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1-Quotas discutidas no último Conselho Europeu são a quantificação da nossa vergonha. Só a guerra na Síria já provocou um êxodo de 4 milhões de pessoas. No Líbano, um país com 4 milhões de pessoas, encontramos um milhão de refugiados. Enquanto isso, um continente riquíssimo com 500 milhões de habitantes não se entende na distribuição de 40 mil refugiados. Passos Coelho regateou para reduzir a quota proposta de 2045 para cerca de 1400 e fez disso um grande feito. Há recursos europeus para o acolhimento de refugiados. Sim, Portugal deveria fazer um esforço maior que estivesse à altura do seu passado e das suas obrigações.
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Senso d'hoje
Senso d'hoje
CATARINA MARTINS
COORDENADORA DO
BLOCO DE ESQUERDA
COORDENADORA DO
BLOCO DE ESQUERDA
Responde a três perguntas sobre a crise migratória na Europa,formuladas pela equipa de redacção do "DIÁRIO ECONÓMICO":
1- Portugal devia fazer um maior esforço no acolhimento de migrantes nesta crise migratória?
2- A resposta a este êxodo deve ser europeia ou
nacional? Quais as medidas que Portugal deve propor para a existência de
uma resposta europeia?
3- A pressão migratória pode pôr em risco o espaço Schengen na Europa?
1-Quotas discutidas no último Conselho Europeu são a quantificação da nossa vergonha. Só a guerra na Síria já provocou um êxodo de 4 milhões de pessoas. No Líbano, um país com 4 milhões de pessoas, encontramos um milhão de refugiados. Enquanto isso, um continente riquíssimo com 500 milhões de habitantes não se entende na distribuição de 40 mil refugiados. Passos Coelho regateou para reduzir a quota proposta de 2045 para cerca de 1400 e fez disso um grande feito. Há recursos europeus para o acolhimento de refugiados. Sim, Portugal deveria fazer um esforço maior que estivesse à altura do seu passado e das suas obrigações.
2-A resposta tem necessariamente que ser europeia. Não só grande parte das
responsabilidades são europeias como as políticas, para funcionarem,
têm que ser à escala europeia. É preciso retomar um programa de
salvamento de vidas como o 'Mare Nostrum', substituído pelo programa
securitário de patrulhamento das fronteiras Tritão; a criação de
corredores humanitários, ou a adoção sem mais demoras do estatuto de
refugiado na UE. Nas medidas de médio prazo impõe-se um embargo à venda
de armas para os territórios em conflito; uma moratória à compra de
petróleo originário dos territórios ocupados pelo ISIS e uma política de
cooperação para o desenvolvimento digna desse nome.
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3-Trazer a discussão sobre o espaço Schengen para um debate sobre
refugiados é ludibriar o problema. Schengen diz respeito à circulação de
pessoas dentro do espaço da União. Usar uma crise humanitária para
impor, de forma não inocente, restrições à circulação de pessoas é
criminalizar a emigração dentro do espaço europeu. É de uma crise de
refugiados que falamos e não de políticas de emigração. Esse é outro
debate.
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