Bremain? Nos mercados, poucos acreditavam que a saída conseguisse
vencer, mas venceu. Uma surpresa negativa que caiu que nem uma "bomba",
afundando a libra contra as restantes moedas. Espoletou uma fuga ao
risco que arrasou as bolsas e a dívida da periferia da Zona Euro,
fazendo disparar os juros. A dívida alemã foi refúgio, assim como o ouro
que voltou a brilhar.
Libra volta a níveis de 1985
O mercado cambial
é extremamente rápido a reagir a qualquer evento positivo ou negativo. E
se antes do referendo oscilou ao sabor das sondagens, a libra acalmou
com a perspectiva de um Bremain, a surpresa com o Brexit fez mossa. A
moeda do Reino Unido foi fortemente castigada pelos investidores, tais
os receios em torno da economia britânica perante a decisão de sair da
União Europeia.
A libra chegou a afundar um máximo de 11,08% contra o dólar,
tocando nos 1,3229 dólares, o valor mais baixo desde 1985. Ou seja, é
preciso recuar 31 anos para ver a moeda britânica nestes níveis contra a
divisa dos EUA. Mesmo face ao euro, que foi também fortemente
castigado, a libra caiu 6,33% para 1,2245 euros. A descida só aliviou
–8,44% para 1,3622 dólares – com o compromisso dos bancos centrais em
injectarem a liquidez que for necessária neste momento de alta
volatilidade.
Bolsas europeias afundam. Periferia em choque
Não foi só no cambial que o Brexit se fez sentir. Todos os activos de
risco sofreram com a votação dos britânicos no referendo à saída da
União Europeia. As bolsas europeias
sentiram de forma mais expressiva a fuga dos investidores. Enquanto o
S&P 500 cedia 2,5%, o Stoxx 600 perdeu 7,03%, com a banca a ser
fustigada. O índice que segue o sector europeu perdeu 14,46%.
Os bancos britânicos perderam, num só dia, o equivalente a quase
50 mil milhões de euros. Mas foram os bancos da periferia os mais
fustigados em bolsa. Eurobank, Banca Poplare e o Intesa Sanpaolo
registaram das maiores descidas, fazendo com que os índices da periferia
se destacassem nas quedas. O MIBTEL, de Itália, caiu 12,48%, já o IBEX-35, de Espanha, perdeu 12,35%. Em Lisboa, o PSI-20 recuou 6,99% para tocar mínimos de 20 anos. A EDP
pesou no índice nacional ao ceder 10,68% para 2,635 euros – perdeu mais
de mil milhões de euros só numa sessão. A queda mais expressiva coube,
no entanto, ao BCP: 12,20% para 1,8 cêntimos, já a Pharol subiu 2,11% à boleia da Oi.
Juros disparam na periferia, tocam mínimos na Alemanha
Não foi só nos mercados accionistas que a periferia foi mais
castigada. Também nos mercados de dívida, os países periféricos da Zona
Euro também sofreram mais do que os restantes com a fuga dos
investidores ao risco. Os títulos a dez anos de Portugal chegaram a cair
47,0 pontos base para 3,559%, a maior subida desde Julho de 2013,
altura em que Paulo Portas,
então ministro dos Negócios Estrangeiros, apresentou a demissão que
classificou de "irrevogável". Em Espanha e Itália, a taxa das obrigações
a dez anos registaram subidas de 16,5 e 15,7 pontos base,
respectivamente, chegando a 1,632% e 1,557%.
A forte subida foi travada pela disponibilidade dos bancos centrais
mundiais em aliviarem as tensões nos mercados com mais liquidez,
especialmente o BCE. Ainda assim, a taxa portuguesa subiu 26,7 pontos
para 3,357%, com o prémio de risco face à Alemanha a disparar para 340,7
pontos. É que se os investidores saíram da dívida da periferia,
procuraram refúgio na alemã. As "bunds" chegaram a "terreno" negativo no
prazo a 15 anos: 0,107%.
Matérias-primas perdem fôlego
Assistiu-se a uma fuga aos activos de risco. Por lado pela surpresa
quanto ao Brexit, por outro pelos receios quanto ao impacto que esta
saída do Reino Unido da União Europeia pode ter na economia global.
Segundo a T. Rowe Price Group, uma gestora de activos, o risco de uma
recessão a nível mundial passou para mais de 50%. E, assim, as
matérias-primas foram fortemente castigadas, em especial o petróleo.
O "ouro negro" voltou a negociar abaixo dos 50 dólares por
barril, em ambos os mercados de referência. Em Nova Iorque, o West Texas
Intermediate (WTI) cede 4,19% para os 48,01 dólares por barril, depois
de ter chegado a afundar quase 7%, enquanto o Brent, em Londres,
deprecia 4,34% para os 48,71 dólares por barril.
A pressão fez-se sentir nos metais. O cobre afunda 4% para 4.588
dólares por tonelada métrica, já no mercado de futuros, para entrega em
Julho, descia 2,29% para 211,30 dólares por libra-peso. O ouro, por seu,
lado estava a beneficiar da procura por refúgio.
Ouro com melhor sessão desde 2008
Com os investidores a temerem as consequências que a saída do Reino
Unido poderá ter para a economia, acabaram por procurar activos
percepcionados como mais seguros. Foi o caso do ouro.
Enquanto tudo afundou, o metal precioso contrariou a tendência,
registando mesmo a melhor sessão desde 2008. O metal chegou a subir mais
de 8%, a maior subida desde o pico da crise financeira de 2008, para os
1.358,54 dólares, o valor mais elevado desde Março de 2014.
O Société Générale tinha já publicado uma estimativa de que o
metal poderia chegar aos 1.400 dólares por onça em caso de Brexit. O
ouro seguia a ganhar 4,93% para os 1.318,86 dólares por onça, elevando
para 22,56% a subida em 2016.
* Muito bem explicado!
.
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