HOJE NO
"i"
"i"
Prostituição
Europa dividida entre punir ou legalizar
Entre os que são a favor da legalização e os que
criminalizam os clientes, estão países como Portugal, onde a actividade
não é regulamentada.
A Irlanda do Norte tornou-se o primeiro país do Reino
Unido a punir, não quem pratica a prostituição, mas sim os clientes que
a ela recorrem. A nova legislação, aprovada no início do mês, vai
condenar até a um ano de prisão e multas até mil libras (cerca de 1400
euros) quem for apanhado a pagar
para ter sexo. A Irlanda do Norte junta-se assim ao lote dos nórdicos
(Suécia, Islândia e Noruega) que já aplicaram a medida. A lei segue a
recomendação de uma directiva europeia não vinculativa, aprovada no
início do ano passado, baseada no sucesso do modelo sueco (adoptado pelo
país desde 1999).
.
De acordo com o relatório da Comissão dos Direitos da Mulher e da
Igualdade de Género , que deu origem à proposta de lei, a “forma mais
eficaz para combater o tráfico de mulheres e raparigas para exploração
sexual e promover a igualdade dos géneros é o sistema aplicado na
Suécia, Islândia e Noruega (o chamado modelo nórdico) ”, pode ler-se no
documento.
A Comissão Europeia acredita que existe uma “clara ligação entre a
prostituição e o tráfico de pessoas”, uma vez que o mercado fomenta
redes de crimes organizadas e agrava a violência contra de mulheres e
crianças, especialmente em países onde a indústria do sexo foi
legalizada como a Holanda, a Alemanha e a Suíça. Os estados que se
decidiram pela criminalização da compra de sexo acreditam que a
aplicação da lei ajuda a combater o tráfico pessoas e que desta forma
estão a proteger esta população.
Criminalizar solução?
Os críticos pensam exactamente
de forma oposta e acreditam que penalizar clientes só vai acentuar o
problema da clandestinidade e das condições de quem pratica esta
actividade. A Rede sobre o Trabalho Sexual (RST), que junta a maior
parte das organizações que trabalham com prostitutas em Portugal, não vê
de que forma a criminalização da clientela possa ser benéfica: “O que
acontece é que este tipo de medidas apenas favorece uma maior
clandestinidade dos trabalhadores do sexo, para “protegerem” os seus
clientes”, defende a organização num email enviado ao i, sublinhando que
não é dessa forma que a prostituição diminui. “Está é mais invisível. E
com isso, os trabalhadores do sexo são alvo de maior marginalização e
vulnerabilidades várias”, argumenta a RST.
A entidade que dá a cara pelas associações que lidam de perto com a
prostituição não acredita nos argumentos presentes no relatório
comunitário, que sugerem que nos países onde a actividade foi legalizada
houve um claro aumento do tráfico de pessoas. A Rede sobre o Trabalho
Sexual defende que é precisamente a clandestinidade que torna invisível o
problema, porque não existem possibilidades de contabilização.
“O tráfico de pessoas destinadas ao negócio do sexo apenas é mais
visível nestes países porque o trabalho sexual se encontra legalizado. A
mesma coisa aconteceu com a violência doméstica, em Portugal. O maior
número de denúncias não significa que, após se ter tornado crime
público, houve um aumento do fenómeno”, alega a RST, que em 2012 enviou
uma recomendação à Assembleia da República, em parceria com a Agência
Piaget para o Desenvolvimento, para a alteração do enquadramento
jurídico da actividade no sentido da sua legalização. Mas até agora o
assunto não esteve em discussão política.
Fora da agenda política
Apesar da recomendação que a
RST fez chegar ao parlamento, o tema da prostituição tem estado
afastado da agenda política. Nenhum partido apresentou até agora alguma
proposta sobre o tema. O Bloco de Esquerda, que defende um enquadramento
legal dos trabalhadores do sexo, vai incluir pela primeira vez essa
moção no programa eleitoral que ainda está a ser discutido e que será
votado no dia 21 deste mês.
“Ainda não temos um modelo exacto, mas aquilo que o Bloco defende é o
reconhecimento dos direitos civis e protecção social, no sentido também
de evitar situações de violência e discriminação a que estas pessoas
estão sujeitas não estando a actividade regulamentada”, revela o
deputado José Soeiro.
Do lado do PS, o assunto não consta no programa por não se tratar de
“um assunto prioritário na sociedade portuguesa”, justifica Luísa
Salgueiro, coordenadora da comissão de Saúde do partido, reconhecendo no
entanto as vantagens da legalização na saúde pública.
Em Fevereiro deste ano, a JSD de Coimbra aprovou uma moção para
apresentar um projecto lei no parlamento, mas a iniciativa ainda não
aconteceu por considerarem que o assunto não é prioritário. Na altura, o
líder da Juventude Social Democrata, Cristóvão Simão Ribeiro, disse que
antes de avançar com essa proposta teria de haver um “debate profundo
sobre o tema”.
* Acabemos com a hipocrisia, a prostuição é fruto da pobreza e do nada como futuro. Seja qual for a lei ela tem de existir para proteger a profissional de toda a imundice humana(?), que a circunda e humilha!
.
Sem comentários:
Enviar um comentário