Clara Ferreira Alves,
anticomunista e ignorante
Clara Ferreira Alves, que já foi de tudo e de
todos, santanete mal-agradecida, viúva socratina, apoiante do PSD e do
PS, promessa de escritora, modelo de futilidades e de um provincianismo
cosmopolita desesperado
Dia 10 de Novembro de 2015 passa para a história da
vida política portuguesa, não só pelas consequências que o acordo à
esquerda irá provocar nas opções das políticas futuras, mas
principalmente pelo modo como se pode utilizar um partido, enquanto
força política organizada, para influenciar a realidade, gerir os tempos
e exercer o poder.
Em democracia, é natural função dos partidos moldarem e transformarem as
circunstâncias em activos políticos que lhes permitem alcançar os
objectivos a que se propõem.
Esta foi a ocasião em que a forma suplantou o conteúdo, o controlo
político do tempo e do modo condicionou a estratégia, e a capacidade de
estabelecer a percepção de que a força de uma ideia era a ideia de uma
força mais se impôs.
Se Cavaco Silva indigitar António Costa para formar governo, o que
teremos será um governo PS com apoio parlamentar do PCP, dos Verdes e do
BE. Se teremos um governo PS com uma efectiva política de esquerda
sustentada nos acordos assinados, veremos.
São tempos apaixonantes e desafiadores. Porém, para a caprichosa
pluma Clara F. Alves, profissional de bitaites, “(…) caminhamos para a
mais grave crise do regime depois do 25 de Abril”, isto em texto bisnau
em que nos avisa, espevitada de orgulho, como se soletrasse quadras em
dia da raça, que é anticomunista.
Temos, então, que a Joana d’Arc da Artilharia 1 é um soldadinho aprumado
na guerra contra a razão, especialista em propaganda em que o método é a
inversão dos factores, a inversão de todos os valores no âmbito da qual
não existe mentira que não mereça a pena ser difundida.
O anticomunismo de que Clara se reclama é uma ideologia da negação
que falsifica os dados e recorre à mentira. Também faz parte deste
método difamar e qualificar de ingénuos e imbecis os que pensam de outra
forma, algo que Ferreira Alves pratica com militante afinco.
Clara Ferreira Alves, que já foi de tudo e de todos, santanete
mal-agradecida, viúva socratina, apoiante do PSD e do PS, promessa de
escritora, modelo de futilidades e de um provincianismo cosmopolita
desesperado, escrevinhadora no “Correio da Manhã”, o que pode explicar
muito, que teve um primo clandestino comunista, diz ela, o que pode
explicar outras tantas coisas, é boçal-chique e, principalmente,
ignorante.
Optou há muito por trocar pensamentos por colagens de propaganda – dá
menos trabalho e tem clientela assegurada. O texto em questão está
polvilhado de mentiras, suspeições, fantasias, preconceitos e de uma
atrevida ignorância.
Começa que o anticomunismo da Clara é, na realidade, anti-PCP. Não
existe nela qualquer ideia que mereça debate; o que existe é crendice.
Todo o texto é uma peça contra o PCP, tentando deixar a ideia de que
os comunistas são responsáveis por todos os males e, neste caso, pelo
sufoco da cultura portuguesa desde os anos 60 do século passado.
E como é que a pobre chega a esta conclusão? Está tudo na Tate Modern em Londres, numa exposição, afirma tal Colombo.
É uma snobe, para quem o fascismo, que arruma numa linha de texto,
“foi um regime totalitário que não percebeu a história”, fim de citação.
Falar do pintor Dias Coelho, assassinado na rua a tiro, ou das
torturas infligidas ao escritor Urbano Tavares Rodrigues, ou das prisões
do compositor Lopes Graça, ou do assalto e destruição da Sociedade
Portuguesa de Autores em Maio de 65 pela PIDE e por elementos fascistas
do Jovem Portugal e dos “Centuriões”, e da prisão de João Gaspar Simões,
Augusto Abelaira, Fernanda Botelho, Manuel da Fonseca, Alexandre
Pinheiro Torres, entre outros.
Lembrar a morte, tortura e exílio de milhares de comunistas, homens e
mulheres simples e anónimos, que com o seu sacrifício ganharam a nossa
liberdade, nunca reclamando nem esperando nada, é recordar-lhe, minha
senhora a sua pequenez.
O seu insulto grotesco, dirigido a homens e mulheres de coragem que
seria incapaz de encarar nos olhos, prova a sua mediocridade orgânica,
carente de alarve aplauso.
Já agora, e porque não faz tese, só refere achaques temperamentais
para a doença de que padece, em que classificação coloca o seu
anticomunismo?
Na da beata de Beirais? Na do verdugo da PIDE? Na do nazi ou na do
racista? Na do Salazar ou na do Caetano? Na do maccarthismo ou na do
Ricardo Salgado?
A senhora é anticomunista porque é o seu espaço vazio que gere os
fantasmas da sua incultura. Amarga e sem referências, soma clichés em
panfletos e, tal como diz, “vende opiniões sujeita ao rating das
audiências e comentários online”.
Ou seja, tem a pluma à disposição, à venda, e ser anticomunista é mais fácil e tem dado para a vidinha.
Afirma que é assim por “razões históricas e profundamente temperamentais”. Não se iluda, é fundamentalmente por ignorância.
Consultor de comunicação
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