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Senso d'hoje
PAULO MORAIS
PROFESSOR UNIVERSITÁRIO
CANDIDATO À
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
CANDIDATO À
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
“Cerca de 20% a 30% da nossa dívida tem origem na corrupção”
A corrupção será a sua bandeira na Presidência da República?
Seguramente,
porque a corrupção é o maior mal da sociedade portuguesa. Todas as
desgraças que os portugueses hoje vivem estão ligadas, directa ou
indirectamente, à corrupção. O excesso de impostos, a pobreza, os baixos
salários, a falta de meios e recursos que escasseiam, tudo isso tem
origem em fenómenos de corrupção. Cerca de 20% a 30% da nossa dívida
pública tem origem na corrupção. Falamos no BPN, no BES, no Banif, no
BPP, na compra de submarinos, na corrupção na Expo, no Euro 2004, nas
PPP. É uma lista infindável de casos.
O que pode fazer o Presidente?
Pode fazer quase
tudo, porque é o árbitro do sistema. Será a minha primeira actuação
enquanto Presidente, convocar o Parlamento, tendo em vista um ponto
único: a estratégia global de combate à corrupção. O combate à corrupção
não se faz de forma casuística e com pequenas peças de um puzzle que
nunca se cola. Tem de ser uma estratégia global que comece, em primeira
instância, por combater a corrupção no próprio Parlamento. O Parlamento,
é o maior antro de corrupção na política em Portugal. Uma parte
significativa dos deputados passam a sua vida, não servindo os
eleitores, mas a fazer de mercenários ao serviço de alguns grupos
económicos.
A transparência internacional divulgou um relatório dos 15
maiores casos mundiais de corrupção onde está o caso BES, Isabel dos
Santos..
Neste momento há um triângulo verdadeiramente
preocupante de corrupção entre o Brasil, Angola e Portugal. Portugal não
é assim tão importante economicamente, mas para os negócios de
corrupção é muito importante. Na corrupção que há em Angola, que é no
fundo roubo de património angolano aos angolanos que é canalizado para o
estrangeiro, Portugal acaba por ser uma excelente porta de entrada para
a Europa desses capitais. Hoje Lisboa é uma lavandaria do dinheiro
feita no Brasil e Angola. Isabel dos Santos e outros casos são apenas
exemplos de como é possível explorar um povo e andar ostensivamente na
Europa e no mundo a fazer gala disso. Sendo eu Presidente da República
tenciono fazer duas viagens rápidas: Angola e Brasil.
* Excertos de contundente entrevista à jornalista MÁRCIA GALRÃO do "DIÁRIO ECONÓMICO"
.
** É nossa intenção, quando editamos pequenos excertos de entrevistas, suscitar a
curiosidade de quem os leu de modo a procurar o site do orgão de
comunicação social, onde poderá ler ou ver a entrevista por inteiro.
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