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"JORNAL DE NEGÓCIOS"
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Presidente da Volkswagen abre guerra
de família após críticas a CEO
Os Piëch e os Porsche estão em desacordo quanto à
continuação de Martin Winterkorn como CEO da Volkswagen. O assunto
ganhou destaque este fim-de-semana e promete marcar o futuro do grupo
alemão.
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Bastaram umas breves palavras de
Ferdinand Piëch para despoletar um conflito familiar. Numa entrevista à
revista Der Spiegel na passada sexta-feira, 10 de Abril, o presidente da
Volkswagen revelou que se tem "afastado" do CEO Martin Winterkorn e questiona as suas capacidades para liderar o grupo automóvel alemão.
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O assunto ganhou destaque no fim-de-semana e a imprensa internacional
é já unânime em chamar-lhe de "crise de liderança" na Volkswagen. Se
Piëch duvida das capacidades de Winterkorn, outros se juntam à batalha
na frente contrária.
Wolfgang Porsche, chairman da Porsche (que detém uma participação
maioritária no grupo), já veio dizer que não concorda com a posição do
primo. É uma "opinião pessoal, cujo conteúdo e substância não estão de
acordo com a família", afirmou. Posição semelhante tomaram o estado de
Lowe Saxony, onde está sedeada a VW, e o representante dos
trabalhadores.
Se Ferdinand Piëch queria obrigar os principais accionistas a tomar
uma posição, acabou por se ver isolado na vontade de afastar Winterkorn
da Volkswagen. O CEO tem contrato até ao final de 2016. Fontes ligadas
ao gestor já referiram ao "Financial Times" que o mesmo se manterá em
actividade até a essa altura.
Não é a primeira vez que declarações polémicas de Piëch afastam o CEO
do grupo. Desta vez, as palavras foram recebidas com surpresa, mesmo já
sendo conhecida a pouca paciência deste patriarca para gestores que o
desapontem.
Apesar de Winterkorn ter triplicado os lucros do grupo alemão para
quase 11 mil milhões de euros desde que assumiu o cargo em 2007, é o
mais recente plano de redução de custos a justificar a posição de
Ferdinand Piëch. O reduzido desempenho no mercado norte-americano é o
principal factor a pesar na posição. Por isso mesmo, a companhia terá de
cortar cerca de cinco mil milhões de euros até 2017.
Os desentendimentos entre os clãs Piëch Porsche sobre a liderança do
império automóvel não são novos. Contudo, as discussões ocorrem
geralmente à porta fechada – o que não se verificou desta vez.
O "timing" escolhido para as palavras de Piëch também é visto com
alguma estranheza, mas há analistas que acreditam que o presidente do
grupo automóvel quer comprometer as perspectivas de Winterkorn renovar o
seu contrato ou se tornar presidente da Volkswagen após a saída de
Piëch, apontada para 2017.
A imprensa estrangeira recorda que Winterkorn chegou a ser
"protegido" de Piëch quando o último era ainda CEO da Volkswagen, tendo
preparado o caminho para que este o substituísse no cargo em 2007.
Martin Winterkorn é o CEO mais bem pago da Alemanha, tendo auferido
cerca de 16 milhões de euros no ano passado.
A decisão para esta "crise de liderança" na Volkswagen deverá chegar a
5 de Maio, dia para que está marcada a reunião anual de accionistas.
Caso a continuação de Winterkorn seja levada a votação, Piëch deverá
ficar ainda mais isolado nesta batalha. A maioria dos direitos de voto
está nas mãos dos apoiantes do CEO.
* Coisas de ricos a que devemos dar alguma atenção.
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