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HOJE NO
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“Dear Maria Luís”
as cartas que comprometem
a ex-ministra no Banif
A documentação que chegou aos deputados da
comissão de inquérito ao Banif tem inúmeras cartas trocadas entre as
autoridades europeias e nacionais.
A ex-ministra das Finanças, que é hoje ouvida
no parlamento, foi confrontada sucessivamente pela Comissão Europeia
com os atrasos na solução para o Banif.
Só quando o governo PSD já estava em gestão, prestes a ser
substituído pelo executivo de António Costa, lançou o concurso de venda
que falhou. 12 de dezembro de 2014
Banif adiado para não pôr em risco saída limpa
“Dear Maria Luís.” A comissária europeia da Concorrência, Margrethe
Vestager, começa a carta num tom amigável, mas depressa aumenta a
pressão. .
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Dear Maria Luís |
Questiona o “longo período de tempo” que decorreu desde que o
Banif recebeu ajudas públicas sem que tivesse sido apresentado um plano
de reestruturação “credível” e faz uma revelação: os prazos para que os
problemas do banco fossem corrigidos foram sendo adiados para “não pôr
em risco a saída do programa de assistência financeira”. Mas depois de
um plano de reestruturação apresentado em outubro, chumbado por
Bruxelas, a pressão sobe. As autoridades nacionais tinham apresentado
sucessivas versões do plano, mas estas levantaram sempre “dúvidas na
avaliação de viabilidade”. A comissária aceita a argumentação do
governo, que se queixava de falhas na administração do banco, mas pede
ao executivo português rapidez na substituição de Jorge Tomé, de modo
que fosse possível apresentar um novo plano de reestruturação até março
de 2015. Se tal não acontecesse, abriria uma investigação aprofundada ao
Banif. Nesta carta são até sugeridos os moldes de um plano de
reestruturação que seria aprovado em Bruxelas: a separação de ativos do
banco. Os mais problemáticos iriam para um veículo especial e os bons
ativos teriam de ser vendidos até final de 2017. O plano nunca avançou.
Este plano não foi entregue e a Comissão abriu, de facto, uma
investigação aprofundada em julho de 2015. 27 de março de 2015
Banif tem interessados mas ex--ministra não consegue mudar administração do banco
Uma carta de Maria Luís Albuquerque à comissária europeia da
Concorrência, em resposta à carta de dezembro da Comissão, indica que
existem dois interessados em comprar o banco. Este recebeu “um número de
cartas de intenção de investidores que pretendem comprar a posição do
Estado [60% do capital]”, indica a missiva citada pelo “Negócios” que
anexa duas propostas de compra do Banif - uma do banco Haitong e a outra
do fundo Cobussen & Partners. Contudo, Maria Luís Albuquerque
revela que ainda não conseguiu encontrar quem substituísse Jorge Tomé na
presidência executiva do Banif. “Lamento informar que a pessoa que
tinha a intenção de nomear para CEO do Banif não conseguiu formar a
equipa que considerava essencial para gerir o banco e recusou o
convite.” Jorge Tomé acabou por manter--se como CEO do Banif e, com o
resvalar dos prazos dados pela Comissão, Bruxelas acabou mesmo por abrir
a investigação ao banco. 12 de novembro de 2015
Bruxelas faz ultimato. Ex-ministra lança concurso e deixa decisão para o Governo seguinte
Numa carta de 12 de novembro, a Comissão Europeia dava a última
oportunidade a um plano de reestruturação “credível” do Banif e colocava
a primeira semana de dezembro como limite para apresentação de uma
solução. A carta é dirigida à secretária de Estado do Tesouro, Isabel
Castelo Branco, braço direito de Maria Luís para as questões
financeiras. O vice-governador do Banco de Portugal, José Ramalho, é
outro destinatário. A Comissão manifesta “dúvidas sobre a viabilidade do
Banif” e “sérias preocupações com o cronograma para quaisquer decisões
da Comissão quanto a ajudas públicas” ao banco. Esse prazo seria
essencial para que a Direção-Geral da Concorrência, em Bruxelas, pudesse
aprovar um plano de reestruturação do banco com “os parâmetros
concretos de eventuais ajudas públicas”. Mas a ministra optou antes por
lançar um processo de venda da instituição, que não foi bem-sucedido. O
concurso de venda acabou para lá do prazo dado pela Comissão (20 de
dezembro) e não foram encontrados compradores que pudessem salvar a
instituição sem a necessidade de mais ajudas públicas. O banco foi alvo
de uma medida de resolução.
* Nem Teixeira dos Santos conseguiu ser tão incompetente.
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