HOJE NO
"JORNAL DE NEGÓCIOS"
Davos discute um mundo dividido
e cada vez mais desigual
A elite mundial reúne-se em Davos esta semana
para discutir a economia mundial e os desafios futuros. O encontro tem
lugar numa altura em que aumenta o fosso entre ricos e pobres.
No
Fórum Económico Mundial de Davos, onde só se pode ir por convite, mais
de 2500 líderes de várias áreas vão-se encontrar para debater o presente
e o futuro de um mundo onde a desigualdade aumenta a uma velocidade
inesperada, e onde as clivagens políticas nos EUA, na Europa e no Médio
Oriente são profundas, escreve a Reuters esta terça-feira, 19 de Janeiro.
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Apenas "62 pessoas possuem tanto capital como a metade mais pobre da população mundial", revelou a organização não-governamental Oxfam,
a dois dias do Fórum Económico Mundial de Davos. Há cinco anos, a
riqueza de 388 pessoas estava equiparada a essa metade. Segundo a mesma
entidade, a riqueza acumulada por 1% da população mundial, entre os mais
ricos, superou a dos 99% restantes, em 2015, um ano mais cedo do que se
previa.
Ou seja, o fosso entre ricos e pobres aumenta a um ritmo que não se antecipava.
A desigualdade na distribuição de riqueza e a desconfiança crescente
da população face aos seus líderes políticos são os grandes desafios
para a elite global que estará reunida em Davos de 20 a 23 de Janeiro no
46º Fórum Económico Mundial, diz a Reuters.
Escreve a agência que as divisões vão para além disso e lembra as
clivagens no Médio Oriente entre xiitas e sunitas, com a Arábia Saudita e
o Irão a disputarem a influência numa região penalizada pela guerra e
pelas acções de grupos extremistas.
Os conflitos nesta zona do mundo não são actos isolados, e a prova
disso é o impacto que estão a ter na Europa, cada vez mais dividida
ideologicamente, onde não há consenso sobre como lidar com a maior crise
de refugiados deste a II Guerra Mundial. A par disso, lembra ainda a
Reuters, está em cima da mesa a possibilidade de o Reino Unido sair do
bloco europeu, sendo que David Cameron já deu a entender que o referendo
sobre o "Brexit" pode ter lugar ainda este ano.
A turbulência global teve reflexo também nos EUA, onde, escreve a agência, a ascensão de Donald Trump como líder na corrida republicana à Casa Branca
espelhou profundas clivagens políticas nos EUA e criou ansiedade entre
os aliados do país hoje liderado pelo democrata Barack Obama.
A acrescentar complexidade ao contexto social e político actual está a
quarta revolução industrial, tema do encontro anual de Davos este ano. A
nova onda de inovação tecnológica, protagonizada pela inteligência
artificial e pela robótica, ameaça muitos dos empregos tradicionais.
No mais recente discurso do Estado da Nação, o presidente
norte-americano, Barack Obama, abordou esta realidade: "É uma mudança
que pode alargar o leque de oportunidades, ou aumentar a desigualdade. E
quer gostemos, quer não, o ritmo desta mudança vai acelerar", cita a
Reuters.
"As empresas na economia globalizada podem estar em qualquer lugar, e
enfrentam maior competição. Como resultado, os trabalhadores têm menos
margem de manobra para um aumento. As empresas, por sua vez, são menos
leais às suas comunidades. E cada vez mais a riqueza e receita estão
concentradas no topo", acrescentou.
* Davos é a reunião onde se confirma que o dinheiro é xenófobo.
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