24/12/2015

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HOJE NO
"DIÁRIO DE NOTÍCIAS"

Sánchez rejeita Rajoy
 e vai tentar formar governo. 
Rivera quer aliança

Pablo Iglesias defende nomeação de um primeiro-ministro independente caso o secretário-geral do PSOE seja barrado pelo seu próprio partido. Líder dos populares prossegue as negociações na próxima segunda-feira
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Foram 40 minutos de diálogo mudo e sem sorrisos os que se viveram ontem no Palácio da Moncloa no encontro entre o ainda primeiro-ministro, Mariano Rajoy, e o secretário-geral do PSOE, Pedro Sánchez. O objetivo do líder popular era tentar obter o apoio dos socialistas para formar governo, a resposta era a que já vinha a ser anunciada desde a noite das eleições: não, não e não. Albert Rivera, do Ciudadanos, que só será recebido por Rajoy na segunda-feira, apelou ontem a uma aliança entre o seu partido, populares e socialistas.
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"O PSOE não vai apoiar a continuidade de Rajoy e do PP porque os cidadãos votaram na mudança", declarou ontem Sánchez após o encontro, sublinhando que esta recusa se estende não só a Rajoy, mas a qualquer outro nome vindo do PP. "As possibilidades de acordo são nulas", insistiu. Curiosamente, preferiu falar aos jornalistas já na sede do PSOE e não na Moncloa.
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Mesmo assim, o líder socialista, que garantiu não haver motivos para nova reunião com Rajoy, afirmou que cabe ao PP a iniciativa de ser o primeiro a tentar formar governo. "Respeitamos os procedimentos da democracia e agora é o tempo do partido que ganhou as eleições", prosseguiu Sánchez.
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Mas deixou um aviso sobre as intenções dos socialistas num futuro próximo e que não passam pela realização de novas eleições: "A primeira força política tem a responsabilidade de tentar formar governo e, passada essa etapa, cumpriremos o mandato dos cidadãos para que haja um governo de mudança e diálogo que dê estabilidade ao país". Ou seja, uma provável aliança com Podemos e Esquerda Unida, ideia que não desagrada a Sánchez, mas é recusada pelos barões do partido.
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Outra pretensão dos socialistas, e que Pedro Sánchez transmitiu a Mariano Rajoy, é a de que a cor política do presidente do Parlamento deverá refletir a pluralidade partidária obtida nas eleições de domingo. "Por isso achamos que o presidente do Congresso dos Deputados deve ser não da primeira força política, mas sim da segunda força política", ou seja do PSOE, disse.
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Segundo fontes da Moncloa, citadas pelo El Mundo, Rajoy, perante a atitude negativa apresentada por Sánchez durante o encontro, "não vê margem" para dialogar com o PSOE "sobre o que realmente interessa agora aos espanhóis".
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"Um "não" não é o melhor começo, mas sublinho que estarmos no início deste processo. Foi a primeira ronda de contactos", disse o vice-secretário de Organização do PP, Fernando Martínez Maíllo, após a reunião de ontem entre os dois líderes.
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Os senhores que se seguem são Pablo Iglesias do Podemos e Albert Rivera do Ciudadanos, líderes do terceiro e quarto partidos mais votados, respetivamente, que vão ser recebidos por Mariano Rajoy na segunda-feira.
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Fim da corrupção e desigualdade 
Antecipando essa reunião, Albert Rivera declarou ontem que vai propor um "acordo a três" com o PP e o PSOE para viabilizar um governo e uma legislatura que "garanta a estabilidade e unidade de Espanha"."Proponho não reuniões bilaterais, mas uma mesa de negociação [a três] para dar estabilidade a Espanha", disse o líder do Ciudadanos, especificando que não inclui o Podemos neste momento. 
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Por outro lado, deixou claro que não pretende um "governo a três", e sim um "acordo de mínimos" que permita arrancar a legislatura e evitar novas eleições em março.
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O líder do Podemos, por seu turno, sugeriu ontem uma "figura independente" como primeiro-ministro, caso os socialistas impeçam Sánchez de "tentar sê-lo". Num artigo publicado ontem no Huffington Post, Pablo Iglesias pergunta "Onde está Pedro Sánchez? " e "Não contempla a possibilidade de um governo alternativo a Rajoy?". Intitulado Não deixam o Pedro, fala ainda em "fuga à responsabilidade do PSOE e paralisia do seu secretário-geral".
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"Se não deixam o Pedro Sánchez tentar ser presidente, porque talvez não esteja sequer em condições de ser o líder do seu partido, talvez seja o momento de que uma figura independente de prestígio assuma os passos necessários para tentar que em Espanha deixe de governar o PP e ponhamos um fim ao tempo da corrupção e da desigualdade", escreveu Iglesias.

* Quem ganha eleições mas perde votos é vitorioso "inconseguido"


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