HOJE NO
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Saiba o que o seu filho vai ter de aprender para ser o melhor aluno de português
Ler 150 palavras num minuto, falar durante quatro minutos para uma audiência e, mais que isso, conseguir manter a atenção dos ouvintes durante todo esse tempo, ou “fruir” a estética de um texto literário, de tal forma que o gosto pela leitura ganhe raízes e cresça.
O governo lançou as metas curriculares para o ensino do português do primeiro ao nono ano do ensino básico. O i fez o raio-X aos objectivos que os alunos portugueses vão ter de cumprir
1º Escutar e esperar pela sua vez para falar
Respeitar
o princípio da cortesia, escutar discursos breves e reconhecer padrões
de entoação e ritmo (exemplo: perguntas, afirmações), assinalar palavras
desconhecidas, cumprir instruções. Saber falar de forma audível,
articular correctamente as palavras, usar vocabulário adequado ao tema e
à situação, construir frases com graus de complexidade crescente.
Soletrar e contar as sílabas
Fonemas: contar o
número de sílabas numa palavra de duas, três ou quatro sílabas, decidir
qual de duas palavras apresentadas oralmente é mais longa (referentes de
diferentes tamanhos, por exemplo “cão” – “borboleta”), indicar desenhos
de objectos cujos nomes começam pelo mesmo fonema, reunir numa sílaba
os primeiros fonemas de duas palavras (por exemplo, “lápis usado” —>
“lu”), demonstrando alguma capacidade de segmentação e de integração de
consoante e vogal.
O alfabeto de trás para a frente e vice-versa
Recitar
o alfabeto na ordem das letras, sem cometer erros de posição relativa.
Escrever as letras do alfabeto, nas formas minúscula e maiúscula, em
resposta ao nome da letra ou ao segmento fónico que corresponde
habitualmente à letra.
Quem é mais rápido a ler?
Ler pelo menos 45 de
60 pseudopalavras monossilábicas, dissilábicas e trissilábicas (em
quatro sessões de 15 pseudopalavras cada). Ler pelo menos 50 em 60
palavras monossilábicas, dissilábicas e trissilábicas regulares e cinco
de uma lista de 15 palavras irregulares. Ler correctamente, por minuto,
no mínimo 40 palavras de uma lista de palavras de um texto apresentadas
quase aleatoriamente. Ler um texto com articulação e entoação
razoavelmente correctas e uma velocidade de leitura de, no mínimo, 55
palavras por minuto. Ler pequenos textos narrativos, informativos e
descritivos, poemas e banda desenhada.
Ler só não basta. É preciso compreender
Relacionar
diferentes informações contidas no mesmo texto, de maneira a pôr em
evidência a sequência temporal de acontecimentos e mudanças de lugar.
Identificar o tema ou o assunto do texto (do que trata). Interpretar as
intenções e as emoções das personagens de uma história.
O que significa esta palavra?
Sublinhar no texto
as frases não compreendidas e as palavras desconhecidas e pedir
esclarecimento e informação ao professor e aos colegas.
Para que serve o ponto de interrogação?
Identificar e utilizar adequadamente o ponto final e o ponto de interrogação.
A hora dos contos infantis
Ouvir ler e ler obras
de literatura para a infância e textos da tradição popular: “Corre,
Corre, Cabacinha”, de Alice Vieira, “Vai Ver o Mar”, de Alves Redol, ou
“O Coelhinho Branco”, de António Torrado
4º Debater ideias e adaptar o discurso aos diferentes interlocutores
Ao
longo do quarto ano, os alunos devem estar particularmente atentos ao
que ouvem. Devem construir conhecimentos através do discurso oral e
conseguir distinguir quando uma pessoa lhes transmite um facto ou quando
está a dar uma opinião pessoal. Mas também já devem conseguir separar o
essencial daquilo que é acessório, de entre toda a informação que
ouviram dos colegas ou dos professores. Mais: é importante que consigam
distinguir “diferentes graus de formalidade” das intervenções que ouvem
e, quando falam, têm de saber adaptar o seu discurso ao objectivo da
conversação (informar, explicar, perguntar, convidar, etc.). Além disso,
devem ser capazes de fazer uma apresentação oral de cerca de três
minutos sobre um tema previamente definido. Outro desafio: “debater
ideias”, apresentando “prós e contras” de uma determinada posição, ao
mesmo tempo que terão de conseguir “calçar os sapatos” de um
entrevistador, um porta-voz, um entrevistado.
Ler um texto de 125 palavras num minuto? o relógio está a contar!
Os
alunos têm de ler um texto em voz alta “com articulação e entoação
correctas e uma velocidade de leitura de, no mínimo, 125 palavras por
minuto”. Os professores também vão estar atentos à capacidade dos alunos
para “reconhecer o significado de novas palavras”. Voltamos aos
números? Uma criança do quarto ano tem de “identificar, por expressões
de sentido equivalente, informações com que se depare em textos
narrativos, informativos e descritivos” de cerca de 400 palavras. E
porque o contexto é tudo, quando lêem um texto, os alunos deverão
demonstrar capacidade para o relacionar com conhecimentos adquiridos
anteriormente. Também serão os seus próprios avaliadores: terão de
perceber que segmentos do texto que leram não foram capazes de entender.
Depois há, claro, os ditados. “Sem erros” e com particular atenção às
palavras “homófonas mais comuns”.
Gramática A sério
Ok, são os primeiros passos.
Mas, nesta altura, um verbo é um verbo e não um substantivo próprio. Em
suma, cada palavra no seu galho (que é como quem diz, junto com a sua
classe de palavras). Género? Check. Número?Check. Identificar prefixos e
sufixos? Check e check!
A poesia quer-se lida em voz alta e em coro
Quando
lêem uma obra para a infância ou textos da tradição popular, já se
espera que as crianças – que, nesta fase, terão entre nove e dez anos –
sejam capazes de “manifestar sentimentos e ideias suscitados por
histórias e poemas ouvidos”. Poemas? Sim. As metas curriculares de
português para o 4.º ano prevêem que os alunos leiam “poemas em coro ou
em pequenos grupos”, em ambiente de sala de aula. Mas não se trata
apenas de ler os textos. Quando o fazem, devem apreciar aquilo que estão
a ler. Um dos objectivos traçados é o de que este contacto com a
literatura crie um gosto pessoal.
6º Falar para ser ouvido durante quatro minutos
O
segundo ciclo está quase a acabar. Foi rápido? É natural, é o mais
curto de todos eles. No final dos dois anos (5.º e 6.º) espera-se que os
pré-adolescentes saibam “produzir discursos orais com diferentes
finalidades e com coerência”.Trocado por miúdos, os alunos são
convidados a fazer uma apresentação oral de cerca de quatro minutos,
separando claramente as várias fases do discurso (introdução e fecho). O
recurso a tecnologias é facultativo, mas essa bengala pode ajudar a
obter o resultado pretendido: “captar e manter a atenção de diferentes
audiências”. Quando intervém, o aluno deve fazer valer o seu ponto de
vista com argumentos com os quais vai, depois, justificar os seus pontos
de vista. O desafio não fica por aí porque, logo a seguir, o professor
vai pedir-lhe que defenda exactamente o ponto de vista contrário. E,
mais uma vez, com recurso a argumentos.
Eram 125 palavras? Agora o objectivo são 150
Há
dois níveis distintos de leitura. Primeiro, num minuto, o aluno deve ler
correctamente 120 palavras de uma lista de palavras de um texto
apresentadas de forma aleatória. Segundo, deve ler correctamente um
texto com uma velocidade de 150 palavras por minuto. E, entre tudo
aquilo que lê, deve seleccionar as informações mais relevantes que
encontrar, sejam factos ou opiniões. Mais difícil, o aluno deve
conseguir “pôr em relação duas informações para inferir delas uma
terceira”. Ainda no plano da leitura, se até aqui se pedia aos alunos
que se apropriassem daquilo que liam, agora é-lhes pedido que tomem uma
posição crítica em relação aos textos: “exprimir uma opinião crítica a
respeito de um texto e compará-lo com outros já lidos ou conhecidos”, é
esse o objectivo.
Fruir a estética dos textos escritos e lidos
Está
no capítulo da “educação literária”. Os professores devem pedir aos
alunos para “lerem e escreverem para fruição estética”.Nos textos
literários devem “aperceber-se de recursos expressivos utilizados” e
também devem conseguir distinguir um conto de um poema.As adaptações de
clássicos entram na lista de obras a ler.
Gramática ainda mais A sério
A certeza é esta: a
aprendizagem da gramática (como tudo o resto, na verdade) só se torna
mais complexa com o passar dos anos. No final do segundo ciclo, as
palavras devem, por exemplo, ser devidamente integradas na classe dos
verbos principais, copulativos e auxiliares. “Transformar discurso
directo em discurso indirecto e vice-versa, quer no modo oral quer no
modo escrito”, é outro dos desafios, da mesma forma que as frases
activas terão de ser passadas para a passiva.
9º Fim de ciclo é sinónimo de consolidações
Estão
a um passo do ensino secundário e a dois da universidade (se o caminho
os levar a essa escolha). No campo da oralidade, os alunos do 9.º ano
têm de saber “identificar ideias--chave” e reproduzir informação que
ouviram de forma sintética. No fundo, pede-se-lhes que dêem provas de um
aprofundamento e consolidação daquilo que estiveram a aprender nos
últimos anos, sobretudo desde que chegaram ao 2.º ciclo. O
aprofundamento da aprendizagem estende-se à interpretação de discursos
orais com “diferentes graus de formalidade e complexidade”. E neste fim
de linha intermédio, o objectivo do ensino é levar os alunos a “produzir
textos orais de diferentes tipos e com diferentes finalidades” durante
cinco minutos. Durante esse tempo, não só têm de “argumentar” para
fundamentar a sua apresentação como devem “persuadir os interlocutores”
do seu ponto de vista.
Conhecimento e exposições globais
Chegar ao fim
da última etapa do ensino básico traz responsabilidades acrescidas ao
nível da leitura. O aluno deve reconhecer os diferentes tipos de
vocabulário (clássico, léxico especializado e vocabulário diferenciado
da esfera da escrita), explicitar temas e ideias principais e
identificar pontos de vista e universos de referência. No final terá de
“explicitar o sentido global do texto, justificando-o”. Neste capítulo
da leitura e da escrita, espera-se dos alunos que terminam o 3.º ciclo
que escrevam textos expositivos e argumentativos, e que “revejam”, no
final e de forma autocrítica, aquilo que acabaram de produzir. Para quê?
Para “reformular o texto de forma adequada, mobilizando os
conhecimentos de revisão de texto já adquiridos”. E também devem ler.
Ler “em voz alta”, para a turma ouvir, e ser “expressivos” na forma como
interagem com as obras literárias que lhes chegam às mãos.
Pôr-se no lugar de cada uma das personagens
A
evolução na leitura e interpretação de textos literários culmina com uma
tarefa complexa: os alunos terão de revelar-se capazes de “analisar o
ponto de vista das diferentes personagens”, o que significa serem
capazes de descodificar e entender as motivações, métodos e objectivos
dos vários intervenientes na narrativa. Além de “apreciar textos
literários” (não é simplesmente apreciar, porque, na verdade,
pretende-se incutir o hábito de “ler por iniciativa e gosto pessoal,
aumentando progressivamente a extensão e complexidade dos textos
seleccionados”), os jovens deverão “situar obras literárias em função de
grandes marcos históricos e culturais”.
* A língua portuguesa é a nossa "Mátria", é necessário amá-la e defendê-la.
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