08/04/2015

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HOJE NO
 "OBSERVADOR"

Já existe um nano-sensor que 
deteta o cancro sem biopsia

Uma cientista brasileira está a desenvolver um nano-sensor capaz de "registar moléculas individuais na presença de outras moléculas muito mais abundantes".

Foi desenvolvido um método menos invasivo e “dez milhões de vezes mais eficaz” do que os meios tradicionais realizados em amostras de sangue para detetar cancros. Trata-se de um nano-sensor que consegue identificar “a partícula diferente”, mesmo sem a existência de sintomas.
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“Atualmente não existe nenhuma técnica que permita a detenção de moléculas que estejam em concentrações muito baixas e que coexistam com mais de 10 mil espécies de proteínas numa única bio-amostra”, disse Priscila Kosaka, de 35 anos, a cientista brasileira responsável pelo desenvolvimento da técnica. “Portanto, existe uma necessidade de tecnologias capazes de registar moléculas individuais na presença de outras moléculas muito mais abundantes e o nano-sensor que desenvolvi é capaz de fazer isso”, justificou sobre a importância da sua descoberta, em declarações citadas pelo jornal O Globo.

A cientista brasileira, membro do Instituto de Microeletrónica de Madrid há seis anos, descreveu o seu sensor para o jornal O Globo. É parecido com um “trampolim muito pequenininho” com anticorpos na superfície. O sensor “captura” a partícula diferente quando fica em contacto com uma amostra de sangue de uma pessoa com cancro e acaba por ficar mais pesado. A taxa de erro, segundo Kosaka, é de 2 a cada 10 mil casos.

“Estou muito feliz. Amo o que faço. Consegui um resultado que parecia apenas um sonho há quase seis anos. O que me motivou? Conseguir proporcionar uma melhor qualidade de vida para as pessoas. Quero que o diagnóstico precoce do cancro seja uma realidade em alguns anos”, revelou Priscila.

“Poder fazer um diagnóstico precoce por meio de métodos menos invasivos é um avanço importante. Os métodos que temos hoje são muito rudimentares, são muito arcaicos. É um exame físico melhorado em relação ao que se via antes, o paciente continua a fazer uma porção de testes, de exames de imagem,” comentou Gustavo Fernandes, um oncologista brasileiro.

A cientista sublinha, contudo, que se trata ainda apenas de um protótipo e que necessita de passar por fases de teste. Além disso, Priscila Kosaka diz que precisa de financiamento, para tornar o equipamento o mais acessível possível. Futuros desenvolvimentos podem fazer com que este nano-sensor seja usado para identificar a que tipo específico pertence uma amostra cancerígena. Estima-se que possa também ser usado no combate à hepatite e ao Alzheimer. Prevê-se que esteja disponível no mercado dentro de dez anos.

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) estimam 21,4 milhões de novos casos de cancro em 2030, com 13,2milhões de mortes.

* Os druidas da ciência não têm poção mágica mas hão-de lá chegar.


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