ONTEM NO
"OBSERVADOR"
Doente com cancro organiza Gala
. Solidária para “retribuir” ao IPO
Um cancro na tiróide tirou a voz a Tomás Mello Breyner, de 25 anos.
Mas não lhe levou a energia nem a vontade de comunicar. Para agradecer
os tratamentos ao Instituto Português de Oncologia, organiza a 8 de
dezembro a primeira Gala Solidária de Natal. “Espero conseguir comprar
pelo menos um dos três equipamentos que o IPO Lisboa está a precisar”,
conta ao Observador.
.
Desde cedo que Tomás se começou a interessar
pela organização de eventos. Na equipa técnica do teatro dos Salesianos
do Estoril aprendeu tudo sobre produção e decidiu formar-se em produção
de eventos. Há dois anos começou a emagrecer muito, mas como o pescoço
continuava inchado a namorada achou muito estranho e obrigou-o a ir ao
médico.
As notícias não foram boas. “Tinha um carcinoma papilar da tiróide com um ano de evolução“,
recorda, por email. Perdeu a voz, mas acredita que um dia vai voltar a
falar. “Tive cinco tias minhas com o mesmo cancro. Todas foram apanhadas
a tempo e estão lindamente e a falar. O meu pai também já teve cancro
muito novo. Todos vencemos“.
A família e a
namorada são o seu pilar de apoio perante as dificuldades. Se é difícil
arranjar trabalho com uma traqueostomia e sem falar — “existe muito
preconceito, infelizmente”, diz — Tomás não se resignou e começou a
trabalhar por conta própria na área de aluguer de equipamento de luz e
som, consultoria e organização de eventos. Ao mesmo tempo, estava a ser
tratado no IPO de Lisboa. Foi só juntar as peças.
“Percebi que podia fazer alguma coisa para retribuir tudo o que o IPO me dá“,
ou seja, “assistência a nível médico, assistência a nível humano e até
monetário, pois recebo um serviço de qualidade e nunca paguei nada”.
Decidiu então erguer a primeira Gala de Natal para angariação de fundos
para o IPO Lisboa.
Mais do que uma simples angariação de fundos, quero sensibilizar as pessoas para esta doença. Não digo para encarar o cancro como uma constipação mas deixar de lado este tabu que existe em torno do cancro. Devemos encarar o cancro com força para não sairmos vencidos desta luta.”
Quando meteu mãos à
obra, esperava que o nome IPO Lisboa abrisse portas aos patrocínios, mas
não foi bem assim. “As pessoas e empresas ficam muito sensibilizadas em
relação a este tema, mas os orçamentos para solidariedade social são
bastante curtos e os pedidos de ajuda por parte de instituições de
caridade são muitos”, lamenta.
Muitos contactos depois, conseguiu que o Casino Estoril cedesse
gratuitamente o Salão Preto e Prata para acolher músicos e humoristas
como Eduardo Madeira, Manuel Marques, Luís Filipe Borges, António Raminhos,
Joel Rodrigues, Joana Machado, João Só, Paulo Gonzo, Luís Represas,
Virgem Suta, ÀTOA e Luís Represas. Como é que vão ser os espetáculos?
“Não posso revelar mais para ser surpresa”, atira. Todos os artistas
participam no evento sem cachê, a única coisa que recebem é a deslocação
e a dormida, esta última oferecida pelo Hotel Palácio.
Os bilhetes custam entre 15 e 30 euros e o
objetivo é conseguir comprar pelo menos um dos três equipamentos que o
IPO Lisboa está a precisar para o serviço de otorrinolaringologia.
Existe também uma linha de chamada de valor acrescentado ativa até dia 2
de janeiro para quem quiser contribuir para a causa, através do número
760 200 350.
Tanto Tomás como o instituto querem que a colaboração
se mantenha ambos querem e tem interesse que eu continue com este
projeto bem como outro tipo de eventos relacionados com o IPO Lisboa.
Até lá, continuará a ser vigiado pelos médicos do Instituto. E a
aguardar pelo dia em que poderá voltar a falar.
* Tomás Mello Breyner é um verdadeiro herói português, luta por causas, não recebe comissões de submarinos, panduru ou de vistos gold, se trafica alguma coisa é humanidade e por isso merece todo o apoio e respeito.
.
Sem comentários:
Enviar um comentário