HOJE NO
"DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
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Mais de 250 personalidades unem-se
pela libertação dos ativistas angolanos
Ana Gomes,
João Semedo, Pacheco Pereira, José Eduardo Agualusa, Pilar del Río,
Ricardo Araújo Pereira e Sérgio Godinho entre os promotores da sessão
pública contra a repressão em Angola
"É
contra esta violência política que nos mobilizamos de forma tão
representativa e plural. (...) Não me recordo nos últimos anos de uma
manifestação desta natureza tão expressiva." É desta forma que o médico e
ex-coordenador do Bloco de Esquerda (BE) João Semedo se refere, em
declarações ao DN, à sessão pública "Em defesa dos direitos políticos e
pela libertação dos 17 ativistas angolanos", que terá esta quinta-feira
lugar no Fórum Lisboa e que foi convocada por mais de 250
personalidades.
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"Mais de 250 políticos,
jornalistas, artistas e intelectuais juntaram-se para prestar
solidariedade aos 17 jovens angolanos perseguidos e detidos pelas
autoridades angolanas e reclamarem a sua absolvição e libertação",
prossegue Semedo, um dos membros da comissão organizadora do evento, da
qual fazem também parte, entre outros, as eurodeputadas Ana Gomes, Edite
Estrela (ambas do PS) e Marisa Matias (BE), o historiador
social-democrata José Pacheco Pereira, os deputados Jorge Costa (BE),
Sónia Fertuzinhos e Isabel Moreira (ambas PS), os escritores José
Eduardo Agualusa, Lídia Jorge e Dulce Maria Cardoso, o músico Sérgio
Godinho, o humorista Ricardo Araújo Pereira ou a jornalista Pilar del
Río.
Mas a lista de participantes
contra a decisão da Justiça angolana de condenar o luso-angolano Luaty
Beirão e os restantes 16 ativistas a penas de prisão efetiva entre dois e
oito anos é bem mais extensa.
E chega de quase todos os setores. Ana
Zanatti, Anselmo Borges, António Arnaut, António Pedro Vasconcelos,
António Sampaio da Nóvoa, Catarina Martins, Capicua, Eduardo Lourenço,
Francisco Louçã, Gonçalo M. Tavares, João Galamba, João Salaviza, João
Soares, José Diogo Quintela, José Tolentino Mendonça, Manuel Carvalho da
Silva, Marçal Grilo, Maria do Céu Guerra, Mário de Carvalho, Miguel
Esteves Cardoso, Miguel Sousa Tavares, Raquel Vaz Pinto, Rita Ferro
Rodrigues, Rosário Gama, Rui Reininho, Rui Vieira Nery, Rui Zink, Sérgio
Tréfaut, Teresa Villaverde ou Valter Hugo Mãe são apenas alguns dos
exemplos.
Questionado sobre o facto de a
iniciativa poder surgir como resposta ao facto de o Parlamento
português ter chumbado dois votos de condenação pela repressão do regime
de José Eduardo dos Santos, João Semedo responde que "inconformismo,
sim, mas perante a violação de direitos políticos fundamentais em
Angola". "O problema não está no nosso Parlamento por muito lamentável
que tenha sido a posição dos deputados da direita e do PCP", completa o
ex-deputado.
E, de imediato, torna mais
duras as críticas ao realçar que "é uma evidência que [em Angola] não
estão garantidos os direitos e as liberdades que fazem um regime e uma
sociedade serem uma democracia". "E não é difícil identificar outros
elementos próprios das ditaduras como, por exemplo, a permanência de
José Eduardo dos Santos na Presidência da República vai para 38 anos",
atira ainda Semedo.
Às críticas tecidas
ao regime de Luanda, Semedo acrescenta um remoque ao Governo português:
"Cumpriu os mínimos democráticos. Julgo que seria justificada uma
atitude mais empenhada e clara. Houve diplomacia a mais e coragem
política a menos."
Já quanto ao PCP,
que ficou ao lado do PSD e do CDS nas votações na Assembleia da
República - as três bancadas posicionaram-se contra -, e que já tinha
merecido uma farpa no Twitter por parte da líder bloquista, Catarina
Martins, Semedo não demonstra não estar surpreendido. E é duro.
"O
PCP é demasiado previsível para me surpreender. Gostava mas não
acreditava que tivesse outra posição. Há muito que o PCP faz sua a voz
oficial da ditadura angolana. É incompreensível vindo de um partido que
tanto apelou e usufruiu da solidariedade internacional contra a tortura e
as longas penas de prisão a que a ditadura fascista sujeitou tantos dos
seus dirigentes e militantes", afirma o médico, antes de utilizar o
habitual argumentário comunista para apontar o dedo ao partido liderado
por Jerónimo de Sousa: "Felizmente, nesse tempo houve quem, fora de
Portugal, tivesse tido a lucidez e a coragem necessárias para se
"imiscuir nos assuntos internos" do regime de Salazar e Caetano.
A
convocatória, essa, recorda os motivos das "pesadas penas de prisão"
aplicadas aos 17 ativistas, acusados dos crimes de atores preparatórios
de rebelião e associação de malfeitores por terem lido o livro "Da
ditadura à democracia", de Gene Sharp.
* A atitude do PCP enoja-nos tanto quanto a ditadura angolana.
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