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"DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
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Salgueiro Maia condecorado
em gesto de "reparação histórica"
Marcelo considerou capitão de Abril "um símbolo daquilo que é o português", na sua "dedicação à pátria"
O
Presidente da República atribuiu hoje, a título póstumo, a Grã-Cruz da
Ordem do Infante D. Henrique a Salgueiro Maia, num gesto de
"reconhecimento da pátria portuguesa", dizendo que nunca é tarde para a
"reparação histórica".
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A viúva do
capitão de Abril, Natércia Salgueiro Maia, que recebeu das mãos de
Marcelo Rebelo de Sousa esta condecoração, disse estar "reconfortada
pela decisão do senhor Presidente" e agradeceu-lhe, emocionada.
O
filho de Salgueiro Maia, Filipe, e a neta, Daniela, também estiveram
presentes nesta cerimónia, que decorreu na Sala dos Embaixadores do
Palácio de Belém, em Lisboa.
Numa curta
intervenção, de cerca de cinco minutos, o chefe de Estado apontou
Salgueiro Maia como "um exemplo" e defendeu que "Portugal não é avaro em
gratidão", embora isso possa acontecer tardiamente.
"Pode
demorar tempo. Pode haver quem, por distração, pode considerar que é
mais importante o que não é, não preste a homenagem devida no tempo
devido. Mas há sempre a hipótese de reparar. Essa reparação histórica,
esse reconhecimento histórico está feito", declarou Marcelo Rebelo de
Sousa.
Natércia Salgueiro Maia
considerou "muitíssimo justas" as palavras do Presidente da República e
recordou que passou com o marido "momentos de alguma mágoa e tristeza
pela forma como era tratado".
"Algumas
vezes ouvi-o desabafar: tratam-me como se eu fosse um traidor à pátria,
então, que me julguem. Infelizmente, o meu marido já não está entre nós.
Por ele, sinto-me reconfortada pela decisão do senhor Presidente em lhe
atribuir esta condecoração. Muito obrigada", acrescentou.
Nesta
cerimónia, o tenente-coronel Fernando José Salgueiro Maia foi
condecorado, a título póstumo, com o grau de Grã-Cruz da Ordem do
Infante D. Henrique, por alvará datado de 25 de Abril deste ano - data
em que o Presidente da República anunciou esta condecoração, em
Santarém.
Marcelo Rebelo de Sousa
referiu que pretendia fazer esta homenagem na data do aniversário de
Salgueiro Maia, 01 de julho, mas teve de antecipá-la para hoje devido à
sua visita oficial à Região Autónoma da Madeira.
O
chefe de Estado disse que Salgueiro Maia "era um símbolo daquilo que é o
português, cá dentro e lá fora, na sua humildade, na sua simplicidade,
na sua abnegação, na sua dedicação à pátria".
"A
excelência de Salgueiro Maia justifica esta homenagem singular. Por
isso, vou ter a honra de entregar à sua família, pensando naqueles que
são mais futuro do que nós somos, aquilo que é um reconhecimento da
pátria portuguesa", concluiu.
Natércia
Salgueiro Maia quis estender esta homenagem a todos "os implicados no 25
de Abril", utilizando uma expressão do seu marido.
"É
um ato de justiça e de gratidão para com aqueles que, num gesto de
grande coragem, deram o seu contributo para que hoje possamos viver em
democracia. Salgueiro Maia amava o seu país, um Portugal que queria
livre, mais justo e em que todos pudessem ter uma vida digna. Foi com
este sonho que ele participou no 25 de Abril de 74", afirmou.
Depois
da entrega das insígnias, Natércia Salgueiro Maia eMarcelo Rebelo de
Sousa abraçaram-se. O Presidente cumprimentou também de forma calorosa o
filho e a neta do capitão de Abril.
Em
seguida, a família de Salgueiro Maia recebeu os cumprimentos do
ministro da Defesa Nacional, do Chefe do Estado-Maior-General das Forças
Armadas, do presidente da Câmara Municipal de Santarém e de
representantes das associações 25 de Abril, dos Deficientes das Forças
Armadas, da Liga dos Combatentes e dos três ramos militares, que
assistiram a esta cerimónia.
* Um PR de centro-direita ousou o que presidentes e 1º ministros de esquerda tiveram medo de fazer. Quanto a nós falta reabilitar como figura nacional o cantor José Afonso, tenhamos esperança.
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