24/12/2015

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Senso d'hoje

PAULO MORAIS
PROFESSOR UNIVERSITÁRIO
CANDIDATO À 
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
“Cerca de 20% a 30% da nossa dívida tem origem na corrupção”

A corrupção será a sua bandeira na Presidência da República?
Seguramente, porque a corrupção é o maior mal da sociedade portuguesa. Todas as desgraças que os portugueses hoje vivem estão ligadas, directa ou indirectamente, à corrupção. O excesso de impostos, a pobreza, os baixos salários, a falta de meios e recursos que escasseiam, tudo isso tem origem em fenómenos de corrupção. Cerca de 20% a 30% da nossa dívida pública tem origem na corrupção. Falamos no BPN, no BES, no Banif, no BPP, na compra de submarinos, na corrupção na Expo, no Euro 2004, nas PPP. É uma lista infindável de casos.

O que pode fazer o Presidente?
Pode fazer quase tudo, porque é o árbitro do sistema. Será a minha primeira actuação enquanto Presidente, convocar o Parlamento, tendo em vista um ponto único: a estratégia global de combate à corrupção. O combate à corrupção não se faz de forma casuística e com pequenas peças de um puzzle que nunca se cola. Tem de ser uma estratégia global que comece, em primeira instância, por combater a corrupção no próprio Parlamento. O Parlamento, é o maior antro de corrupção na política em Portugal. Uma parte significativa dos deputados passam a sua vida, não servindo os eleitores, mas a fazer de mercenários ao serviço de alguns grupos económicos.

A transparência internacional divulgou um relatório dos 15 maiores casos mundiais de corrupção onde está o caso BES, Isabel dos Santos..
Neste momento há um triângulo verdadeiramente preocupante de corrupção entre o Brasil, Angola e Portugal. Portugal não é assim tão importante economicamente, mas para os negócios de corrupção é muito importante. Na corrupção que há em Angola, que é no fundo roubo de património angolano aos angolanos que é canalizado para o estrangeiro, Portugal acaba por ser uma excelente porta de entrada para a Europa desses capitais. Hoje Lisboa é uma lavandaria do dinheiro feita no Brasil e Angola. Isabel dos Santos e outros casos são apenas exemplos de como é possível explorar um povo e andar ostensivamente na Europa e no mundo a fazer gala disso. Sendo eu Presidente da República tenciono fazer duas viagens rápidas: Angola e Brasil.

* Excertos de contundente entrevista à jornalista MÁRCIA GALRÃO do "DIÁRIO ECONÓMICO"

** É nossa intenção, quando editamos pequenos excertos de entrevistas, suscitar a curiosidade de quem os leu de modo a procurar o site do orgão de comunicação social, onde poderá ler ou ver a entrevista por inteiro. 
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